quinta-feira, 5 de março de 2015

TIBAU DAS SERENATAS E DO " FORÓ MUSIC" - POR TOMISLAV R. FEMINICK


No início de 1967, o prefeito de Mossoró, Raimundo Soares, inaugurou o serviço de luz elétrica da praia do Tibau, obra da COMEMSA - Cia. Melhoramentos de Mossoró S/A, realizada com recursos do Ministério de Minas e Energia. Varias casas foram interligadas ao sistema, as ruas foram iluminadas com lâmpadas de alta voltagem e a orla marítima com lâmpadas de vapor de mercúrio. A usina de força instalada contava com dois grupos geradores, com potência total de 100 HP e todo o sistema de distribuição (postes, fiação, transformadores e disjuntores) foi projetado para, no futuro, receber a energia da CHESF - Cia. Hidro Elétrica de São Francisco. Esse foi o começo da grande transformação por que passaria a bela praia potiguar. O Município de Tibau está localizado na extremidade setentrional do Rio Grande do Norte e é o ponto extremo do noroeste do Estado, fazendo fronteira com o Ceará. Sua temperatura média gera em torno de 27 graus centígrados e tem uma população fixa de aproximadamente 4.000 habitantes. Segundo os historiadores Luís da Câmara Cascudo e Theodoro Sampaio, Tibau é nome de origem tupi (ti+paú ou ti+paum) e significa lugar entre duas águas; no caso os rios Jaguaribe e Mossoró. A primeira referência histórica ao lugar data da época da invasão holandesa. Em 1641, quando Gedion Morris Jonge (Gedeão Morritz ou Gideon Morris de Jorge), o então comandante das tropas holandesas no Ceará, descobriu as salinas naturais localizadas nos estuários dos rios Jaguaribe e Mossoró, chamou a região de “Morro Vermelho”, talvez pela coloração das terras do local. Em julho de 1708 a coroa portuguesa deu uma sesmaria a Gonçalo da Costa Faleiro, que ia “do morro de Tibau até por três léguas terra adentro”. A povoação de Tibau voltou a aparecer em relatos históricos em 1888, quando a Câmara de Aracati “mandou medir terrenos à margem esquerda do Mossoró” e tentou estender os limites de seu Município, absorvendo terras das localidades de Tibau e Grossos. Seis anos depois, o Estado do Ceará impetrou ação no Supremo Tribunal, alegando “conflito de jurisdição”, que depois se transformou em “ação de limites”. Mesmo com a situação sub judice, isto é, em trâmite judicial, em 1901, o governo cearense aprovou Lei elevando Grossos à condição de Vila. O governador norte-rio-grandense reagiu e os dois Estados mandaram tropas para o local. Entretanto, não houve conflito armado. UM BELO CARTÃO POSTAL Tibau sempre foi um belo cartão postal, desde quando o lugar pertencia ao município de Mossoró, quando passou a integrar os municípios de Areia Branca e depois Grossos e agora, com autonomia política e administrativa. O antigo povoado de pescadores e de aventureiros do veraneio situava-se entre um círculo de dunas que tinham cores variadas, repetidas em múltiplos tons e beleza, até perder-se no som selvagem das folhas de centenas de coqueiros que cresciam além do litoral. A luz tropical ainda hoje cai em tom forte como se filtrada por poderosas lentes. Porém à tardinha o calor se amortece pelo soprar do vento “nordeste”, brisa que o atlântico empresta de seus alísios longínquos e brandos. Por essa beleza toda, por essa aparição sempre continuada e renovada de luz, cor e som é que a praia se consagrou como uma paixão dos seus frequentadores. Até os anos 1950 e início dos anos 1960, Tibau era um lugar bucólico, com vida pacata e ligada à natureza. Suas dunas, seus morros de areias multicoloridas, suas famosas fontes de água naturais (os afamados “pingas”), sua paisagem tipicamente tropical, tudo isso fazia com que fosse a praia escolhida pelos mossoroenses para os seus fins de semana e temporadas de meio e fim de ano. Sombra e água fresca eram o que não faltavam. As casas, mesmos as mais ricas, eram de taipa, sem estilo arquitetônico definido e tinham apenas de bom a comodidade, a falta de pretensão e o cultivo de um ambiente propício para o lazer absoluto. Isso tudo e mais um fundo musical que era regido e orquestrado pelo vento e o marulhar das ondas, onde navegaram as jangadas feitas com o autêntico pau-de-jangada (Apeiba tibourbou). Nas noites sem lua, os jovens se reunião no “morrinho” em frente da casa do “velho Lauro” (o jornalista Lauro da Escóssia) para cantar, tocar violão e namorar. Quando havia luar era a vez das serenatas, dos bailes nas casas das famílias ricas e das danças no “forró de Pedro Cem”. E havia a peixada de Belisa, com um sabor que somente ela sabia preparar. Tudo isso fazia que se sentisse a presença do dedo de Deus na feitura desse lugar que era único. E AI VEIO O PROGRESSO O cenário mudou em escala crescente com a chegada do progresso. Nos meses de veraneio apareceram os primeiros biquínis, inaugurando um tempo de espanto para os mais conservadores. Jovens cabeludos apagaram o hábito antigo das serenatas, substituindo-o pelo som de guitarra de rock. Atualmente é a vez do axé, da música sertaneja, do baião e do xaxado, estes últimos nas versões brega e music (seja lá o que isso for) e dos paredões de som. Depois da luz elétrica veio o asfaltamento da estrada Mossoró-Aracati e do ramal que se bifurcava em direção da cidade de Grossos e depois da própria vila. As casas dos veranistas passaram a ser construídas de tijolos (e algumas até com pisos de mármores) e erguidas sobre os morros e as rochas; algumas até fora da orla marítima, que deixou de ser exclusiva. De tanto crescer, a cidade invadiu terras do Estado do Ceará, implantando um distrito do Município de Icapuí, a ela geminado. De repente tudo se valorizou; terrenos, mão de obra e até o peixe aumentaram de preço. E, grande paradoxo, hoje, na alta temporada, nas ruas estritas já é comum haver engarrafamento de veículos. O sossego, a quietude, o repouso deram lugar ao agito, ao “stress do veraneio”. A MORTE DOS MORROS DE AREIAS COLORIDAS A paisagem dos morros de Tibau, pelos seus variados aspectos e beleza, lembrava cenas de um mundo perdido. Dunas de um vermelho vivo, montes de um marrom brilhoso, outras partes de uma areia preta espelhada e de outras cores. Milhares de fotografias enchiam álbuns de turistas com a beleza das pequenas montanhas, dos canyons e morros de areia coloridas. O souvenir principalmente dos turistas eram as garrafas de areia com desenhos de cores variadas e com motivações diversas; areias dos morros de Tibau. Porém havia um outro lado da história: os morros da vila valiam muito dinheiro como especulação imobiliária e, também, havia quem dizia, como material estratégico de alto preço. As areias dos morros nada mais seriam do que uma mina de areia monazítica a céu aberto, contendo uma mistura de minerais pesados (alguns atômicos) como fosfato de cério, lantânio, praseodímio, neodímio, óxido de tório, granada, ilmenita, titânio, a própria monazita e significativa quantidade de urânio. São esses minerais que lhe dão esse colorido variado. Foi por seu valor que as terras dos morros de Tibau foram separadas e demarcadas por cercas e marcos divisório, visando estabelecer direito de posse, para futuros loteamentos urbanísticos ou exploração mineral. Os posseiros não eram forasteiros, porém não eram nativos da vila. Posteriormente, os morros foram nivelados e hoje a cidade invadiu toda a área que anteriormente era das dunas e dos canyons coloridos. O PREÇO DA EVOLUÇÃO Nos períodos de férias, quando as pessoas são atraídas pelas belezas remanescentes da praia de Tibau, a população da cidade cresce quase 25 vezes; os quatro mil habitantes se transformam em quase cem mil pessoas. Como polo de atração turístico, a praia recebe esse imenso contingente de população flutuante e, também, os problemas que advêm com esse gigantismo, esse crescimento excepcional. Por mais aparelhada que a cidade esteja, os problemas rompem as barreiras de proteção e marcam presença. A praga nacional das drogas e sua companheira inseparável, a violência, movimentam a vida policial da outrora pacata vila de Tibau. Consumo de drogas, furtos, roubo, assassinatos não são acontecimentos ausentes. No início da atual temporada foram registrados casos de arrombamentos a casas de veranistas. No dia 26 de dezembro passado, um empresário da cidade, após consumir cocaína, atirou em uma menor e em seguida se suicidou. No dia 4 de janeiro, em uma tentativa de assalto, um suspeito foi morto e outro baleado. Quatro dias depois, um corpo não identificado foi encontrado na praia de Manibu, em Icapuí-Ce, Município que faz fronteira com Tibau. Note-se que duas dessas ocorrências aconteceram fora das cercanias da cidade praieira. Todavia a praia de Tibau continua a ser um dos cartões postais por excelência do turismo potiguar. Ainda restou alguma coisa dos morros de areias coloridas, tem a pedra do chapéu, próxima à fronteira do Estado com o Ceará, e as falésias, com abrupta queda para o mar. Ainda dá para se deitar em uma rede e dormir ao som do marulhar das ondas e do embalo do vento que vem lá do alto mar-atlântico.

domingo, 1 de março de 2015

DO QUOTIDIANO EU FAÇO CRÔNICAS – POR EDUARDO GOSSON (*)



JACINTO, UM HOMEM BOM

 Para quem não sabe Jacinto é o meu barbeiro ou melhor dizendo o nosso barbeiro. Ele mora e corta cabelo lá na Rua Juvino Barreto, próximo ao restaurante do SESC, quase no lugar onde viveu o poeta Antonio Pinto de Medeiros. Jacinto tem uma particularidade que o distingue: ele corta os cabelos dos nossos homens de letras e a sua cadeira é mais disputada do que as da Academia Norte –Rio-Grandense de Letras. Na barbearia do seu Jacinto funciona uma pequena biblioteca de autores potiguares, sem burocracia. Vejamos os escritores que ajeitam o seu visual com Jacinto: Deífilo Gurgel (in memoriam). Tem vários livros autografados pelo nosso poeta e folclorista; Moacyr Cirne (in memoriam) foi uma indicação minha. Encontrei-me com o papa do Poema-Processo em plena Avenida Rio Branco e este me disse que gostaria de cortar o cabelo e aparar a barba com um barbeiro tradicional. Foi e gostou. Nunca mais deixou de ir; Eduardo Gosson, Ubiratan Queiroz, irmão da cineasta Jussara Queiroz, entre outros. Mas o que mais chama atenção em seu Jacinto são três elementos: simplicidade, humildade e bondade. Quando vou até lá cortar os poucos cabelos que restam não dá mais vontade de ir embora. Seu Jacinto ao contrário do poema de Luís Carlos Guimarães não é necessariamente funcionário publico, mas tem mulher, filhos (o3) e (05) cinco netos. E também não mora no Edifício Flor das Laranjeiras; seu Jacinto mora em nosso coração! Viva o povo brasileiro! (*)Eduardo Gosson é poeta. Presidiu a União Brasileira de Escritores – UBE (2008-2013)

domingo, 22 de fevereiro de 2015

POEMA PARA THIAGO GOSSON - EDUARDO ANTONIO GOSSON



 Após o retorno antecipado 
 do seu irmão para casa do Pai Celestial,
 veio-me a sensação de estar 
 no deserto e, após atravessar todo o Saara,
vejo que esta travessia
está mais longa do que a do povo judeu
quando partiu em busca de Canaã 
uero que me ajude nessa estrada,
 Agora que tenho a certeza de que sou pai 
 De um filho único - você 
 Por acreditar na Promessa,
 deposito em você um imenso amor de pai/de avô/de amigo. 
Permita-me que eu seja feliz com você ao meu lado.

