domingo, 27 de abril de 2014

EUFORIA, DESÂNIMO E ESPERANÇA; UMA HISTÓRIA DO PETRÓLEO POTIGUAR - TOMISLAV R. FEMINICK (*)




 No final dos anos 1960 já estava provado que existia petróleo no oeste potiguar e na região costeira norte do Estado. Entretanto havia um problema para sua exploração: a produtividade dos poços era pequena, o que indicava perspectivas antieconômicas. Explicavam os técnicos que o custo para tirar o petróleo do solo potiguar era maior do que o preço internacional do óleo bruto, que então girava em torno de US$ 2,90 o barril. Porém esse cenário foi alterado pelo crescimento desse preço para US$ 11,65 e US$ 40.00, na chamada “primeira crise do petróleo”, em 1973, e US$ 80.00, na “segunda crise do petróleo”, em 1979. Foram essas elevações dos preços que tornaram viável a exploração de nossas jazidas petrolíferas. Novos Preços, Novos Poços A partir do poço RNS-3 – descoberto em 1974 em Macau –, uma série de eventos pontuaram na história do petróleo potiguar, provocando reações de expectativas ora ufanistas, ora comedidas. Naquele mesmo ano foi divulgado que a descoberta da jazida de Macau “dobraria o volume de reservas nacionais conhecidas do ouro negro” e que a sua exploração representaria a criação de mais de 1.200 novos empregos na região. No ano seguinte os poços que forneciam água para o abastecimento da cidade de Mossoró foram novamente contaminados por vazamento de petróleo e o óleo saiu nas torneiras das residências de dois bairros. Dois anos após entrou em operação o campo de Ubarana, na costa marítima de Guamaré. Entretanto novas perfurações realizadas pelo Petrobras se mostraram economicamente inadequadas, mesmo com os novos preços internacionais. Porém o elevado número de ocorrências de óleo forçou a estatal a criar em seu organograma o Distrito de Produção da Bacia Potiguar-DIGUAR, abrangendo os Estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba. Em 1979, quando era realizada a perfuração de um poço que forneceria água para as piscinas do Hotel Thermas, novamente apareceu petróleo em Mossoró, desta vez com uma surgência mais significativa. Foi esse poço, o MO-13, deu origem ao Campo Mossoró. No ano seguinte a perfuração do MO-14 apresentou mais petróleo ainda e resultou no primeiro poço terrestre viável do Estado, por ponto de vista empresarial. Nos anos de 1980 foram intensificadas as prospecções nos municípios de Mossoró, Areia Branca, Macau e Alto do Rodrigues. Em 1981, a Bacia Potiguar produzia, em média, 157 barris por dia; os poços exploratórios eram 27 e outros 35 unidades estavam programadas para furar o solo do Oeste. Daí para frente à produção foi em escala crescente: em 1983, a produção de petróleo chegou a 38,9 mil barris por dia; o ano seguinte, esse volume alcançou 57,4 mil; em 1985, 59 mil; em 1986, 71,2 mil; em 1994, 96,9 mil. Com o êxito dos novos poços, em 1994 o Rio Grande do Norte já era o segundo maior produtor de petróleo do Brasil e o primeiro em produção terrestre. Essa posição fez com que a Petrobras desse cada vez maior importância ao nosso Estado, inclusive alterando por mais três vezes o seu organograma administrativo. Em 1987, o Distrito de Produção da Bacia Potiguar foi substituído por um novo setor, o departamento Região de Produção do Nordeste Setentrional; em 1995, pela gerencia de Exploração e Produção do Rio Grande do Norte e Ceará, e, em 2000, pela Unidade de Negócios do Rio Grande do Norte e Ceará. Produção cai e a Crise Bateu à nossa Porta Em 2012 já se podia ver o piscar da luz amarela: muito embora as reservas de petróleo do Rio Grande do Norte tenham aumentado em cerca de 20%, se comparadas com o volume registrado em 2003 (passou de 455,7 para 547,2 milhões de barris – 355,6 em terra e 191,6 no mar). Todavia há uma diferença entre a existência de reservas de óleo e extração desse mesmo óleo. O fato relevante é que a produção anual de óleo caiu de 31,7 milhões de barris em 2000, para 21,7 milhões em 2012. Também comparada com os dados de 2003 a produção efetiva de gás natural liquefeito (LGN, em inglês) recuou de 2.549 para 1.524 mil barris, uma queda de 40,21%. Em março de 2013 a Petrobras, as empresas que lhe prestam serviços e outras ligadas à indústria petroleira demitiram quase dois mil empregados na região de Mossoró. De lá para cá, calcula-se que cerca de três mil pessoas – que trabalhavam em atividades diretamente ligadas a exploração do petróleo e gás na região petrolífera do Estado – já tenham perdido emprego. A redução dos investimentos, dos negócios e do número de empregos está se refletindo diretamente nas outras atividades econômicas: retração nas vendas do comércio, na construção civil (mais de 1.500 demissões), na ocupação dos hotéis (55% a menos) e nas vendas dos restaurantes, no setor de transporte (quase 300 demissões), nas receitas do Estado e dos Municípios da região. Cento e vinte empresas que prestavam serviço para a Petrobras fecharam suas portas; umas por iniciativa própria, outras simplesmente quebraram. As noticias ruins não pararam por ai. Nos dois primeiros meses de 2014, a Bacia Potiguar registrou o menor volume de produção