 (Eduardo Gosson)

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

A INDONÉSIA EXECUTARÁ MAIS UM BRASILEIRO - POR EDUARDO ANTONIO GOSSON

COMBATE ÀS TREVAS – 40 
Por Eduardo Gosson(*) 

 INDONÉSIA EXECUTARÁ MAIS UM BRASILEIRO 

 “Eu me emocionei quando eu vi essa mensagem. Minhas lágrimas caindo de tristeza. Descanse em paz meu pai que eu tanto amo." Hulimase Maria Rodrigues Gosson, filha de Fausto Gosson, 09 anos de idade, em 10.02.2015, ao ler o poema FAUSTO - II

>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>


 A Indonésia tem mostrado ao mundo a seriedade de suas leis penais. Traficante lá vai para debaixo do chão. Aqui, ao abordar o problema na coluna que mantenho na INTERNET com o título COMBATE ÀS TREVAS, colecionei muitos desafetos. Veja o que pensam alguns intelectuais “progressistas”, defensores dos direitos humanos. Para o potiguar Marcos Silva, professor da USP, em comentário no Facebook: “ Compreendo e respeito sua dor de pai. Sou totalmente contra o lema sobre lugar de traficante é debaixo do chão, que é fora da lei em qualquer governo de qualquer partido sob a constituição em vigor no Brasil. Tráfico é crime, lugar de traficante é na prisão. Traficante é fora da lei. Quem mata traficante é fora da lei. Sem lei, é barbárie, nazismo e guetos. O ensino de Direito foi inaugurado no Brasil, em Olinda e São Paulo, ainda que tardiamente, em 1827” Ora, o sistema penitenciário brasileiro não garante que nós, cidadãos, estejamos seguros. O traficante que matou meu filho de overdose do pó da morte (cocaína) subornou um agente penitenciário para facilitar a entrada de um celular. De dentro da prisão, comandava os seus negócios até ser morto faz uns quinze dias por outro rival. Fernandinho beira-mar a cada seis meses é transferido de um estado para outro porque não temos prisões seguras. O custo é alto uma vez que é mobilizado agentes, combustível, entre outras medidas. Não advogo o cidadão sair matando por aí. Essa missão cabe ao Estado, após o devido processo legal. O que foi executado no começo do ano - Marco Archer- teve 10 anos para se defender. Todas as garantias constitucionais foram-lhe asseguradas Autoridades da Indonésia informaram que oito condenados à morte por tráfico de drogas, dentre eles o brasileiro Rodrigo Gularte, serão transferidos para uma prisão numa ilha, onde serão executados, apesar dos apelos internacionais. Dentre os condenados estão também os australianos Andrew Chan e Myuran Sukumaran, além de homens da Indonésia, França, Gana e Nigéria e de uma mulher filipina. Segundo o governo indonésio, todos já esgotaram as opções legais e serão levados de suas celas na ilha de Bali para a prisão insular de Nusa Kambangan, ainda nesta semana. A data das execuções não foi anunciada. Os condenados serão executados por pelotões de fuzilamento e serão alvejados em pares. Especialistas em direitos humanos expressaram suas preocupações em relatórios que indicam que o julgamento de alguns dos réus não atendeu padrões internacionais de imparcialidade. A Autoridades da Indonésia informaram que oito condenados à morte por tráfico de drogas, dentre eles o brasileiros Rodrigo Gularte, serão transferidos para uma prisão numa ilha, onde serão executados, apesar dos apelos internacionais. Dentre os condenados estão também os australianos Andrew Chan e Myuran Sukumaran, além de homens da Indonésia, França, Gana e Nigéria e de uma mulher filipina. Segundo o governo indonésio, todos já esgotaram as opções legais e serão levados de suas celas na ilha de Bali para a prisão insular de Nusa Kambangan, ainda nesta semana.Governo do Brasil pede que brasileiro condenado à morte na Indonésia seja hospitalizado A data das execuções não foi anunciada. Os condenados serão executados por pelotões de fuzilamento e serão alvejados em pares. Especialistas em direitos humanos expressaram suas preocupações em relatórios que indicam que o julgamento de alguns dos réus não atendeu padrões internacionais de imparcialidade.


. (*) Escritor, presidiu a UBE-RN de 2008-2013

domingo, 15 de fevereiro de 2015

COMBATE ÀS TREVAS - 37 - POR EDUARDO GOSSON.







COMBATE ÀS TREVAS - 37 
Por Eduardo Gosson 

 Veja a que ponto chegou a degradação e inversão de valores na sociedade brasileira. Pinçando o noticiário, o amigo e confrade RUBENS AZEVEDO encontrou esta notícia e nos enviou.
 Essa semana, soube da morte do traficante que matou o meu filho FAUSTO. Foi assassinado na cadeia por traficante rival. Já vai tarde, bandido! Um verme a menos a propagar o Mal. Durante muitos anos acreditei que eram vítimas do sistema. Hoje, não! Como tudo está em perpétua mudança nos ensina a dialética marxista, precisamos rever alguns conceitos. 
Ser traficante é uma questão de livre arbítrio. 
 HOMENAGEM A TRAFICANTE “O traficante MARCO ARCHER conhecia a lei da Indonésia onde viveu por 15 anos, em Bali, traficando para turistas estrangeiros. É incompreensível a homenagem que pretendem prestar-lhe. O traficante, que segundo o prefeito carioca contribuiu muito para o progresso da humanidade (*) e que, segundo a presidente, foi um exemplo de civilidade e respeito (*), nunca foi pai de família e era viciado (como o irmão que morreu de overdose). Além de viciado, traficante. Grande exemplo para os brasileiros! Dentro de tais critérios, que tal estátuas, de corpo inteiro, do Fernandinho Beira-mar e do Marcola, um na Cinelândia e outro no Viaduto do Chá? E a gente pensava que já tinha visto tudo.... 

 O forte calor dos últimos dias está fazendo mal aos miolos do Prefeito carioca e da Presidente. Marco Archer, executado na Indonésia no dia 17 de janeiro por tráfico de drogas, será homenageado com a inauguração de um busto seu na estação Pavuna da Linha 2 do Metrô carioca. Em 2003 Marco foi pego com 13,4 quilos de cocaína escondidos dentro dos tubos de sua asa delta. Ele morou na ilha indonésia de Bali por 15 anos e falava bem a língua bahasa. Marco ainda tentou fugir do flagrante. Mas acabou recapturado 15 dias depois, quando tentava escapar para o Timor Leste. Foi processado, condenado, se disse arrependido. Pediu clemência através de Lula, Dilma, Anistia Internacional e até do papa Francisco, sem sucesso. Agora o traficante será “merecidamente” homenageado pela prefeitura do Rio de Janeiro e ganhará um busto como forma de reconhecimento pois representaria os cidadãos cariocas. O prefeito Eduardo Paes diz que tem apoio da presidente Dilma Rousseff e que esta estará presente na solenidade. Ele disse: “A morte de Marco representa a luta não só do povo carioca por um mundo mais justo, mas sim de todo o povo brasileiro, daí a importância de se preservar a imagem dessa pessoa que contribuiu muito para o progresso da humanidade (*). E a presidente também falou: “A homenagem faz parte de uns dos projetos da Pátria Educadora. É preciso mostrar para o povo brasileiro o quão é atrasada a pena de morte em qualquer lugar que seja. Marco era pai de família e devemos estar sensibilizados por ela. Espero que quando as pessoas virem o busto de Marco olhem e lembrem o exemplo de civilidade e respeito que ele quis nos transmitir” (*). (*) Quantos jovens ele ajudou a viciar e, óbvio, a morrer, é irrelevante??? Fim dos tempos, meeeesmo! A Nação está apodrecendo (ou já apodreceu?)! Por que será que um traficante será homenageado por 2 das maiores autoridades do País? Será que, para quem foi eleito para governar este País e o Rio de Janeiro, traficante é companheiro importante?”.

 --------------------------------------------------------------------------------DIGA NÃO ÀS DROGAS! LUGAR DE TRAFICANTE É DEBAIXO DO CHÃO