dos últimos quatro anos. Em janeiro, foram extraídos 57.188 barris de petróleo por dia, a menor produção desde dezembro de 2010. Em fevereiro produzimos 58.707 – uma queda de 3,82% se comparado ao mesmo período do ano passado, quando a produção diária chegou a 61.045 barris. Causa E qual a causa desse recuo? Os analistas apontam em primeiro lugar o fato de que a Petrobras teria alterado o foco de seus investimentos, direcionando todos os seus recursos para a exploração dos campos do pré-sal (rochas existentes no fundo dos oceanos sob uma camada de sal petrificado, abaixo da qual há ocorrência de hidrocarboneto; petróleo, gás natural, carvão etc.), campos esses que projetam um maior potencial de êxito. Para o Estado, o plano da Petrobras seria realizar a recuperação secundária de poços antigos e com histórico de produção satisfatória, mas que atualmente apresentam baixa produtividade ou mesmo que estejam desativados. Eles estão sendo trazidos de volta ao sistema produtivo via injeção de água, vapor ou gás, objetivando forçar a surgência do óleo. Trezentos poços localizados em Alto do Rodrigues, Ubarana, Fazenda Belém e Campo do Amaro já teriam recebido esse tratamento. O projeto de injeção contínua de vapor (vaporduto), na região do Vale do Açu (RN), é o primeiro a operar com vapor superaquecido. Ele é considerado o maior do mundo, com uma extensão aproximada de 30 km. Todavia, essa recuperação de poços via injeção de água, vapor ou gás (embora indispensável) não tem o alcance necessário para promover a recuperação da Bacia Potiguar como grande produtora de petróleo. Somente a ampliação e a intensificação de novos projetos de pesquisas e prospecção em busca de novos sítios produtores é que teria condições de realizar essa tarefa. E isso a Petrobras não está fazendo. A verdade é que não há novos grandes projetos de exploração no Estado. Enquanto esse é o cenário, engenheiros e outros técnicos da estatal estão sendo transferidos para outras regiões do país, notadamente para a Bacia de Campos, no Estado do Rio de Janeiro, e áreas de pesquisas do Pré-Sal. Descobertas Recentes Trazem Novas Expectativas Em Janeiro de 2012, o consorcio formado pela Petrobras e o grupo empresarial português Galp, encontraram indícios de petróleo em um poço em terra na bacia Potiguar. No fim do mesmo mês, a Petrobrás encontrou vestígios de petróleo em terra em outro poço no bloco da Bacia Potiguar, embora na ocasião o poço não tivesse sido declarado comercialmente viável. No leilão realizado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis-ANP nos dias 14 e 15 de maio de 2013, o Rio Grande do Norte teve um total de 30 blocos ofertados, sendo 20 em terra e 10 em águas profundas. Em termos de oferta de blocos, o total da Bacia Potiguar ficava atrás somente das ofertas das Bacias Amazônicas e Tucano (esta na Bahia). Em agosto de 2013 outros blocos de exploração localizados na Bacia Potiguar foram contratos com a Agência Nacional do Petróleo. Em novembro de 2013, a OGX Petróleo de Eike Batista (o então rei Midas da economia brasileira e que também tinha realizados empreendimentos especulativos por aqui) anunciou a venda de parte de bloco de petróleo na bacia do Estado para a ExxonMobil, empresa dos Estados Unidos. A área tinha sido arrematada pela OGX na 11° rodada de licitação da ANP, realizada em maio do mesmo ano. A entrada da Exxon Mobil Corporation (sucessora da Standard Oil Company, de John D. Rockefeller) na Bacia Potiguar representa a participação de um dos maiores e mais tradicional grupo petrolífero do mundo, o que pode beneficiar a região com a internação de novas tecnologias de produção, logística e administração da produção de petróleo. A melhor notícia No dia 14 de março passado, a Petrobras divulgou o seguinte comunicado ao mercado: “A Petróleo Brasileiro S.A-Petrobras informa que concluiu a perfuração do poço pioneiro [...] localizado em águas profundas da Bacia Potiguar. Os resultados comprovaram a descoberta, [...] de óleo médio de 24º API [Petróleo de densidade média, na escala do American Petroleum Institute-API, cujo maior grau é 30º. Quanto maior o grau API, maior o valor do produto no mercado]. Denominado informalmente de Pitu, o poço localiza-se em profundidade d’água de 1.731 metros, a uma distância de 55 km da costa do estado do Rio Grande do Norte. O poço atingiu a profundidade final de 5.353 metros e constatou uma coluna de hidrocarbonetos de 188 metros. Foi realizado teste de formação que confirmou as boas condições de permeabilidade e porosidade do reservatório. A partir dos resultados obtidos, o consórcio dará continuidade às atividades exploratórias previstas, com objetivo de propor a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) um Plano de Avaliação da Descoberta para a área. A Petrobras é a operadora da concessão BM-POT-17, com 80% de participação, em consórcio com a empresa Petrogal Brasil S.A., que detém 20%”. Notícias boas. Mas essa descoberta, para produzir efeito, demanda de muitos investimentos e três ou quatro para estruturação dos projetos, aquisição e implementação de equipamentos e produção efetiva. 

 *Historiador, membro da diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. 

Tribuna do Norte. Natal, 27 abr 2014.

sábado, 26 de abril de 2014

LIVRE COMO O VENTO; QUENTE COMO O SOL - PAULO CALDAS NETO.

ESCRITOR PAULO CALDAS NETO


LIVRE COMO O VENTO; QUENTE COMO O SOL… 
 Por: Paulo Caldas Neto 

 O título é prenúncio para quem tiver a curiosidade de ouvir o CD da cantora mineira, Lysia Condé, Uirapuru que pousou em paragens potiguares, desde, aproximadamente, 2007, 2008. Seu primeiro CD. Sem título; apenas, conforme já perceberam alguns comentadores, mantendo o seu nome de artista, configura entre as inúmeras produções musicais contemporâneas e chama a atenção daqueles que o apreciam pelo resgate de tons e temáticas que até pareciam distantes do atual contexto sociocultural brasileiro. A leveza da voz de uma intérprete, até então desconhecida no Rio Grande do Norte, nos lembra, em alguns momentos, o carisma e a total entrega àquilo que faz antes só vislumbrados em cantoras como Elis Regina, Maysa e Nara Leão nos idos de 50, 60, 70 e 80. O intimismo com que lê cada canção popular do disco é mais do que uma simples leitura; é um sentimento exposto pelo valor que cada obra musical representa para ela, enquanto artista, e para a História da Música Popular Brasileira. E por que não dizer da Música Potiguar Brasileira, tendo em vista não só a produção no cenário local, da capa do CD até o encarte, como também o fato de certas faixas abrigarem canções, cujos temas retratam a visão sertaneja da Nação? A Lua girou, canção que introduz a obra, dá a prova, à quem a escuta, de que houve a preocupação em se pesquisar ritmos, melodias e acordes do nosso Cancioneiro popular, bastante centrado na raiz do folclore e das origens do povo do Brasil, país assinalado por sua já conhecida diversidade cultural. As congas de Antônio de Pádua, unidas ao violão de Sérgio Farias e à percussão de Sami Tarik acabam dando uma atmosfera luso-africano-brasileira, quebrando com as dicotomias entre o que é considerado erudito e o que é popular, empresa estética na qual Lysia não é pioneira. Quem não se lembra do CD Coisa de Preto (2007), em que Khrystal investe pesado no Coco, enquanto gênero musical que provoca vibrantes e desafiadores ritmos num misto de pop erudito e samba de raiz? É lógico que se está falando de um estilo mais sofisticado, usando estilos popularescos, mas o que importa é a aproximação deles, pois pode-se até se conseguir originalidade. “Eu bem queria fazer um travesseiro dos seus braços”, verso que transmite com lirismo a magia das brincadeiras de roda, típicas das agremiações folclóricas. Ademais, o convite ao sonho e à fantasia acalanta os ouvidos na combinação escorreita entre a voz do uirapuru e as cordas do instrumento congado. Despedindo-se da primeira faixa, com o dito folguedo “Sustenta a palavra de homem/que eu mantenho a de mulher”, o ouvinte agora é colocado frente a frente à mensagem da segunda faixa A vida do rio, composição de Simone Guimarães e Virgínia Amaral, seguindo a linha sertaneja. E o que se sobressai aqui é o acordeon de Zé Hilton, o som de sua sanfona. A intenção é mostrar a simplicidade da vida do campo, a sobrevivência da gente guerreira e feliz. Gente que vive de improviso para, em meio a tanta disparidade social, encontrar algum sentido para continuar vivendo. Mesmo improviso que surpreende na faixa Corta-jaca, canção escrita pela maestrina Chiquinha Gonzaga em parceria com Machado Careca. O humor que questiona os costumes de uma época avigora a singeleza do povo brasileiro, longe dos rigores estéticos e europeizados de uma arte já em declínio num contexto em que a nação procurava a sua independência política. Soava como contrassenso. A retomada dessa ideologia atualiza-se quando se contesta o poder da autoridade; nada melhor do que o maxixe (dança de salão e sensual, de origem moçambicana, trazida pelos escravos, e que teve como adepta a própria Chiquinha Gonzaga no fim do séc. XIX) e a flauta de Carlos Zens para acentuarem tal intenção. Mas como o mundo é uma alternância entre o riso e o choro, a faixa Enigma, um dueto do qual participa Miltinho, expoente da MPB e autor da canção, Lysia Condé revive a época de Ouro do rádio, trazendo novamente a campo a serenata e o melodrama de amor que terão uma pequena mudança rítmica na abordagem que faz da canção Contrato de separação, uma parceria entre Dominguinhos e Anastácia. Zé Hilton se encarrega mais uma vez de compor a cena musical com a sanfona que numa música como essa não pode faltar. A mudança pode estar no perfil daquele cuja dor ou saudade é discorrida ao longo da letra: de um lado, um homem do sertão; de outro, um urbano. Ou o tempo. Cada período histórico com sua forma de expressão. A dor é que é sempre universal. Dando continuidade ao ciclo folclórico e popular, a intérprete nos apresenta as faixas Ana Bandolim e Flor Amorosa. A primeira, de autoria de um potiguar, Tico da Costa, simbolizando a valorização da cultura local, e recentemente homenageado por ocasião do projeto Várias vozes, um só canto 4-Tributo a Tico da Costa no Teatro Alberto Maranhão, ano retrasado (2012). A segunda, de Catulo da Paixão Cearense e Joaquim A. Callado, outros conhecidos da velha toada dos anos 30 e 40. Em Ana Bandolim, as cantigas de amor e de roda roubam a vigília, desta vez, enfatizando mais o ser infantil e a pureza da imaginação. Tudo isso permite a recriação em se tratando do ilusionismo que assegura o fascínio àquele que acompanha seus tons. Depois, ter-se-á um outro desafio para a cantora: a interpretação de Duerme negrito. Na mesma linha, fechando o ciclo, a cantiga, que mais recorda uma cantiga de ninar, de origem venezuelana, promove um intercâmbio que talvez ajude a entender influências de outros Romanceiros populares na Tradição oral do Brasil. Flor Amorosa complementa apenas a toada sertaneja, possivelmente quase ciranda para os leigos em matéria de música e lembrando um pouco a abordagem amorosa de um Pixinguinha em Rosa. Todavia, Lysia sabe que é fundamental se atualizar os ritmos e buscar liames que justifiquem ora gêneros musicais da Tradição oral, conforme já mencionados, ora o pop em si, imortalizado por outros compositores da MPB e por ela também lembrados em outros projetos: Ivan Lins, Dorival Caymmi, Vinícius de Moraes, Chico Buarque e Tom Jobim. Daí, é notória a combinação com o clássico e a Bossa Nova dos anos 50. Primeiro Olhar, de Sérgio Farias e Cristina Saraiva exemplifica o dito, com as notas mágicas da flauta de Zens, outra vez incumbida da amálgama que funde o clássico ao popular. É brincadeira, de autoria do poeta, professor e letrista, Carlos Newton Júnior, em parceria com o músico João Salinas, incrementa ao pop de raiz o caráter lúdico e fecha novamente o ciclo do rural com a canção Mais de um, de Eduardo Gudin em companhia do poeta e letrista Cacaso, ícone da literatura marginal dos anos 70 e 80. Aí, a percussão de Samir Tarik entra em palco para reproduzir a natureza e o lado paisagístico do tema dessa canção. Não se pode esquecer do talento inconfundível de Jow Ferreira, jovem violinista, cuja participação em quase todas as faixas é ímpar quando forma par com Sérgio Farias, criando uma harmonia adequada aos arranjos. Enfim, o que afiança um bom trabalho artístico é o respeito que oferece à base. Atesta-se a humildade do artista a partir do momento em que inicia a sua jornada tomando como apoio os mestres. Seja tradicionalismo, seja conservadorismo para alguns pós-modernos de plantão (ou até mesmo para os que pedantemente assim se denominam com um pseudocomprovante de originalidade, que logo cai no esquecimento), não importa! O passado sempre se fará presente, pois uma sociedade sem passado não se recria, não se reinventa, não se conscientiza de seus valores. É como se o sujeito praticamente negasse a própria história, e isso é prejudicial, é extremismo que leva à frustração. Uma arte não pode ser radical assim. Arte é para se sonhar, sentir. Por isso mesmo, é dinâmica, móbil. O que Lysia Condé nos confirma é a possibilidade de renovarmos sem parecermos antiquados. Atualizarmo-nos, desconstruirmo-nos, construirmo-nos. E só a arte para asseverar tamanho esplendor, tamanha magia, reinvenção. Assim, também o foi o show de lançamento do CD aqui comentado. Só os que testemunharam uma quimera conseguirão guardar na memória a evolução de uma diva, que, com tal produção, ensinará muitos ainda dos que sobrevivem numa província como a nossa, alimentando a própria autoestima, quase sem respaldo financeiro próprio e das autoridades políticas. Nem, muitas vezes também, o reconhecimento da Elite intelectual do RN, que, infelizmente, ainda olha com descaso o talento de tantos artistas e amantes do acervo histórico potiguar. Nós é que temos que agradecer tantos exemplos de força e coragem!