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

CASA VAZIA (PARA CARLOS COSTA FILHO) - POR EDUARDO GOSSON



 Com o início de sua aula em tempo integral, uma sensação de vazio invadiu o apartamento, ocupou sua cama e estou sentindo a falta de sua presença adolescente, rebelde...Na hora do almoço, mudava o canal da TV para assistir ao seu programa de esportes favorito. Você conhece muitas coisas sobre esportes porque procura na internet e, algumas vezes, me surpreende com perguntas que não sei responder-lhe. Eu, porém, acumulei sabedorias da vida e conhecimentos adquiridos em livros que estudei! Na minha época de adolescente de 17 anos não existia internet, televisão de LED, celular ou qualquer outra tecnologia. Lia-se tudo em livros nas Bibliotecas Pública do Estado ou na do SESC da Rua Henrique Martins, as quais frequentava com frequência. Na do SESC, onde almoçava e jantava, a usava para ler e descansar após o almoço em bandejões, aproveitando para atualizar minhas áreas de interesse: a literatura. Procurava sempre livros de poesias ou crônicas e me surpreendi uma lendo um poema do falecido ator Cláudio Cavalcante, que protagonizou a novela Global IRMÃOS CORAGENS, do início da década de 70, e outras novelas que fez depois. Eu era fã do ator e até deixei o cabelo crescer porque o dele era pouco grande, mas liso; o meu, cacheado, mas passei treze anos sem cortá-los junto com a barba. Recortava fotos de Cláudio Cavalcante em revistas e as colava com cola Polar em livros escolares, na porta do guarda-roupa, que dividia com meu irmão Nilberto Costa. Cláudio Cavalcante era meu ídolo de adolescente, mas não me pergunte a razão que não saberei lhe explicar, só sei que eu era fã dele e pronto, como dizem os adolescentes, sem dar muitas explicações. Agora, ando pelo corredor de nosso apartamento, passo pela pota de seu quarto, olho para dentro e sinto falta de você. Sua cama está sempre arrumada para quando você voltar cansado e extenuado de sua aula. Depois, entro na suíte e olho pela janela, uma grande piscina azul cheia de cloro, com pessoas se divertindo. Muitas vezes, em suas férias, frequentava-a também. Colocava uma toalha no ombro dizia: “pai, vou para a piscina” e ainda tenho a ilusão de que você ainda possa estar nela, conversando com alguma garota de sua idade, mas não o vejo e noto que estou sozinho com minha solidão e sentindo falta de você. É...meu filho, nunca pensei que sentiria falta de suas agressividades momentâneas de um adolescente rebelde sem causas. Mas sinto, sim! Sinto falta de você almoçando na mesa, de você gritando que sou um doido, de você pedindo cinco minutinhos para continuar dormindo, depois de uns 6 meses de aula, ou nos primeiros dias de aula, acordando cedo, sozinho e chamando sua mãe às 6 hs da manhã, para levá-lo à escola, apontando no relógio e dizendo “estou atrasado”. Depois de uns seis meses de aula, as coisas se invertem e passa a ser sua mãe lhe dizendo que está atrasada e você continua dormindo pedindo, cinco minutos para continuar dormindo, passando dos cinco para trinta minutos de dormida, só para irritar sua mãe que fica nervosa e lhe chamando. Agora, com novo local de sua escola em tempo integral, no centro de Manaus, esse prazo para continuar dormindo, ficará impossível! Esse é o último ano de sua formação e não poderá descuidar porque, aos seus 17 anos, terá que decidir por uma profissão para o resto da vida ou mudar depois de ingressar em qualquer na Faculdade. Meu filho, você viverá ou já está vivendo um drama que também passei: que profissão escolher? Na minha época de adolescência, como comecei muito cedo a trabalhar e ter responsabilidade vendendo jornais, ganhei gosto pelo jornalismo. Identifiquei-me e segui a opção tranquilamente. Mas para aliviar seu drama de ter que optar por alguma profissão lhe contarei um segredo: meu pai adotivo, Theomário Pinto da Costa médico por vocação, pediu-me que seguisse a carreira de medicina. Mas o enganei e segui comunicação porque desde meus 14 anos quando escrevia inocentes versos para me tornar popular com as garotas do Grupo Escolar Adalberto Vale e os publicava no jornal interno “O Pirilampo” para vencer minha grande timidez. Depois de ouvir minha explicação maluca que criei na hora, o Dr. Theomário, ele olhou para mim e perguntou: “Mas você não disse que havia feito para Medicina! Como é que passou para Comunicação Social? Eu o apoiarei no que precisar, mesmo assim!” Não precisei porque voltei para a casa de meus pais biológicos e eles ficaram orgulhosos porque fui o primeiro dos 9 irmãos que compunham a família biológica, a cursar uma Faculdade, aos 18 anos. Depois, outros seguiram o caminho, inclusive o Nilberto, que é formado em duas faculdades e o Roberto Costa, que cursou Contabilidade e hoje faz meu Imposto de Renda! Passei a ter horror de sangue desde que meu pai adotivo passou a levar-me para a Faculdade de Medicina onde era professor e me deixava com seus alunos. Por isso, decidi não fazer medicina! Mas meu filho, estou escrevendo isso para dizer que você pode seguir o caminho que quiser, fazer o curso que quiser, porque o importante e que seja feliz e faça tudo com respeito, ética e responsabilidade, em qualquer que seja a profissão que venha a escolher. Mas, não esqueça do exemplo de seu pai - jornalista e assistente social - e de seu avô materno, advogado Francisco Guedes de Queiroz, mas que dedicou a vida à política, sua grande paixão. Faleceu pobre depois de 26 anos de mandato parlamentar e a casa que residira até sua morte em uma cirurgia cardíaca em São Paulo, foi quitada com o seguro habitacional. Siga os exemplos, meu filho e seja feliz. Eu e sua mãe Yara Queiroz, sentimos sua falta, percebemos que o apartamento ficou vazio sem sua presença, mas vai será bom para você., no futuro: suportaremos porque um ano passa rápido demais para nós, que já dobramos o “cabo da boa esperança”; talvez para você, estudando o dia todo, demore uma eternidade! Ah, como você nos faz falta, mas sabemos que amanhã você será feliz com a carreira que escolher livremente. Se for direito ou outra qualquer, o importante é que se dedique e cumpra eticamente suas atividades, porque o mercado exclui os profissionais incompetentes, selecionando apenas os bons. É isso que desejamos para você, filho nosso!. Mas se for para seu bem, seu futuro e sua felicidade, aguentaremos o silêncio em que se tornou nosso apartamento, com seu quarto vazio das 6 horas até as 18:30 horas, quando você volta da aula. Faremos tudo para que você seja feliz, mesmo eu participando pouco de sua vida há pelo menos 9 anos, dos quais pelo menos sete sendo submetidos a cirurgias e ficando até 90 dias dentro de hospitais, internado. Seja feliz, meu filho, mesmo com a casa vazia. Um dia ela ficará cheia de seus colegas da faculdade de novo e isso é o que desejamos para você.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

FAUSTO II - POEMA DE EDUARDO ANTONIO GOSSON.

FAUSTO GOSSON

FAUSTO – II

 Acordar 
 A cada manhã 
 E não te ver, meu filho,
 Dói mais do que o Retrato na parede
 Do poeta Carlos Drummond 

 Acordar 
 A cada manhã
 E não te ver, filho meu, 
 Faz com que os dias 
 Tornem-se lentos 

 Acordar
 A cada manhã 
 E não te ver, filho meu, 
 Faz do tempo 
 Uma ilusão 

 Agora repito as últimas palavras
 Que de te ouvi: 
 “-Eu queria dormi eternamente” 

 (Eduardo Gosson)

domingo, 8 de fevereiro de 2015

O DESAFIO ISLÂMICO - TOMISLAV R. FEMINICK (*)



 
TOMISLAV  R. FEMINICK


 Os árabes são povos semitas, originários da região que hoje chamamos de península arábica, habitando-a desde a segunda metade do II milênio a.C. Embora as inúmeras diferenças que havia de grupos para grupos, tinham como ponto de identificação comum a língua, apesar de existirem vários dialetos. Além dos beduínos, pastores nômades, havia tribos sedentárias, dedicadas à agricultura. Andarilhos por excelência, eles foram muito além de suas terras de origem. Os primeiros registros da presença de árabes na Palestina datam de aproximadamente 1500 a 500 a.C., fato que enseja a teoria de que árabes e hebreus teriam uma origem comum, seriam originários do mesmo tronco étnico e até familiar. Ismael, filho de Abraão, seria o ancestral dos árabes; Isaac, irmão de Ismael, seria o ancestral dos hebreus. A expansão árabe antecedeu Maomé e ao islamismo. Antes da era cristã eles se espalharam pela Mesopotâmia, Síria, Palestina e Egito. No início do século V a.C., o norte da Mesopotâmia já era uma terra árabe. Os espaços geográficos de origem e vida dos árabes sempre foram palco de lutas, guerras, conquistas e colonização, com os vencedores impondo suas respectivas culturas. O oriente próximo sempre foi cenário de longas e prolongadas lutas, desde que se tem registro de sua história. Persas, gregos, macedônios e romanos estenderam suas guerras de conquista até as terras