domingo, 20 de abril de 2014

DO PADRE AOS DISCÍPULOS DE ALÁ; UMA HISTÓRIA DO PETRÓLEO POTIGUAR - TOMISLAV R. FEMINICK (*)


TOMISLAV R. FEMINICK

O exercício da memória me leva ao tempo em que eu morava em Mossoró e era correspondente dos jornais Diário de Pernambuco, Diário de Natal e O Povo, além de eventualmente escrever para o Jornal do Brasil, Folha de São Paulo e Correio Brasiliense. No dia 30 de dezembro de 1967 eu estava com um baita furo de reportagem, mas não tinha como transmitir a notícia. O normal era datilografar as matérias e envia-las via ônibus para Natal, Recife e Fortaleza e, pelo correio, para o Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Assim as reportagens levavam dias para serem publicadas. Ligações telefônicas não existiam. Usar o teletipo dos Correios nem pensar; já me tinha sido negado. O jeito foi apelar para Moacir Gomes, um radioamador meu amigo. Consegui transmitir um texto curto que saiu no dia seguinte: “A escavação de um poço com a finalidade de encontrar água fez com que, ontem, na Praça Padre Mota, no coração de Mossoró, jorrasse petróleo abundantemente, de uma profundidade de 645 e 650 metros. O primeiro jorro de petróleo em Mossoró ocorreu em fins de 1955, julgando os técnicos de então (inclusive alguns norte-americanos) que as pesquisas deveriam ser abandonadas, estando a Petrobrás ausente daquele centro potiguar. A perfuração do poço estava, ontem à noite, em sua fase final, devendo hoje ocorrer a retirada dos aparelhos de escavação”. Nos primeiros dias de 1968 houve ampla divulgação na imprensa nacional. Características Estruturais A bacia sedimentar costeira do Rio Grande do Norte apresenta uma série de condições estratigráficas (sequência de rochas), configurações paleogeográficas (formação da superfície terrestre nas épocas geológicas passadas) e estruturais de importância para a pesquisa de petróleo. Trata-se de uma bacia marginal, oriunda de uma subsidência ponderável, efetuada em fins do período mesozoico (tempo durante o qual as rochas foram formadas), comportando camadas marinhas que alcançam mais de mil metros. Alguns pontos de drenagem de água existentes nos arredores das cidades de Mossoró, Apodi e Caraúbas eram suficientes para sugerir melhores pesquisas estruturais da geologia de superfície. Pela simples combinação e superposição de elementos fisiográficos e geológicos (estudo da superfície e da estrutura terrestre, respectivamente), duas áreas há que justificavam a suposição de jazidas de petróleo nesta região: a zona localizada entre o baixo Jaguaribe e o Rio Mossoró, junto às encostas da Serra Mossoró, e a localizada entre o Rio Mossoró e o Rio Piranhas-Assú, próximo à chapada do Trapiá. A História A história dos estudos, pesquisas e lutas pelo petróleo potiguar se iniciou no século XIX, quando o padre Florêncio Gomes de Oliveira, por volta de 1852/1853, fez a primeira referência ao assunto, ao citar a ocorrência de uma substancia inflamável na Chapada do Apodi. Segundo o historiador Vingt-un Rosado, o registro está em uma ata da Câmara de Vereadores de Apodi: “Em um dos recantos da lagoa desta vila, que está mais em contato com as substâncias minerais da serra, tem-se coalhado, em alguns anos, uma substância betuminosa, inflamável e de boa luz, semelhante à cera, em quantidade tal que se pode carregar carros dela”. Uma publicação da Petrobras afirma que este foi o primeiro registro de “ocorrências de indícios de petróleo em território brasileiro”. O padre Florêncio Gomes de Oliveira foi o segundo Mossoroense a ser ordenado sacerdote da Igreja Romana, fato ocorrido em nove de junho de 1838. Foi um estudioso de botânica, zoologia e geologia, jornalista, poeta e deputado por três legislaturas consecutivas, na Assembleia Legislativa da Província do Rio Grande do Norte. Nasceu no lugar Monte Alegre ou Quixaba, em São Sebastião (hoje Governador de Dix-Sept Rosado); então distrito de Mossoró. Mais uma vez um mossoroense foi pioneiro. No início do século XX, em um açude do Município de Caraúbas foi encontrado um betume pastoso enquanto fresco, mais que, quando exposto ao sol e ao vento ficava duro e quebradiço. A população local usava essa substância para a iluminação de suas casas. Análise procedida pelo farmacêutico e químico Jerônimo Rosado relevou que o betume era resultado de surgência espontânea de petróleo. Em 1922 o geólogo norte-americano John Caster Branner, presidente emérito da Stanford University da Califórnia e que dirigiu expedições de estudos ao Brasil em 1899 e 1907, publicou em New York o estudo intitulado “Oil Possibilities”, onde apontou as indicações favoráveis de ocorrências petrolíferas do Brasil, destacando como áreas as “formações terciárias costeiras, que se estendem com interrupção até Cabo Frio, perto do Rio de Janeiro e o Maranhão (...). Parece inteiramente possível que esta zona contém petróleo onde ela se alarga para o interior, como na Bahia, até trezentas milhas, e Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte, e