árabes, que não ficaram imunes a essas sucessivas ondas de invasores. Mais recentemente, ingleses e franceses impuseram seu domínio a esse povo. Entretanto, como povo nômade e não arraigado às cidades, conseguiram manter alguns aspectos de sua maneira peculiar de ser, de sua individualidade, sem grandes mutações. A Religião Antes de Maomé (Abulqasim Mohamed ibn Abdala ibn Abd al-Mutalib ibn Hashim – nascido provavelmente em 570, e falecido em Medina, em 8 de junho de 632), na Arábia eram praticadas várias religiões, entre elas o cristianismo bizantino, o judaísmo e seitas politeístas de veneração de deuses tribais. Eram adorados centenas de deuses. Foi então que Maomé teria tido visões do arcanjo Gabriel, nas quais lhe teria sido revelada a “religião verdadeira”, o islamismo ou Islã, cujos crentes são chamados muçulmanos, “os que se submeteram” à vontade divina. Quando Maomé iniciou suas pregações monoteístas encontrou forte resistência, principalmente em Meca, na época já um centro de peregrinação religiosa, pois o santuário da Caaba abrigava os deuses de todas as tribos da península. Forçado a fugir para Medina em 622, dez anos depois Maomé voltou à frente de um exército e ocupou a cidade. Quando ele morreu, em 632, o islamismo já tinha se expandido por toda a península arábica e pelo sul da Síria e os árabes tinham um Estado que começa a se sedimentar política e estruturalmente. Segundo o historiador Fernand Braudel (1989), “as origens imediatas do islã nos põem em presença de um homem, um livro e de uma religião”. E a propagação religiosa e política dos maometanos foi avassaladora. Em poucos séculos cobriu uma área impensável, se medidos o contingente populacional e os recursos de que dispunham inicialmente. Na própria península assumiram o poder nas regiões que hoje formam a Arábia Saudita, Barein, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Kuwait, Omã e Iêmen, bem como outros Estados do Oriente Médio como a Turquia, Chipre, Iraque, Irã, Sudão, Síria, Egito, Líbano, Israel e Jordânia, além da Etiópia e da Eritréia. Mais para o leste, o Paquistão, Afeganistão, Usbequistão, Turquestão, Casaquistão, o Turquestão chinês, Sind, Punjab e Ode, estes três últimos na Índia. No norte da África a Líbia, Tunísia, Argélia e Marrocos. No ocidente da Europa parte da Espanha e de Portugal, a Sicília e a ilha de Malta. Nos Bálcãs e no oriente Europeu, a Grécia, Bulgária, Macedônia, Sérvia, Bósnia e a Hungria. Os mares Mediterrâneo e Vermelho quase se transformaram em mares islâmicos e as costas orientais do Oceano Índico eram seus domínios. No processo de anexação política de outros povos, os árabes cooptaram grande parte das populações conquistadas, fazendo-as assimilar a sua língua, religião e cultura, ao mesmo tempo em que se apropriavam de vários aspectos da cultura local. Dissidências e Rixas Entretanto nunca houve uma unidade religiosa e, muito menos, política. Os sunitas e os xiitas seguem dogmas religiosos divergentes. Para os xiitas a herança islâmica pertence aos descendentes de Ali, marido de Fátima, sobrinho e genro de Maomé. Por outros motivos, os xiitas se dividem em duodécimos, zaiditas e ismaelitas; estes subdivididos em carmatas e fatímidas. Já os sunitas são seguidores de All-Abbas, tio de Maomé, e acreditam que a autoridade espiritual pertence à comunidade como um todo e se subdividem em hanafitas, malequitas, chafeitas e hambanitas. “A igreja xiita, assim, era uma igreja de autoridade, ao contrário da Igreja sunita, que é uma igreja de consenso” (MOUSNIER, 1995). Os sunitas e xiitas têm período de convivência relativamente pacífica, porém o normal é uma acentuada rivalidade que, amiúde, resulta em lutas e guerras fratricidas. Há outras dissidências, tanto sunitas como xiitas, bem como outras divisões do islamismo, entre elas, os zeiitas, hanafitas, malequitas, chafeitas, bahais, drusos e hambaditas. Do ponto de vista político as lutas entre as várias facções sempre foi uma marca no mundo árabe. O segundo e o terceiro sucessores de Maomé foram assassinados durante os seus governos, quando a sede do califado ainda era em Medina. Califados diferentes pertenciam a dinastias diversas e tinhas sedes em cidades diferentes. No califado de Damasco, estava a dinastia omíada; no de Bagdá, a dinastia abássida; em Córdoba, a dinastia omiada de Al-Andalus. Mais tarde, no Egito os mamelucos e na Turquia os otomanos. Rebeliões, revoltas, lutas e guerras fazem a história do mundo do Islã, com resultados de anexação e separação de territórios conquistados. A expansão O norte da África (Argélia, Líbia, Mauritânia, Marrocos e Tunísia) foi conquistado pelos maometanos entre os anos de 647 e 700, abrindo rotas que ligavam as costas norte e leste ao interior e sul da África. Antes dos árabes, no norte estavam os egípcios, os berberes e os tuaregues, esses últimos formados por berberes nômades; no centro-sul, mais de 800 etnias negras. Os berberes conheciam os caminhos do deserto do Saara e por eles mantinham contatos comerciais com os povos negros. Foi por meio dos berberes que o islã alcançou alguns reinos negros. Já no século VII os árabes ocupavam ou manobravam áreas estratégicas no orientes do continente negro. Enquanto Dongola estava no primeiro caso, isto é, foi ocupada pelos árabes, os dirigentes Núbios firmaram tratados que permitiam a presença muçulmana em suas terras, resultando no surgimento de uma série de feitorias árabes entre os territórios da atual Somália e de Moçambique, o que facilitou a presença de pregadores e comerciantes islâmicos em Madagascar, desde o século IX. Referindo-se à dilatação geográfica do poderio islâmico na África Oriental, Denise Palmer (1977) diz que “os árabes encontraram a sua principal fonte de enriquecimento na venda de escravos que os chefes negros do interior, com quem tinham relações, capturavam por meio de razias”. Foi nos anos de 710 e 713 que os árabes tomaram posse de grande parte da península ibérica, onde permaneceram por aproximadamente sete séculos. Nos primeiros trezentos anos era apenas a província de Andaluz, a partir do século X a sede de um califado, com capital em Córdoba e depois em Medinat-al-Zahra. Uma das características da ocupação moura na península ibérica foi a convivência relativamente pacífica das populações islamitas, católicas e judias, nas regiões ocupadas; fato que não impedia as frequentes lutas entre os reis católicos e os “invasores hereges”, com intervalos de paz e até de alianças conjunturais. A expulsão dos mulçumanos da Espanha e Portugal foi concluída em 1492, com a recuperação do reino de Granada. Hoje é comum se referir como árabes não os seus descendentes genéticos, mas sim todos os povos que adotam a língua árabe ou o islamismo como religião oficial ou predominante, em uma vasta área do planeta, que vai da Mauritânia, na costa atlântica da África, ao sudoeste do Irã, abrangendo o norte da África, o Egito, o Sudão, a península arábica, a Síria e o Iraque. Note-se que muitos desses países não adotaram a língua árabe. A identidade religiosa dos povos árabes ou arabizados é tão forte que hoje eles são, indistintamente, conhecidos como islamita, maometano, muçulmano ou sarraceno. A Jihad O Jihad (ou Jiade) é um dos fundamentos do islã. Significa empenho na buscar e conquista da fé perfeita. Tem dois significados religiosos: a) melhoria do individuo sob as leis do islamismo b) melhoria da humanidade, pelo esforço que os muçulmanos para levar a religião islâmica para um maior número de pessoas. O Jihad pode ser alcançado pelo coração, purificando-se espiritualmente na luta contra o diabo; pela língua e pelas mãos, difundindo palavras e comportamentos que defendam o que é bom e corrijam o errado; ou pela espada, praticando a guerra física. Há interpretações de que no O Alcorão – o livro sagrado do islamismo – existam mais de uma centena de “revelações” de caráter militar ou de guerra. No passado recente, o termo Jihad tomou uma conotação de “guerra santa” desde quando o Aiatolá Khomeini assumiu o controle do Irã, depois de liderar uma revolução contra as ideias e modo de vida do ocidente. De lá para cá outros movimento fundamentalistas têm acentuado esse aspecto: Jihad Islâmica da Palestina, Al-Qaeda (de Osama bin Laden), Taliban, Jihad Islâmica Egípcia, Irmandade Muçulmana etc., e mais recentemente o Estado Islâmico e Boko Haram. Milhares de pessoas já morreram ou mataram em nome de Alá no massacre nas Olimpíadas de Munique, no ataque as torres gêmeas de New York, nos levantes da primavera árabe, nos ataques no metrô de Madri, na Nigéria, no Afeganistão, no Paquistão no Iraque, na Síria e tantos outros lugares e ocasiões. Em muitas desses atentados os alvos preferenciais era cristãos, como denunciou o Papa Francisco durante sua mensagem de Natal, em dezembro passado. Será que tudo isso era desejo do Profeta? _______

 Parte desta matéria foi extraída do livro de autoria do professor Tomislav R. Femenick “Os Escravos: da escravidão antiga à escravidão moderna” (São Paulo: Editora CenaUn, 2003).

(*) Historiador membro da diretoria do IHGRN 

sábado, 7 de fevereiro de 2015

DE PIRATAS, DE PRINCESAS E DE CANTORAS GOSPEAL - POR EDUARDO GOSSON (*)


EDUARDO GOSSON


 Quando pensávamos que a Monarquia estava extinta no Brasil, eis que encontro na Av. Xavier da Silveira, em Morro Branco, Natal-RN, indícios destes tempos bons que, no Brasil, durou cinquenta anos e foi responsável pela estabilidade política, permitindo a nossa consolidação como Nação. Os piratas que aportaram no RN eram franceses - Jacques Riffoles e suas embarcações que descansavam no Rio Potengi. Hoje, como vizinho, tenho João Maria Pirata que tem apenas um olho. O outro , João Maria Pirata perdeu numa luta com traficantes de cocaína. Traficou dos 13 aos 45 anos. Pertenceu ao grupo de Fernandinho Beira-mar, até que foi tocado pela mão do Espírito Santo. Hoje, João Maria Pirata é o irmão João - servo de Deus. E para não perder o reinado ele cria uma cachorra de nome Princesa. Desde o dia que chegou na vizinhança, late 24 horas sem parar. Para completar temos uma cantora gospeal, esposa do irmão João, que à meia-noite faz o seu show particular, convidando-nos para os braços de JESUS. Promete-nos a Salvação. Decida-se porque JESUS está voltando para pegar a sua igreja. 

 (*) Poeta, presidiu a UBE-RN de 2008-2013

sábado, 31 de janeiro de 2015

CARTA AOS MEUS AMIGOS‏ - EDUARDO GOSSON




CARTA AOS MEUS AMIGOS‏ 

Ações eduardo antonio gosson 16:22 Manter esta mensagem na parte superior de sua caixa de entrada Para: AGUEDAZERONCIO, ALBANISA, ALEXANDRE ABRANTES, ALEXANDRE ATMARAMA, ALEXANDRO GURGEL, ALUIZIOMATIAS, AMAURY MOURA, ANA AMELIA, ANA ANGELICA, ANA ARAUJO, ANA MARIA COCENTINO, ANCHIETAFERNANDES, ANDRE VALERIO SALES, ANGELICA VITALINO, ANGELO MARIO DE AZEVEDO DANTAS, ANISIO MARINHO NETO, ANNA MARIA CASCUDO BARRETO, ANNE CAROLINE, ANTONIO RODRIGUES NETO, ARACELI SOBREIRA BENEVIDES, ARIMA, ARLINDO DE MELO FREIRE, ARMANDO HOLANDA, ARNALDO AFONSO, BENE CHAVES, BETANIA RAMALHO, CAIO ALENCAR, CAIO CESAR MUNIZ, CAIO FLAVIO FERNANDES DE OLIVEIRAES, CAMPELO, CARLOS ADEL TEIXEIRA DE SOUZA, CARLOS HENRIQUE DIAS FIALHO, CARLOS MORAIS DOS SANTOS, CARLOS NEWTON DE SOUZA PINTO, carlos_bezerra47, CARLOSGOMES, CEFAS CARVALHO, CICERO MACEDO, CICERO MACEDO, CID AUGUSTO DA ESCÓSSIA ROSADO, CINTHIA LOPES, CIRO, CLAUDER ARCANJO, CLAUDIA MAGALHAES DE OLIVEIRA, CLAUDIA SANTA ROSA, CLAUDIONOR BARROSO BARBALHO, CLOTILDE SANTA CRUZ TAVARES, CONCEIÇAO FLORES, CONCEIÇÃO MACIEL, CRISPINIANO NETO, CULTURA, DALIAANA CASCUDO ROBERTI LEITE, DAVID LEITE, denisepoetica, DIOGENES DA CUNHA, DIULINDA GARCIA, EDUARDO ANTONIO GOSSON, eduardogosson@tjrn.jus.br, EIDER FURTADO DE MENDONÇA E MENEZES, ELINEÍ ARAUJO DE ALMEIDA, EMMANUEL, ESPEDITO MOREIRA DE MELLO, ESTER DE MORAIS FERREIRA, EVERALDO BOTELHO, FATIMA BEZERRA, FELIX CONTRERAS, FLAUZINEIDE MOURA, FRANCISCO ALVES DA COSTA SOBRINHO, FRANCISCO MARTINS, FRANCISCO RODRIGUES DA COSTA, GEORGE ANTONIO DE OLIVEIRA VERAS, GEORGE LUIZ ROCHA DA CAMARA, Geralda Efigenia, GERALDA EFIGENIA, GERALDO JUNIOR, GERALDO RIBEIRO TAVARES, GIANINE CUNHA COSTA, GILMARA DAMASCENO, GILVANIA MACHADO, GONZAGA CORTEZ, GUTENBERG MEDEIROS COSTA, GUTO GIOVANI DE OLIVEIRA CASTRO, HORACIO DE PAIVA OLIVEIRA, IVAN JUNIOR, IVONCISIO MEIRA DE MEDEIROS, JANIA MARIA SOUZA DA SILVA, JARBAS MARTINS, JOAO BATISTA DE MORAIS NETO, JOSE ADALBERTO TARGINO ARAUJO, JOSE CORREIA TORRES NETO, JOSE DA LUZ COSTA, JOSE DE CASTRO, JOSE FERREIRA DA ROCHA, KACIANNI DE SOUSA FERREIRA, LIACIR LUCENA, LISBETH LIMA DE OLIVEIRA, LIVIO ALVES ARAUJO DE OLIVEIRA, LUCIA HELENA PEREIRA, LUDOVICUS, MAGNUS REGIUS FERREIRA DE ANDRADE, MANOEL MARQUES DA SILVA FILHO, MANOEL PITA, MARCOS CAVALCANTI, MARCOS GUERRA, MARCUS CESAR, MARIA ARISNETE, MARIA AUZERINA DE FREITAS, MARIA DA SALETE PIMENTA, MARIA RIZOLETE FERNANDES, MARIA VENERANDA DE ARAUJO, MARIA VILMACI VIANA DOS SANTOS, MARIZE CASTRO, MAURICIO GARCIA, MDOPERPÉTUO CASTRO, MERY MEDEIROS DA SILVA, MIGUEL JOSINO NETO, MIRANDA SA, MOISES CAMARA, NAIDE GOUVEIA, NAPOLEÃO DE PAIVA SOUSA, NELSON PATRIOTA, ODETE FERREIRA ALVES, ORMUZ SIMONETTI, PABLO CAPISTRANO, PAULO DE MACEDOCALDASNETO, PAULO JORGE DUMARESQ, PAULO PEREIRA DOS SANTOS, PEDRO LINS, PEDRO LINS NETO, PUBLIO OTAVIO JOSE DE SOUSA, RICARDO GOSSON, RINALDO BARROS, ROBERTO COCENTINO, ROBERTO DA SILVA, ROBERTO LIMA DE SOUZA, ROSA RAMOS REGIS DA SILVA, ROSIVALDO TOSCANO, RUBENS AZEVEDO, SEBASTIAO LEITE, SEEC GABINETE, SELMA CALASANS RODRIGUES, SEVERINO VICENTE, SILVINO DOS SANTOS, SILVIOCALDAS, SONIA OTHON, SUELY MENESES, SYLVIA DANTAS, TÁCITO COSTA, TARCISIO GURGEL, TETE BEZERRA, THIAGO GONZAGA, Tomislav Femenick, TOMISLAV RODRIGUES FEMENICK, TV-ASSEMBLEIA, UIRANDYALENCAR, VALDENIDES DIAS, VALERIO MESQUITA, VILMA DA SILVA, VIRGÍLIO FERNANDES, WALTER CID, WODEN MADRUGA, ZE MARTINS CARTA AOS MEUS AMIGOS Meus Amigos: “Sou um homem de combate e paixão: não recuo com facilidade.”(Eduardo Gosson) Tenho enfrentado desde o meu rebaixamento funcional e salarial no Tribunal de Justiça, na administração passada, o inferno econômico que é igual ou pior ao Inferno bíblico. Ao final de cada mês sou obrigado a sortear a quem vou pagar; o resto, ah! Que espere... Lênin já dizia que “A prática é o critério da verdade”. Não adianta dizer e não fazer. E o mundo está cheio de Manelões, conforme bem disse o poeta José Bezerra Gomes. À propósito, cada vez mais o real sem nenhuma ilusão. Dizia um tio-avô que veio do Líbano para o Brasil: “meu sobrinho, essa vida sem ilusão é uma merda”. Sexta-feira passada, dia 30 de janeiro de 2015 mais uma decepção: mediante requerimento da minha situação, endereçado à Diretora Geral do INSTITUTO MARIA AUXILIADORA – IRMÃ MARIA ELIZABET VIEIRA DA COSTA, solicitei uma bolsa de estudo para a minha neta Rebeca que lá estuda há quatro anos + o parcelamento do débito relativo a quatro meses do ano passado, desviados para comprar os remédios para o Mal de Parkinson uma vez que no governo da doutora Rosalba Ciarline faltava constantemente. Ela médica, a saúde um caos. A resposta foi NÃO e não aceitaram a minha proposta de parcelamento em 10 vezes da dívida que hoje gira em torno de R$ 3.000,00. Nesta segunda-feira irei buscar a documentação escolar para procurar outro colégio, agora preferencialmente laico; de hipócritas religiosos estou cheio. Travestidos de cristãos, na verdade amam o dinheiro. Só acredito em Cristianismo de solidariedade. Se não amar o seu próximo não há SALVAÇÃO. A minha igreja com certeza não é essa que está em Roma. A minha igreja é a de Jesus Cristo, que na pratica teve um Dom Helder Câmara, um Dom Pedro Casaldaliga que deixou a sua Espanha e veio para o Araguia, na região Norte do País, organizar índios e posseiros contra um Capitalismo desumano e sem rosto. Após a sua aposentadoria, manifestou o desejo de continuar morando a terra que ele escolheu para viver, amar e servir. A nossa Madre Igreja tentou retirá-lo de lá. Recuaram diante da sua força moral, pois Dom Pedro é hoje um velhinho frágil e doente de Mal de Parkinson; porém homem de muita coragem pois reveste-se da Armadura de Deus e está impregnado do Espírito Santo além de ser um grande poeta. Com a Paz do Senhor, despeço-me aguardando dias mais amenos onde viver seja uma aventura. Só resta os santos, os poetas e Jesus Cristo. Todos eles podem ver na escuridão. 
 Um grande abraço Eduardo 