Maranhão”. Os trabalhos publicados como resultados de estudos sobre a Bacia Potiguar prosseguiram com Luciano Jacques de Morais (datados de 1929, 1932 e 1938), Avelino Inácio Oliveira também (de 1938) e os geólogos norte-americanos Mac Naughton e Evereter L. De Golyer (1945 e 1947) todos indicando a possibilidade de ocorrência de petróleo no Rio Grande do Norte. Entretanto, somente em 1949 o Conselho Nacional de Petróleo autorizou que se fizessem levantamentos geológicos e geofísicos, no “wildicat” (zona onde se supõe existir petróleo, por dados vagos ou informações superficiais) mossoroense. Por essa época, vários outros indícios apontavam a existência de petróleo na região: a descoberta de água salgada a grande profundidade, na abertura de um poço no quilômetro 15 da Estrada de Ferro Mossoró; aparecimento de gases em cacimbas abertas em pontos diferente do Chapadão do Apodi e manchas de óleo sobre a água de uma cacimba no lugar Riacho da Mata. A Petrobrás na Gangorra Após sua criação em 1953, a Petrobrás continuou os estudos e definiu uma bacia sedimentar de idade cretácea, próxima à costa, e, em 1956, realizou duas perfurações; uma na localidade de Gangorra, no Município de Grosso, e outra no Município de Macau. Estudos geológicos e geofísicos admitiam uma coluna sedimentar pouco espessa, com largura de 100 quilômetros e um cumprimento de 250 quilômetros. As perfurações confirmaram essa coluna geológica pouca espessa, tendo um dos poços, o de Gangorra, atingido o embasamento cristalino a 1.025 metros, e o de Macau perfurou até 1.262 metros. A correlação entre os dois poços evidenciou uma boa possibilidade de ocorrência de petróleo. Indícios de óleo seco e material pirobetuminoso (uma das maiores fontes potenciais de hidrocarbonetos no mundo) foram encontrados logo nos primeiros 350 metros do poço de Gangorra, em uma seção de calcário. Logo abaixo nos evaporitos (calcário e dolomitas), a partir de 400 metros de profundidade apareceram numa seção formada de folhelhos, siltidas e arenitos, vestígios mais significativos de óleo e gás. Tendo a análise deste último mostrado a presença de metano. A quantidade de óleo não foi considerada para exploração comercial. Esses vestígios, entretanto, proporcionaram à Petrobrás um dado valioso: a bacia sedimentar da costa do Rio Grande do Norte possuía condições de gerar petróleo, apesar da pequena espessura dos sedimentos. Em 1965, a Petrobrás enviou uma nova equipe geológica de superfície à área, com o objetivo de estuda-la detalhadamente e colher dados em terras que pudessem ser estendidos para a plataforma continental, uma vez que os trabalhos anteriores mostravam que a Bacia Potiguar se alongava e penetrava no mar. Um Saco de Petróleo Em agosto de 1967, quando um operário retirava as ferramentas de perfuração de um poço que uma subsidiária da SUDENE, a Companhia Nordestina de Perfuração de Poços-CONESP, fazia na localidade Saco, na periferia da cidade de Mossoró, e que tinha por objetivo localizar água para o abastecimento da cidade, foi surpreendido por um jato de óleo. Este veio acompanhado de lama e de saída de gás metano. Nessa ocasião, o poço atingia a profundidade de 378 metros. A infiltração do óleo foi isolada e perfuração continuou, sempre com os mesmos indícios. Aos 389 metros, nova infiltração, desta vez com mais força e com mais quantidade de material, agora um líquido negro e viscoso, com forte cheiro de alcatrão. A uma profundidade de 402 metros mais óleo e em todas as imersões da sonda ainda se registrava a presença de óleo. Amostras do óleo extraído do poço perfurado pela CONESP foram enviadas ao laboratório da Região de Produção Nordeste da Petrobrás, então sediada em Maceió-AL. Os exames ali realizados constataram o que já era esperado: o óleo encontrado na perfuração da localidade Saco era petróleo mesmo. Petróleo asfáltico, do qual o Brasil precisava e não possui nenhuma jazida localizada. Técnicos da Petrobrás visitaram o poço da CONESP e descreveram a presença de seu óleo “como proveniente da seção eclástica, constituída de folhelho e siltícos”, conhecido na literatura especializada sobre a região como formação Apodi e que se correlacionavam “com os mesmos horizontes encontrados pelos poços da Gangorra e Macau”. Em outra etapa a estatal, através de sua Turma de Geologia-6, efetuou na área de Mossoró um mapeamento usando o sistema de mergulho e inversão das rochas, cujos resultados mostraram uma pequena estrutura anticlinal (uma dobra cujos flancos se voltam para baixo e cuja convexidade se volta para cima). Ainda a procura de vestígios de petróleo a empresa fez uma perfilagem eletrônica em um poço profundo perfurado pelo Departamento Nacional de Produção Mineral-DNPM, o que evidenciou a existência de uma importante formação de folhelho formador de petróleo, formação esta de cor escura e de igual aspecto ao encontrado no recôncavo baiano, então a região de maior produção de petróleo no território