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

NÃO TENHO MEDO DA MORTE! - CARLOS COSTA FILHO


http://carloscostajornalismo.blogspot.com.br/2015/01/nao-tenho-medo-da-morte-para-carlos.html 


 Como as árvores que perdem as folhas para que outras possam nascer e ocupar o lugar daquelas que se foram ao chão e faleceram porque tinham certeza que outra folha ocuparia seu lugar, assim também estou seguindo para deixar minha última folha cair, sem qualquer medo da morte porque essa é a ordem natural da vida: uma coisa precisa morrer para outra nascer e ocupar seu lugar. Já plantei minha semente. Espero, desejo e tenho fé que produzirá bons frutos. Mas ainda é só um adolescente de 17 anos. Fomos juntos, a decisão do jogo Flamengo X São Paulo, no último dia 25/01/2015, na Arena da Amazônia, levado pela primeira vez pelas mãos do meu filho. Na portaria, fui impedido de entrar com meu depósito de água para tomar remédios. Carlos Filho, mais alto que eu, tirou meu chapéu, chamou a atenção para a falta de meus dois lados do crânio e me defendeu. Entrei com a minha água! Lembrei do poema de Gibran Khalil, falando sobre filhos, que disse: “teus filhos não são teus filhos/são filhos e filhas da vida, anelando por si própria/Vem através de ti mas não são de ti/E embora estejam contigo, a ti não pertencem/Podes dar-lhes amor(...)Podes abrigar seus corpos, mas não suas almas (...)Tu és o arco do qual teus filhos, como flechas vivas, são disparados.../Que tua inclinação na mão do arqueiro seja para alegria”. Se não fiz tudo o que diz esse poema, pelo menos estou tentando fazer o que posso, cumprindo meu papel de arqueiro e desejando que meu arco se incline na minha mão de forma correta. Não transfiro minhas ideias ao meu filho, lhe dou liberdade e percebi que já as usa com seu próprio pensamento e toma a decisão que o momento lhe exige. Tive a certeza que poderei partir feliz porque meu filho me dará orgulho no futuro, mesmo que não seja ou esteja presente em sua vida, horando meu nome e de seu avô materno, advogado e político Francisco Guedes de Queiroz, que faleceu pobre mesmo depois de 26 anos seguidos de mandatos parlamentares, como eu também não obtive riquezas materiais; somente intelectuais. Como o arco meio quebrado, lentamente subi as escadas da Arena da Amazônia, segurando o corrimão da escada e vislumbrei sua beleza pela primeira vez. Estava me sentindo como se meu filho fosse meu pai, cuidando de mim com todo o carinho, me abanando no calor e perguntando a todo momento se eu me sentia bem. Caminho rumo à morte, com Deus no coração. Não temo a morte porque serei feliz, mas temo os vivos que matam em nome de um Deus que é de todos, de um Estado que acham que o certo, promovem barbaridades em nome crenças que entendem ser a mais correta. Enfim, temo mais aos vivos do que aos mortos, porque os mortos não fazem mal a ninguém e vivem felizes. Me penitencio em nome da religião católica. A religião católica, em períodos de sua história impôs também métodos de terror: as Cruzadas, a Inquisição e, mais tarde, Os Cavaleiros Templários, perseguindo e convertendo gentios pela cruz e pela espada. Tomo banho ouvindo pela janela do banheiro, o grito dos periquitos em uma árvore. Os ouço bem, mas não entendo o que dizem porque ainda não aprendi a entender a linguagem dos animais, como fazia São Francisco de Assis, que conversava com pássaros e outros animais e se fazia entender e entendia no que lhe diziam. Queria eu, ao menos, entender o que querem os homens de preto que degolam pessoas, protestam e matam, impondo o terror, já que não consigo ser e nunca serei como São Francisco de Assis! Nem isso consigo entender, embora tente encontrar uma lógica se é que existe alguma lógica em quem impõe o terror pela força! A vida, hoje, é uma mera banalidade e uma moeda de troca nas mãos dos fanáticos, sem Deus em seus corações. Pessoas morrem e matam por nada, são individualistas, não pensam no todo, esquecem que ninguém consegue viver isolado em seu próprio mundo e precisa ser gregário, viver em espaços comunitários e respeitar o direito dos outros para ter seus direitos respeitados. Assim é a vida, mas assim não será a morte para quem tem fé e pratica a palavra de Deus! Sou católico, mas não recuso ouvir a palavra de Deus e conhecer os ensinamentos doutrinários da Bíblia! Também convivo bem e aceito todas as religiões; não o radicalismo em nome de qualquer que seja a crença religiosa. Nascer é uma batalha porque para se ganhar a vida, a pessoa, mesmo em forma de esperma, tem que derrotar várias outras vidas para atingir o óvulo, ser fecundado, passar nove meses espremido em uma placenta para, por fim, ganhar a vida. Viver também não é fácil, mas ser feliz o é porque a felicidade sempre esteve ao nosso lado, mas não sabemos como procurá-la porque queremos sempre mais e mais, somos egoístas, queremos tudo só para nós, impondo sem muita criticidade e análise o que achamos ser o certo. Pode até ser certo para nós, mas pode não ser para todos e a vida é coletiva e não individual.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

COMBATE ÀS TREVAS – 36 - POR EDUARDO GOSSON (*_)



EDUARDO GOSSON

 É lamentável vermos o ex-presidente Lula e a presidente Dilma implorando ao Governo da Indonésia para que Marco Acher não fosse fuzilado. Ora, as leis naquele longínquo país são duras e, não tem, a elasticidade das nossas. Toda ação corresponde uma reação, isso a dialética nos ensina. Quando o senhor Marco começou a traficar não pensou nestes aspectos. E o mesmo sabia que o tráfico é crime hediondo e, que, lá não tem o jeitinho brasileiro (leia-se sacanagem brasileira). Lá o jogo é pesado e o negativo é esmagado. Lá não tem “intelectual progressista” para fazer proselitismo midiático em nome dos Direitos Humanos. Faço essas advertências porque me sinto- na obrigação de alertar as pessoas, sobretudo os jovens: em 26.05.2012, portanto há dois anos e cinco meses, perdi um filho com 28 anos de idade – FAUSTO GOSSON para as drogas e que está fazendo uma falta que ninguém poderá suprir. O Brasil precisa urgentemente fazer uma revisão em nossas leis penais. O argumento de que a pena de morte hoje é para pobres é uma falácia. Traficante, estuprador e pedófilo não faz falta a humanidade. Destroem os nossos filhos e filhas e vão embora. Essas ONGs, que defendem os canalhas, deveriam criar um serviço de consolação para os familiares e não conversando besteira. Na Era da INTERNET não existe mais pessoas inocentes. Os tabletes, os netbooks, os notebooks, os AIFONES, os AIPODES, entre outros, rasgaram o Véu da Inocência nos deixando nus.

 (*) é poeta. Presidiu a UBE-RN de 2008-2013

CAUDER ARCANJO CONVIDA PARA OS AUTÓGRAFOS DO SEU LIVRO - UMA GARÇA NO ASFALTO.