brasileiro. Óleo no Coração Se os mossoroense já tinham petróleo no seu pensamento, no seu coração, isto é, passaram a tê-lo no coração de sua cidade. Isto ficou provado quando, novamente, o óleo negro jorrou ao serem retirados os tubos de revestimentos do poço profundo escavado pela Companhia de Águas e Solos-CASOL, empresa estatal do Rio Grande do Norte, no centro de uma praça, a Praça Padre Mota, em 1967. O poço era resultado de um convenio assinado pelo Prefeito de Mossoró, Raimundo Soares, com o governador do Estado, Mons. Walfredo Gurgel. Desta vez o petróleo estava a uma profundidade entre 647 e 650. Os técnicos da CASOL declararam que o óleo deste poço provém de uma lente (veio sem possibilidade comercial), mas que serviu para se juntar aos outros antigos e novos subsídios que deram base para os estudos da Petrobrás. A pergunta que se fazia era: se há petróleo por que a Petrobrás não fez logo uma porção de poços para resolver o assunto de uma vez por todas? Seria uma boa pergunta para se fazer. No entanto a empresa não estava totalmente ausente da região. Periodicamente, turmas de técnicos, com capacetes de aço com o logotipo da Petrobrás neles estampados, escavacam o chão mossoroense e foram realizados levantamentos aeromagnéticos, gravimétricos e sísmicos na plataforma continental fronteiriça ao Estado do Rio Grande do Norte e seus vizinhos, do Ceará a Pernambuco. O Tempo Certo Diziam os porta-vozes da Petrobrás que, em matéria de petróleo, as coisas têm que correr dentro de um calendário que não pode ser violado, sem que se corra perigo de graves erros, às vezes até vitais do ponto de vista técnico A empresa do monopólio estatal estaria seguindo este calendário. Segundo esses representantes, apesar dos progressos feitos pelos estudos sobre a região de Mossoró e da seriedade com que se acompanhava o desenrolar das descobertas que revelam as riquezas do subsolo da zona oeste do Rio Grande do Norte, calculava-se que somente com mais alguns anos e que se poderia, saber com maiores e melhores detalhes, o que de real existia e qual a potencialidade do lençol petrolífero que se deixava despontar nas perfurações que eram procedidas na região, até quando seu objetivo era simplesmente a procura de água. Seguindo era “time” próprio, equipes de gravimetria fizeram levantamentos das áreas prioritárias e que apresentam maiores possibilidades de possuírem óleo, enquanto que em outras áreas da Bacia Potiguar outros trabalhos e estudos eram realizados por equipes de sismo-reflexão, geologia e de aerofotogrametria. Os grandes problemas eram: todas as medidas da capacidade dos poços onde existia ocorrência de óleo eram realizadas considerando-se somente a surgência espontânea, desprezando-se a possibilidade de captura estimulada pela injeção de gás e/ou água; em todas as perfurações a quantidade de óleo era pequena, quando comparada è média aceita pela indústria internacional de petróleo, e o custo de extração do petróleo potiguar era superior do preço de venda do óleo bruto. Em síntese: naqueles anos a exploração do petróleo de Mossoró, da Zona Oeste do Estado, do Rio Grande do Norte e de toda a Bacia Potiguar (inclusive a sua parte que alcança o Estado do Ceará) era economicamente não recomendável pelo resultado desfavorável da relação “custo x benefício”; os custos seriam maiores que as receitas que poderiam ser auferidas. Essa situação perdurou até o dia 6 de outubro de 1973, quando ocorreu a primeira crise internacional do petróleo do pós-segunda grande guerra, como consequência da chamada Guerra de Seis dias (ou a guerra do Yom Kippur). Nesse dia, Egito e a Síria fizeram um ataque militar surpresa a posições de Israel, porém foram derrotados em apenas seis dias. Derrotados, mas os países árabes – aliados do Egito e da Síria – eram os maiores produtores de petróleo do mundo. Usaram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo-OPEP para pressionar os países que apoiaram Israel e reduziram a produção em 5%. Na ocasião o preço médio do barril de petróleo era de US$ 2,90. Em apenas três meses subiu para US$ 11,65 e chegou em US$ 40.00. Nos Estados Unidos, na Europa e também no Brasil grande importador do “ouro negro” tornaram-se comuns grandes filas de veículos nos postos de combustíveis, espetando ser abastecidos. Então, além do aspecto meramente econômico, o petróleo ganhou uma outra feição: passou a ser uma commodity estratégica. De início, o governo militar não tomou nenhuma providência, porém em março do ano seguinte, o presidente Ernesto Geisel, pressionou a Petrobras para que intensificasse a busca de óleo em todas as áreas onde houvesse a possibilidade de sua existência. Como resultado do novo cenário, foi iniciada a primeira perfuração na plataforma continental da Bacia Potiguar, na costa de Macau. Esse poço, o RNS-3, começou a ser explorado em 1975. O fato provocou a visita do presidente Ernesto Geisel a Macau, em companhia do seu ministro de Minas e Energia, Shigeaki Ueki. 