CLAUDER ARCANJO

Caros amigos e amigas: Estarei nesta quinta-feira, dia 29 de janeiro de 2015, a partir das 19h, autografando o meu livro de crônicas UMA GARÇA NO ASFALTO (LetraSelvagem), em Natal-RN. O evento dar-se-á na Livraria Nobel, na Avenida Salgado Filho. Espero contar com a presença de vocês. Deste escrevinhador provinciano, 

Clauder Arcanjo



SERVIÇO: DIA 29-01-2015
HORA: A PARTIR DAS 19 HS
LOCAL: LIVRARIA NOBEL DA AV. SALGADO FILHO


APOIO: UBE/RN

domingo, 25 de janeiro de 2015

CARTAS DE COTOVELO 11 (versão 2015) - POR CARLOS TOBERTO DE MIRANDA GOMES.



CARTAS DE COTOVELO 10 (versão 2015) - POR CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES.



Os meus leitores devem ter notado a mudança da minha maneira de ser nos instantes do veraneio, sempre de braços com as coisas boas do cotidiano, refletindo nas minhas Cartas de Cotovelo, que tiveram uma linguagem um tanto amargurada. Peço desculpas. Fiz muito esforço para superar as adversidades neste novo ano e somente no quase seu findar deste janeiro consegui vencer um pessimismo agudo que tolhia a minha alegria de viver, embora com a carga de problemas de saúde que me acompanha já a uns 10 anos. Usando a experiência que a vida me ofereceu nestes quase 76 anos, também me foi dada a possibilidade de melhor avaliar quais as causas mais evidentes capazes de retirar as imunidades existenciais, neste universo pouco solidário e pude constatar, que maior que as dificuldades materiais ou as dores de eventuais perdas de parentes e amigos, aflora como procedimento mais prejudicial à espécie humana a prática da injustiça. Venho de família que sempre cultuou a solidariedade e a compreensão e, a eventualidade de uma injustiça nos atinge de tal forma, que custa caro segurar o desejo de vingança, por conflitar com a essência dos ensinamentos cristãos. Considero que venci, graças a Deus, esse sentimento menor de revide, que de nenhuma maneira engrandece a criatura humana e agora o meu sentir é de apenas um lamento, tal a certeza de que os despóticos terão no correr da vida o retorno daquilo que plantaram sem a grandeza do respeito à dignidade alheia. A música, que é resultado da sabedoria popular, de vez em quando retrata tais situações com alertas: “Eu assisti de camarote o teu fracasso” (Chico Alves “Viola”), ou “Quem vive sempre em grande altura leva sempre a maior queda.” (Noel Rosas). Por tudo isso, tenho a certeza de que as coisas vão mudar, o amanhã será mais promissor, tanto que já tenho novos projetos e readquiri a capacidade de trabalho represada, exceto nas deficiências físicas que a idade impõe e das quais sou consciente. Do tempo que me resta, dado por acréscimo à idade bíblica, terei forças suficientes para sentir a presença do Criador em minhas ações, sem ódio e sem medo e sempre no olhar para o que posso fazer de bom pelo meu semelhante. A cada um, segundo o seu merecimento!

DESPEDIDA - POR DIULINDA GARCIA.

ANNA MARIA CASCUDO BARRETO



 No dia 21 de janeiro do ano em curso, no Lúdovicus-Instituto Luis da Câmara Cascudo- celebrava-se a missa de sétimo dia de Anna Maria Cascudo Barreto. Achavam-se ali, familiares, amigos, confrades e admiradores que, contritos vieram prestar a última demonstração de apreço, dar o seu último testemunho de amizade, repeito e admiração.Não havia pranto, mas a contrição própria das despedidas, sobretudo quando não há perspectivas de volta, troca de mensagens ou telefonemas... Fechara-se um ciclo e começava uma nova jornada, não só para os que teriam de prosseguir, agora sem a presença física da mãe, avó, sogra, amiga e confreira, mas para ela própria, que seguiria a trajetória inevitável dos que são chamados a abandonar a matéria, rumo à eternidade da essência. Concluíra aqui, o que lhe fora confiado, chamada então,"retorna ao pai", como dissera o celebrante em sua eloquência litúrgica. Homenagens, lembranças e recordações, foram pinceladas com vários matizes para compor o retrato de uma mulher determinada, que deixou nas pegadas de sua caminhada terrena, o exemplo de dedicação à família, aos amigos e sobretudo à preservação e divulgação do legado deixado pelo mais ilustre representante da cultura do Rio Grande do Norte, Luis da Câmara Cascudo. Percebia-se naquele fim de tarde iluminado pela luz crepuscular, uma serenidade explícita em cada semblante, como se ali se materializasse a tão sonhada "paz budista, a simplicidade, a aceitação e o lirismo", como escrevera a própria Anna Maria, no artigo intitulado "A IMPORTÂNCIA DO ESSENCIAL"-ANL-Revista N.39/2014. Tudo parecia seguir a trilha dos próprios sonhos de uma mulher, cuja pluralidade a muitos encantou.Viveu como quis em sua multiplicidade, tornando-se em poucos anos uma intelectual ilustre da contemporaneidade potiguar, deixando uma produção literária respeitável, além de admiradores querendo reconhecer o seu saber e quem sabe sabê-lo. Anna Maria aprendera com seu pai e mestre, Luis da Câmara Cascudo, arte de"unir retalhos de uma obra de ricas páginas repletas de ensinamentos". 


Diulinda Garcia* 
*Membro da UBE/RN E DO IHG/RN

sábado, 24 de janeiro de 2015

OS “CABOCLOS DE CARÚBAS” - POR TOMISLAV R. FEMINICK;



TOMISLAV  R. FEMINICK
 O agrupamento de pessoas conhecido como “caboclos de Caraúbas” é formado por descendentes de Francisco de Souza Falcão, tenente-general português que chegou a Caraúbas por volta de 1745, trazendo uma carta de sesmarias (título de propriedade que os reis de Portugal davam aos novos povoadores) que lhe dava direitos sobre as terras da região. Vindo da cidade do Cabo, em Pernambuco, com familiares e alguns agregados ele se instalou às margens do Riacho das Carnaubeiras, um afluente do rio Apodi, onde formou uma fazenda de gado, origem da cidade de Caraúbas. A família Souza Falcão exerceu a liderança política e econômica do lugar, até quando as perdeu para os Fernandes Pimenta. Desde então os seus descendentes passaram a viver nas localidades Pedras, Retiro, Baixa Grande, Defuntos, Cachoeira e, principalmente, Mirandas, vivendo com um mínimo contato com outras pessoas que não os do seu grupo. Hoje esse isolamento está quebrado e os “caboclos” se miscigenaram com os outros moradores da região, subsistindo apenas na tradição de alguns pequenos grupos. Como resultado desse isolamento (enquanto houve) e dos casamentos endogâmicos (entre familiares), alguns deles apresentavam atrofia nas juntas ósseas, membros superiores bem maiores do que o normal, bem como alterações nas articulações das palavras e pouco desenvolvimento cognitivo. Na segunda metade do século passado foram registrados alguns casos mais graves de anomalias físicas, inclusive um de hermafroditismo. POR HERANÇA OU POR TOPONÍMIA? Subsiste um aspecto a ser resolvido. Talvez baseadas no fato de que a palavra “caboclo” designa um individuo nascido da união de índios e brancos, algumas pessoas dizem que os “caboclos de Caraúbas” são descendentes de índios, chegando a identificar na sua linhagem Felipe Camarão, o índio herói nacional da resistência à invasão holandesa. Todavia, os próprios “caboclos de Caraúbas” não se identificam como tal e atribuem essa designação ao fato de seus ancestrais serem provenientes da Cidade do Cabo. Para complicar mais ainda essa problemática, no Município de Caraúbas e nos que ficam em seu entorno há uma grande população autenticamente resultado da miscigenação de índios com brancos, notadamente nos sítio Cachoeira e Apanha-Peixe. PESQUISA ESTÁ ESPERANDO PUBLICAÇÃO As primeiras pesquisas científicas sobre os “caboclos de Caraúbas” foram desenvolvidas em 1967, pelos departamentos de antropologia cultural, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Mossoró, e de sociologia, da Faculdade de Serviço Social de Mossoró, então faculdades isoladas, antes da formação da Universidade Regional do Rio Grande do Norte, a atual Universidade Estadual do Rio Grande do Norte. Na época desses estudos existiam cerca mil pessoas nos agrupamentos dos “caboclos”, que viviam em uma pequena faixa de terra com aproximadamente 100 quilômetros quadrados. Semianalfabetos, não recebiam nem visitas dos políticos nas épocas de campanhas (aos analfabetos não era dado o direito de voto); muito menos recebiam qualquer assistência dos governos. A pesquisa pioneira das faculdades mossoroenses não chegou a ser publicada na época de sua realização. Consta que foi “requisitada” pelas autoridades militares; vivia-se o tempo da ditadura militar. De lá para cá, diversos estudos já foram publicados sobre os “caboclos de Caraúbas”, entre eles os de autoria de Maria Consuelo Oliveira (1994), Raimundo Soares Brito (1999), José Nunes Cabral de Carvalho (1983), Susana Rolim Soares Silva, (2002), Marcos Roberto Fernandes Gurgel (2003), Marcos Roberto Fernandes Gurgel (2003), Roberta Borges de Medeiros Falcão (2005), entre outros. Em 1964, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais chegou a manter uma escola que funcionava de sete da manhã até a noite. Ali eram ministradas aulas para cerca de cinquenta alunos. Na época em que os estudantes e professores coletaram dados sobre a povoação, havia apenas uma pequena escola municipal, com menos de dez crianças matriculadas, pois não existem condições para acomodar um número maior de alunos. Muitas pessoas do grupo jamais tinham visto um médico e, segundo declararam, até então nunca tinham recebido visita de nenhum profissional de saúde pública. Eram comuns casos de mortes causadas por uma simples dor. O mais velho dos caboclos possível de localizar tinha aproximadamente 80 anos, o que era um caso raro entre eles, pois a idade de sobrevivência média foi calculada em torno de trinta anos. De uma maneira geral não havia crime e eles não eram dados a bebidas alcoólicas. O maior número de morte de adultos era por suicídio, geralmente por enforcamento. A atividade econômica era voltada para produção agropastoril, principalmente para o cultivo do milho, feijão e mandioca e criação de caprinos e ovinos. O trabalho era feito com ajuda mútua, no sistema de mutirão. Produziam farinha de mandioca, para o que dispunham de três bolandeiras. Todo o excedente de produção era vendido na feira de Caraúbas, aos sábados, ou em Mossoró; nesse caso via terceiros. CONQUISTAS FUNDIÁRIAS E MELHORIAS Pequenas, feitas de taipa e barro batido, sem espaços para entrada de luz e ventilação, baixas e sem higiene, assim eram as casas em que vivem os caboclos. No entanto, em uma delas foi encontrado um rádio de pilha, como sinal de contato com o progresso. Nessa casa, todas as noites eles se reuniam para ouvir musica e, surpreendentemente, as notícias sobre política. Muito embora já tivessem sido os donos absolutos de toda a sesmaria de Caraúbas, nos anos 1960 eles não eram os proprietários das terras em que viviam. Eram poucos os que possuem títulos de domínio. No governo de Aluízio Alves, as terras dos caboclos foram desapropriadas com o objetivo de doa-las legalmente aos seus moradores, legalizando a situação de posse e domínio. Até 1967, trinta e cinco títulos já tinham sido entregues e mais e cento e cinquenta aguardavam o andamento da burocracia do Estado. Quando do estudo realizado em 1967, o maior problema do núcleo era a falta de água, conseguida apenas em um açude ou em pequenas cacimbas. Às vezes era necessário que se andasse mais de quatro quilômetros, para se conseguir “algumas latas ou barris d’água”. Foram relatados casos de crianças que teriam morrido por falta de água. O esforço para levar água a esse povo se iniciou em 1968. Foi um misto de festa e pavor. Uns corriam para perto e outros se escondiam longe. No entanto todos estavam curiosos e admirados com aquele monstro que se erguia para o ar. Para eles, era algo inexplicável. Essa cena aconteceu em um entardecer de meados de junho daquele ano, na terra dos “caboclos de Caraúbas”, quando ali chegaram dois caminhões, trazendo uma sonda que irá perfurar o chão para resolver um dos seus principais problemas: a falta de água. A perfuratriz tinha sido prometida cinco dias antes por Dix-huit Rosado, então presidente do INDA-Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário, mas ninguém acreditava que ela fosse realmente para valer, pois, “nem era época de eleição”. MÚSICA E DANÇA ATRAÍRAM A ATENÇÃO DE JORGE AMADO O escritor Jorge Amado e a pesquisadora Eneida (Eneida de Villas Boas Costa de Moraes, ou simplesmente Eneida, como assinava seus livros), quando visitaram Mossoró em 1959, foram até Caraúbas conhecer e estudar os caboclos, principalmente o “samba dos caboclos”. Essa música e essa dança teriam se originadas no início do século XX, e serviram para comemorar a colheita, no mês de junho. Jorge e Eneida anotaram que o ritmo e a dança nada tinham com o samba propriamente dito, pois as mulheres arrastam os pés e os homens fazem acrobacias, numa coreografia que faz lembrar as danças ibéricas. Na ocasião do estudo acadêmico, quase que já não mais havia a prática dessa tradição folclórica. Somente três homens e algumas mulheres sabiam dançar o “samba dos caboclos” e apenas um só homem sabe executar a música (em uma sanfona). Hoje há um movimento que tenta recuperar essa manifestação da cultura popular. Em estudo mais recente, a antropóloga Susana Rolim Soares Silva, afirma que: “Na atualidade, pode-se perceber que tal expressão cultural consiste numa mistura de samba com danças juninas e é constituída basicamente por três passos: o Martelo, momento no qual os protagonistas, colocados lado a lado, pisam fortemente no chão; Cigana, quando os pares começam a rodopiar pelo salão, equilibrando-se um parceiro no outro na tentativa de se manterem de pé, e o Maracatu. Os instrumentos musicais que dão o tom da dança são: o triângulo, a sanfona e o pandeiro, entre outros”. A religiosidade dos habitantes do núcleo dos caboclos é um misticismo voltado para uma antiga imagem de São Sebastião, existente na igreja matriz da cidade. Esse “santo” teria sido trazido para Caraúbas em 1750 (ou no final do século), quando foi iniciada a construção da capela que posteriormente foi transformada na igreja que hoje é a matriz da paróquia. Há alguns anos, os habitantes da cidade resolveram comprar uma imagem nova e levar o São Sebastião “velho” para outra capela. Os caboclos não deixaram, inclusive fazendo ameaças. No dia 20 de janeiro de cada ano, elas vão à cidade para acompanhar a procissão do santo “velho”. A imagem nova, mais bonita, nem é olhada. O “santo” é o velho, para esses descendentes dos fundadores de Caraúbas, uma das maiores cidades da zona oeste do Rio Grande do Norte. Na festa de São Sebastião, “a cultura cabocla ganha maior visibilidade, legitimação e diferenciação em relação a outros grupos, sobretudo os caraubenses, embora estejam unidos pela religião, pela fé e pela tradição na família vinda de Portugal” – anda segundo Susana Silva. 