 Tribuna do Norte. Natal, 19 abr 2014.

(*) Historiador, membro da diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. 

sexta-feira, 18 de abril de 2014

A PETROBRÁS EM UNS POUCOS ATOS E FATOS - TOMISLAV R. FEMINICK.




TOLMISLAV R.FEMINICK

 Minha primeira participação em atos públicos deu-se em Maceió, no início dos anos cinquenta do século passado. Nós, os estudantes do Colégio Guido de Fontgalan, nos juntamos aos operários, intelectuais e aos militantes de esquerda e saímos pelas ruas do centro da cidade gritando em defesa da nacionalização do petróleo. Na época eu não via a jabuticaba que isso ia dá: o Brasil foi o único país do mundo a nacionalizar o que não existia, pois nós não tínhamos petróleo nenhum. Nos países árabes, no México e na Venezuela o custo de descobrir o ouro negro foi bancado pelas multinacionais; depois foi nacionalizado. Na década seguinte, assisti e divulguei na imprensa nacional o surgimento do óleo mossoroense em perfurações de poços de água na Praça Padre Mota, na localidade Saco, na Salina Guanabara, na Gangorra e outro mais. Os poços foram vedados e ficaram inativos. Já no inicio deste século, minha sobrinha Renata, que mora no Texas, foi indicada por uma empresa de colocação de executivos para trabalhar em uma empresa em Pasadena; a tal refinaria da Petrobras. A politicalha, as panelinhas, o favoritismo aos ligados a determinadas correntes de esquerda era de tal magnitude que minha sobrinha pediu demissão. Nos últimos meses despontou na imprensa o escândalo: a Pasadena Refining System foi comprada por um grupo belga por US$ 45 milhões e poucos anos depois foi vendida à Petrobras por mais de US$ 1,200 bilhão. Nada mau, um lucro de cerca de US$ 1,150 bilhão; bom para os belgas, péssimo para nós. O fato é que o uso político da Petrobras e as nomeações de apadrinhados políticos tecnicamente despreparados se refletiram no desempenho da empresa. O lucro líquido da empresa desabou no ano passado, chegando a ser menor do que em 2004, o que provocou a desvalorização de suas ações na BM&FBovespa e nas bolsas estrangeiras onde são negociadas. Em janeiro passado, a empresa já tinha perdido 40% do seu valor de mercado, em apenas três anos; valia US$ 199,3 bilhões no dia 1º de janeiro de 2010, e despencou para US$ 119,9 bilhões, uma diferença de quase US$ 80 bilhões. Em fevereiro, a Petrobras valia menos que a colombiana Ecopetrol. Tudo isso atingiu quem aplicou o FGTS em ações da estatal, pois nos últimos meses perdeu quase 20% do valor da aplicação. No Rio Grande do Norte o mundo petrolífero também está desabando. A produção anual de óleo caiu de 31,7 milhões de barris em 2000, para 21,7 milhões em 2012; a de gás foi reduzida de 1,26 milhões de m3 para 563 mil. Na região de Mossoró, a Petrobras, as empresas que lhe prestam serviços e outras ligadas à indústria petroleira já demitiram quase dois mil empregados. A retração dos investimentos, dos negócios e do número de empregos está se refletindo diretamente nas outras atividades: retração nas vendas do comércio, na construção civil (1.500 demissões), na ocupação dos hotéis (55% a menos) e nas vendas dos restaurantes, no setor de transporte (258 demissões), nas receitas do Estado e dos Municípios da região. Isso quer dizer que a Petrobras abandonou ou vai sair do Rio Grande do Norte? Não, nada é nada disso. A nova presidente da empresa, a engenheira Graça Foster, está tentando arrumar a casa. A bacia Potiguar tem 7.913,99km2 de área ofertada à exploração, grande de mais para ser desprezada, até porque no horizonte desponta o quase ocaso do pré-sal, cantado em prosa e verso, mas que para acontecer precisa de muito investimento, muita tecnologia e muito tempo. Tecnologia a Petrobras tem ou seus técnicos são capacitados a desenvolvê-la. O problema é o tempo e o dinheiro. O tempo é apertado, pois a nossa tão propalada autossuficiência do petróleo foi balela e propaganda eleitoral. Quando mais o tempo passa, mais gastamos com a importação de petróleo, o que afeta a balança de pagamento. O caso dos recursos para investimento poderia ser resolvido com lançamento de ações primárias em bolsas de valores, mas a desvalorização dos títulos da empresa não recomenda isso agora. Dona Graça há de dar o ar de sua graça resolvendo essas questões. Pode fazer de tudo, menos privatizar a Petrobras, um patrimônio do povo brasileiro, construído inclusive com os meus tênues e ingênuos gritos juvenis. 