Tribuna do Norte. Natal, 25 jan. 2015

Tomislav R. Femenick – Da diretoria do IHGRN.
 Mestre em economia, com extensão em sociologia e história. 

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

DISCURSO DE ODÚLIO BOTELHO, NA CÂMARA MUNICIPAL DE NATAL, EM HOMENAGEM AO AMÉRICA FUTEBOL CLUBE, EM 16-01- 2015.



ODÚLIO BOTELHO

Em Sexta-feira, 16 de Janeiro de 2015 13:02,
 Odúlio Botelho Medeiros escreveu: 
Confira na íntegra o discurso proferido pelo conselheiro e vice presidente do América, Odúlio Botelho Medeiros, na solenidade comemorativa aos 94 anos do América Futebol Clube, realizada na Câmara Municipal de Natal por proposição do Vereador Hermano Morais, no dia 17 de julho de 2009. Exmo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Natal.

 Quis a benevolência, a amizade e o gesto hermano do Presidente do América, o Des. Federal Dr. José Vasconcelos da Rocha, este eminente homem público e guardião-mor das coisas do nosso Clube, que eu, com todos os créditos que alcançam uma sólida amizade alongada pelo tempo, ousasse de vir a presença desta Casa Legislativa, também distinguida como a Casa do Povo de Natal, para, em nome da gloriosa Instituição do Esporte Potiguar , dirigir aos senhores vereadores uma palavra de agradecimento precisamente nesta memorável Sessão Solene em homenagem aos 94 anos de Fundação do América Futebol Clube, proposta pelo dinâmico vereador HERMANO MORAIS, Conselheiro do América e benfeitor das cores alvirubras. Desnecessário dizer que aceitei a honrosa deferência do Presidente com simplicidade, sim, mas com justo orgulho, tal a magnitude deste festivo evento. Ditas essas palavras preambulares, necessário se torna que se voltem as nossas atenções para uma síntese da trajetória da Instituição ao longo do tempo e do espaço. Enumera o Estatuto do Clube no seu artigo 1 que: “O América Futebol Clube, neste Estatuto chamado AMÉRICA é uma sociedade civil, de duração indeterminada, fundada em 14 de julho de 1915, nesta cidade do Natal, capital do Rio Grande do Note, onde tem sede e foro, com personalidade distinta dos seus associados, os quais não respondem pelas obrigações por ela contraídas”. E o seu parágrafo único disciplina, “O AMÉRICA tem por finalidades: I. desenvolver a educação física e a prática dos desportes em todas as suas modalidades; II. promover reuniões, festas e conclaves de caráter social, recreativo, cultural e cívico; III. sempre que possível, estimular movimentos de caráter educativo(...)” E justamente em atenção a esse estímulo de caráter educativo é que a atual gestão fez criar o seu Departamento Cultural, tendo abrigado em seus salões de festas os lançamentos dos seguintes livros: “CLAMBOM- Um Clube em Defesa da Boa Música”, idealizado pelo decano do jornalismo do Estado Raimundo Ubirajara de Macedo; “TRAÇOS E PERFIS DA OAB/RN - Criação e História, Vitórias e Derrotas”, de autoria do Advogado e Professor Carlos Roberto de Miranda Gomes; “CONSELHO DE PAI” – excelente livro de poesia e de lição de vida do Magistrado do Trabalho, Joaquim Sílvio Caldas, e , mais recentemente, em grande acontecimento sócio-cultural, foi lançado o livro do Prof. e Advogado Eyder Furtado, denominado no “FORUM DA MEMÓRIA”. O América abriga no seu quadro social número ilimitado de sócios, sem distinção de naturalidade, cor, sexo, credo político ou religioso, nos termos do art. 2 do Estatuto. Mas, Senhores Vereadores, minhas senhoras e meus senhores, necessário se torna que se narre um pouco da história do Clube desde o seu nascedouro: foi fundado, como já é do conhecimento de todos os presentes no dia 14 de julho de 1915, na residência do Juiz de Direito Joaquim Homem de Siqueira, localizada na rua Vigário Bartolomeu, na cidade-alta, em Natal. Seu primeiro presidente foi o amazonense FRANCISCO LOPES DE FREITAS. Fato curioso que merece comentário é que as cores iniciais do time de futebol eram azul e o branco e não o vermelho e o branco, cores atuais de suas vestes. Colhe-se das informações transmitidas pelo SITE oficial do América, que a oficialização jurídica precede de um fato curioso: segundo difundida versão, o então Coronel Júlio Canavarro de Negreiros Melo, no dia 3 de junho de 1918, furou a única bola do time, que se prestava para o treino e os jogos da equipe. Em face disso, foi necessária a regularização da entidade, obrigada a registrar no dia 3 de julho, no Primeiro Ofício de Natal, o documento de criação do América, firmado pelo então Presidente Osvaldo da Costa Pereira. Sabe-se que os primeiros atletas do América moravam no bairro da cidade-alta e que o benemérito da época, Aguinaldo Tinôco, também um dos seus fundadores, é quem matinha as despesas decorrentes do futebol, acumulando esse ônus-financeiro com o prazer de ser um bom zagueiro do time e o seu capitão. Como se pode observar, era o “dono do time”. É impossível falar das coisas do América, nesta oportunidade, sem elencar os nomes dos seus fundadores, por uma questão de preito de gratidão. Há duas versões sobre o número exato dos fundadores: uma corrente inclina-se por 25 fundadores. Outra, alarga esse número para 34. Sendo assim, vamos enumerá-los mais amplamente, sendo esses os fundadores: Abel Viana; Agnaldo Câmara; Agnaldo Fernandes de Oliveira; Agnaldo Tinoco; Aníbal Ataliba; Antônio Braga Filho; Antônio da Rocha Silva (Bidó); Antônio Trigueiro; Armando da Cunha Pinheiro; Augusto Servita Pereira de Brito; Arary da Silva Brito; Clodoaldo Bakker; Caetano Soares Ferreira; Carlos d eLaet; Carlos Fernandes Barros; Carlos Homem de Siqueira; Clóvis Fernandes Barros; Clínio Benfica; Francisco Reis Lisboa; Francisco Lopes Teixeira (1 Presidente); Francisco Pereira de Paula; Getúlio Soares Ferreira; José Artur dos Reis Lisboa; José Lopes Teixeira; João Batista Foster Gomes Silva; José Aragão; José Fernandes de Oliveira (Lélio); Lauro Lustosa; Luciano Garcia; Manoel Coelho de Souza Filho; Mário Monterio; Napoleão Soares Ferreira; Oscar Homem de Siqueira e Sidrack Caldas. Consta dos feitos esportivos que o América em títulos nacionais foi Vice-Campeão Brasileiro da Série B, em 1996 e Vice-campeão Brasileiro da Série C em 2005. Nos títulos interestaduais destacam-se: A Taça Norte-Nordeste em 1993 e a Copa Nordeste em 1998. Foi 32 vezes Campeão Estadual; Campeão do Torneio Inicio, várias vezes, torneio que perdurou durante muitos anos. Além desses títulos, obteve as seguintes conquistas ao longo do tempo: Taça Cidade do Natal – 11 vezes; Torneio Imprensa 2 vezes; Torneio RN/PE- (1983); Torneio Coronel Murad; Torneio Quadrangular do Maranhão; Torneio Fantasmas do Norte (1950); Torneio Municipal do Natal; Torneio Quadrangular do Natal; Torneio Qualificatório para a Série C, em 1990 e Torneio Qualificatório para Série B em 1994. Diga-se, por oportuno que o amargo decesso de 2004 para a Série C culminou numa ascensão meteórica, jamais vista no futebol brasileiro, uma vez que o clube, após conseguir o acesso para a Série B no ano de 2005, fez grande campanha em 2006, obtendo o 4 lugar na competição nacional, performance que garantiu o BRASILEIRÃO de 2007. Todas essas conquistas do América tiveram, a seu tempo, as válvulas propulsoras de inúmeros heróis. Fala-se carinhosamente que a exemplo da organização da Igreja, o América também teve os seus cardiais, pessoas abnegadas, progressistas, avançadas para o seu tempo, mas praticantes de uma linha dura quando se tratava de brigar pelos interesses do Clube. Ainda hoje ecoam nas dimensões das hostes americanas a atuação desses cardeais, representadas pelas figuras de Humberto Pignataro (recém-falecido), Humberto Nesi, Rui Barreto e Heriberto Bezerra. Esse quarteto retrata o que há de melhor na paisagem moral e social da cidade. O primeiro – Humberto Pignataro, homem empreendedor da melhor estirpe, legou aos pósteros um livro denominado “MEMÓRIA DE UM EX-PRESIDENTE”, Ed.Sebo Vermelho, Ed. 2006, onde descreve com riqueza de detalhes e inegável detalhamento histórico, não somente os relevantes acontecimentos de sua gestão porém, a bem daverdade, a saga de todos aqueles que contribuiram para o engrandecimento do sodalício, revelando as dores e as alegrias dos que têm ou tiveram a nobre missão de construir o América ao longo desses 94 anos de glórias. Sobre Humberto Pignataro asseverou o jornalista Paulo Macedo, no prefácio do livro já referido: “De mim, credito a Humberto a condução de ser o construtor de coisas boas que implantou e implementou em nossa urbe, como por exemplo, a moderna sede do América Futebol Clube, quando presidente; a aquisição de terrenos, numa belíssima visão futurista, parte desses terrenos, mais tarde vendida, serviu para pagar dívidas inadiáveis do Clube, bem assim a edificação de um campo privativo para treinamento e concentração aos jogadores. Há no livro, depoimentos de autoridades esportivas sobre o quanto esse natalense inteligente ajudou a construir e reconstruir, por vezes, o poderoso América de hoje(...)” Minhas senhoras, meus senhores, representantes do povo de Natal, se fossemos enumerar todos os construtores do América, entrariamos na tarde desta belíssima sexta-feira, dia 17 de julho de 2009, tal a numerosa galeria de abnegados de ontem e de hoje, que, muitas vezes com prejuízos de ordem pessoal, sacrificaram e sacrificam o patrimônio familiar em nome da elevação e da soberania do Clube que adotaram para amar, sofrer e exaltar. E é justamente com esse raciocínio que invocamos a galeria dos ex-presidentes que, em suas gestões, construiram os vigas-mestras do América dos nossos dias: Getúlio Soares (1 presidente/ 1915-1928); José Gomes da Costa (2 presidente); Edgar Homem de Siqueira (3 presidente); Osório B. Dantas(4 presidente); Joao Tinoco Filho (5 presidente); Afonso Ligório Pinheiro Joffili; Clóvis Fernandes Barros; Rui Moreira Paiva; Humberto Nesi; Rui Barreto de Paiva; José Rodrigues de Oliveira; Miguel Carrilho de Oliveira; Jeremias Pinheiro Filho; Murilo Tinoco de Carvalho; Heriberto Ferreira Bezerra; Humberto Pignataro; Hugo Manso; Dilermando Machado; José Vasconcelos da Rocha (1 mandato); Henrique Arnaldo Gaspar; Carlos Jússier Trindade; Fernando Nesi; Cláudio Negreiros Bezerra; Marcos Antônio B. Cavalcanti; José Maria de Figueiredo; Eduardo Serrano da Rocha; Jerônimo Câmara Ferreira de Melo; Francisco Soares de Melo; Gustavo de Carvalho e José Vasconcelos da Rocha (2 mandato, em andamento). No entender de Ortega y Gasset “os individuos, à semelhança das gerações têm destino preestabelecido do qual se não podem afastar, sob pena de censura da sociedade.” E esses bravos empreendedores do América Futebol Clube, pelo seu dinamismo, pelo amor a terra e ao seu Clube e, que somente admiração e louvores receberam e vêm recebendo do povo potiguar, especialmente da grande massa de apaixonados americanos, cuja torcida se agiganta a cada dia, a cada momento e a cada vitória. É bom ressaltar a fidelidade dessa magnífica torcida que não se abate, nem nos momentos mais difíceis. As pugnas esportivas se agigantam quando o América entra em campo. Os seus atletas, profissionais ou amadores infantis ou juvenis trazem dentro de si a chama rubra de amor ao clube às suas tradições. Há quem diga jogosamente que o homem pode mudar de tudo no transcorrer de sua existência, menos deixar de amar e torcer sofregamente pelo seu time de futebol. E com o América essa paixão se evidencia ao perpassar do tempo: “hoje América, sempre América”, brada a sua fanatizada torcida! O Dr. Fernando Nesi, americano de carteirinha desde a mais tenra idade(filho do velho e inquebrantável Humberto Nesi) em belíssimo artigo publicado no Jornal Tribuna do Norte, edição do dia 14, sob o título “História do América Futebol Clube” exulta de emoção, ao dizer que: “Escrevo para a posteridade. Viso, sobretudo a nova geração de americanos. A história do meu clube de coração será revelada aos poucos. Assumo publicamente esta heróica missão. Desejo sobretudo que os exemplos de amor, devoção e sacrifícios de dirigentes como meu saudoso pai Humberto Nesi e de outros grandes americanos sejam conhecidos, reverenciados, aclamados e respeitados por todas aquelas pessoas que militam ou não dentro do nosso desporto. Assim desejo com as graças e o poder de Deus. Nesta data festiva para todos os americanos presto uma sincera e comovente homenagem à memória do meu inesquecível pai Humberto Nesi” Na Missa de Ação de Graças realizada no América, tendo como celebrante o Padre Eugênio ( que é cidadão de Natal por outorga desta Casa Legislativa) usando da palavra, disse o torcedor Evilásio Fialho: “Na expressão do amor pelo seu clube, os torcedores americanos adicionam magia, sedução, paixão e religião, num sentimento elevado de fraternidade. Eles têm motivos e direções várias para extravazarem esses sentimentos místicos. É claro que tudo isso agrega e consubstancia, a cada dia que passa, a maravilha que se denomina torcida americana. E essa ôla envolvente congrega o fervor de profissionais liberais, magistrados, políticos, comerciários e comerciantes, autoridades públicas, homens e mulheres do povo, crianças, num deslumbrante espetáculo de pessoas simples, transformando-os em milhares de BAÉS por este RN afora. Essa chama rubra que explode e explode em pulsações fortes dá a certeza de que embora existam pedras no caminho, como frisou Drumont e este seja por vezes tortuoso, o América chegará ao lugar certo dos gloriosos, porque esse é o seu destino. A paixão rubra é latente! Atinge a todos. Alcança inclusive, aos seus servidores, aos seus profissionais que se tornam de logo fervorosos torcedores, como evidenciam os exemplos de Vécio, Souza, Moura, Júlio Terceiro. Thiago Messias e outros, que choram com as derrotas do time, todos contagiados por essa indescritível mística vermelha”. Não poderemos ao findar estas palavras de agradecimento aos senhores vereadores de Natal pelo gesto magnânimo de prestar esta homenagem ao América, pelo decurso dos seus 94 anos de existência, omitir os dias presentes da agremiação que tão bem se postam na difícil trajetória do Campeonato Brasileiro da Série B, edição 2009, deixar de enaltecer os homens de hoje, os que elevam o América nos dias hodiernos: assim nominamos e agradecemos a abnegação de Paulinho Freire, hoje vice-prefeito da Cidade do Natal, Eduardo Rocha, Alex Padang, Ricardo Bezerra, Roberto Bezerra, José Maria Figueiredo, Gustavo de Carvalho, Fernando Nési, Jussier Santos, Carlos Roberto Coelho Maia (atual Presidente do Conselho Deliberativo), Walmir Nunes (filho do valoroso e saudoso Walter Nunes), Klebet Cavalcanti de Carvalho (Diretor do Departamento Jurídico), Antônio Crispim Bezerra (Diretor Administrativo), Clóvis Emídio (Diretor de Futebol), Marcos Meira Pires (Diretor de Futebol), Marcos Cavalcanti (ex-presidente e atual Diretor Financeiro), Álvaro Fonseca de Gouveia, Josebel Sérgio Cirne, Francisco André Diogo(Curió), além das homenagens afetivas que devemos às pessoas de Erinaldo Rafael (Baé), torcedor símbolo do América e Augusto Varela dedicado líder da torcida americana, sem esquecer a dedicação e o zêlo de todo o quadro de servidores do América que, de uturnamente, desenvolvem suas atividades com o melhor amor e indescritível competência. Parece, até, que vivem a cantar: “Eu sou América e tenho orgulho de ser, porque o América em tudo é melhor. É alegria no esporte e no futebol, América! América!”. Minhas senhoras e meus senhores, desejamos concluir formulando uma homenagem especial ao atual Presidente do América, Dr. José Vasconcelos da Rocha, Zé Rocha, para os íntimos, seus familiares e admiradores. Este homem probo, dinâmico, empreendedor, sóbrio e humanista, tem conduzido o América ao ponto mais alto do respeito que um cidadão pode merecer dos seus iguais e da sociedade como um filtrar dos acontecimentos. Em defesa do interesse e do patrimônio do Clube( nos seus mais variados aspectos), Zé Rocha é capaz de romper as barreiras mais difíceis e expugnáveis. Não há portas fechadas para ele: “Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena” no dizer tradicional do poeta. Para o Dr. José Rocha não há bola perdida! Parte para cima das dificuldades, tal qual atacante que entra na área do adversário para fazer o gol. É sabido e ressabido que as instituições se sobrepõem aos homens! Mas, em verdade, o atual presidente do América enobrece o sodalício. Desejamos encerrar fazendo enaltecer a todos que no passado e no presente cuidam do América. Regam o Clube. Produzem. Fomentam. Amam as cores rubras. Nada melhor diante de tudo isso do que agradecer. Nada mais cerimonial do que respeitar essa casa legislativa de históricas tradições que hoje homenageia as cores alvirubras. Enfim, nada mais sacrossanto do que invocar neste congraçamento o apóstolo João -“AMEMO-NOS, POIS O AMOR VEM DE DEUS”