 Tribuna do Norte. Natal, 03 mar 2013.
(*)Tomislav R. Femenick - Mestre em economia, auditor e consultor 

sexta-feira, 4 de abril de 2014

 SOLENIDADE DOS 112 ANOS DE FUNDAÇÃO DO IHG/RN, EM 28-03-2014,



POUCAS VEZES UMA SOLENIDADE ME EMOCIONOU TANTO QUANTO A IRREPREENSÍVEL FESTA DOS 112 ANOS DE FUNDAÇÃO DO IHG/RN.
PRESENÇAS MARCANTES, VÁRIAS ENTIDADES PRESENTES E REPRESENTADAS. PARA MEU ORGULHO O PRESIDENTE DA ACLA - EMMANUEL CAVALCANTI - , REPRESENTAÇÕES DO CLERO, DO GOVERNO DO ESTADO, OS NOVOS SÓCIOS E SEUS FAMILIARES.
A ABERTURA PELO PRESIDENTE DO IHG/RN ONDE, EM BREVES PALAVRAS RESSALTA SUA ADMIRAÇÃO PELOS SEUS ANTECESSORES, O APLAUSO AO GRANDE PRESIDENTE ENÉLIO PETROVICH, DE SAUDOSA MEMÓRIA, O ESFORÇO DA ATUAL DIRETORIA NA REFORMA GERAL DO PRÉDIO E INFORMATIZAÇÃO, AGRADECIMENTOS E A ALEGRIA DE VER UM TRABALHO SE DESENVOLVENDO.
AS BELAS PALAVRAS DO ORADOR DA NOITE, CLÁUDIO AUGUSTO PINTO GALVÃO, DISCORRENDO BRILHANTEMENTE SOBRE A HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DO REFERIDO PRÉDIO DESDE SEUS COMEÇOS,PRESIDENTES QUE POR ALI PASSARAM, AS SAUDADES DE MANOEL RODRIGUES DE MELO E DO QUIXOTESCO ENÉLIO PETROVICH. FOTOS DE VÁRIAS DÉCADAS NO TELÃO, AS RUAS CIRCUNVIZINHAS, A IMPORTÂNCIA DE CADA UMA PARA O IHG/RN. ENFIM, ORADOR DE ABSOLUTO VALOR, CLÁUDIO AUGUSTO PINTO GALVÃO SOUBE DAR O EXATO TAMANHO DO PAPEL DAQUELES QUE POR ALI PASSARAM.

BELA E BREVE POSSE DOS NOVOS SÓCIOS.
O COQUETEL DE NARA E O BOM SERVIÇO!

UMA NOITE COMO JÁ NÃO VIA HÁ TEMPOS, SOB AS RÉDEAS DE VALÉRIO MESQUITA - O GRANDE PRESIDENTE!!! 


VALÉRIO ALFREDO MESQUITA - PRESIDENTE
PRESENÇAS ILUSTRES
DIPLOMAÇÃO DOS NOVOS SÓCIOS DO IHG/RN
A PLATÉIA
O IHG/RN

MESA DE HONRA 
CLÁUDIO AUGUSTO PINTO GALVÃO - ORADOR DA NOITE 


DESCONTRAÇÃO NA HORA DO COQUETEL









terça-feira, 1 de abril de 2014

A ALEJURN FAZ HOMENAGEM AO SAUDOSO JOSÉ ARNO GALVÃO, DIA 04-04-2014.



Homenagem a José Arno Galvão
A Academia de Letras Jurídicas /RN-ALEJURN, através de convite de seu Presidente, Procurador Adalberto Targino, comunica que irá prestar homenagens póstumas ao pranteado Acadêmico José Arno Galvão, ultimo ocupante da cadeira de numero 38 (Patrono –Jurista Hélio Galvão), em solenidade de começará às 10h do dia 04 de abril/2014, em sua sede provisória, no Edf. Da Procuradoria Geral do Estado,  sito à Av. Afonso Pena, 1155, Tirol.
O Necrológio será proferido pelo Acadêmico Valério Marinho e outras homenagens serão prestadas  ao falecido intelectual, pelos demais membros do Colégio Acadêmico da ALEJURN, que, naquela data, estarão reunidos em Assembléia Geral.
O saudoso Confrade José Arno Galvão era membro vitalício fundador daquela Academia, advogado militante há 50 anos, foi Procurador Geral do Município de Natal, Diretor Geral do Tribunal de Contas do estado e colaborador de vários jornais do RN.  Era conhecido pela sua capacidade como advogado e escritor, mas, sobretudo, como servidor público austero e honrado.