quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

COMUNICADO DE REUNIÃO Nº 01/2013 DA UBE/RN.



“Ninguém faz nada sozinho".

 UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES DO RN - UBE/RN

 Comunicado de reunião nº 01/2013 

 Através do presente Comunicado ficam todos os membros da Diretoria, Conselho Fiscal e Consultivo, associados, convocados para 1ª Reunião Ordinária do ano de 2013 com a seguinte 

Ordem do Dia: 1. Leitura da Ata anterior
 2. Planejamento das atividades do ano de 2013

 Data: 07.02.2013 (quinta-feira)
 Hora: 16h
 Local : Academia Norte-Rio-Grandense de Letras


Eduardo Gosson 
Presidente 

CARTAS DE COTOVELO - 2013.13 - CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES - ESCRITOR E VERANISTA.


O ÚLTIMO LUAR

 Esta é a última Carta de Cotovelo, da temporada 2013. Se na chegada para o veraneio era só alegria e expectativa, agora me inunda a saudade de deixar o meu paraíso nesta praia acolhedora. E somente tenho boas recordações, até pela coincidência de ter concluído com um luar sem igual, registrado pela máquina do meu filho Carlos Rosso, para deixar a lembrança de tanta beleza e a servir de paradigma para as temporadas futuras. À noite, a razão dorme e as coisas são o que são. (Exupéry) 
 O período de férias de 2013 foi muito feliz, com toda a família presente e solidária. Tivemos 30 dias de sol, pouco barulho, a não ser o Circo da Folia de Pirangi, que espalha os seus abusivos decibéis por Cotovelo e embaralha o trânsito. Esperamos que com o triste caso de Santa Maria, haja mais rigor e as coisas melhorem em todos os sentidos. A PROMOVEC, mesmo no final, deu o ar de sua graça e convoca reunião dos associados para estudar propostas para a sua reativação. Alvíssaras para 2013/2014, ano da decantada Copa do Mundo em que nossa praia poderá abrigar boa quantidade de visitantes. Coloquei em dia as minhas leituras e escrevi as minhas Cartas, sempre relatando momentos vividos, fatos ocorridos ou fazendo a crítica das obras consultadas, num liame entre o passado e o futuro, através do presente vivenciado, com o seu indispensável lirismo saudosista. Tive, ainda, a alegria de ver ressurgir as chananas (xananas, como preferem os poetas), que haviam sido tiradas pelo setor de limpeza pública, evidentemente por equivoco. No carnaval elas deverão estar florindo novamente. O meu emocional quebrou a minha inspiração, pois é a hora da volta para o aconchego de Natal, retomando as muitas e graves obrigações assumidas para este ano, como sejam, dar colaboração para a renovação do nosso Instituto Histórico e Geográfico do RN, lutar pela recuperação física do casarão de Tavares de Lyra, do prédio da Rampa, da velha Faculdade de Direito da Ribeira, os encargos com a Comissão da Verdade da UFRN, com o INRG, a ALEJURN e a UBE/RN, a conclusão de dois livros, as reuniões profissionais na OAB/RN e os saraus telúricos na Confraria da Livraria Câmara Cascudo, agora um tanto desfalcada com o encantamento do nosso decano Dr. José Pinto. Guardo desse descanso praiano muitos "dizeres e pensares", que a convivência familiar, as visitas dos parentes e amigos e os livros trouxeram. Que bom constatar que na minha idade ainda tenha o que aprender e o direito de sonhar! Desarmei a minha rede. Dei um olhar final em meu quarto. Tive vontade de chorar. NÃO, lágrima atrevida, volta, pois a hora não é de adeus, mas só de um até breve. Afinal, em todo findar existe um amanhecer!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

CARTAS DE COTOVELO - 2013.12 - CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES - ESCRITOR E VERANISTA.


ANTOINE DE SAINT-EXUPERY

O PEQUENO PRÍNCIPE
 EXUPERY

Vejam só, despertado pela polêmica sobre a passagem ou não de Exupery por Natal, dei-me ao trabalho de fazer uma releitura de alguns dos seus livros, como relatei em Carta anterior. Fui além e li outras obras pela primeira vez, como: “Um sentido para a vida” e “Cartas ao Pequeno Príncipe”, além de um ensaio da irmã Rosa Maria: “E o céu sem limite”, Ed. Duas Cidades, São Paulo, 1959. Num resumo da minha tarefa, retornei ao referencial maior desse piloto-escritor: “O Pequeno Príncipe” e então constatei o inusitado - buscava uma coisa e acabei encontrando outra, bem mais atrativa, porque invadindo as cercanias do espírito. Então resolvi selecionar algumas frases e pensamentos resultantes das minhas leituras dos seus escritos e dos de outras pessoas, que podem representar um norte, uma régua ou um compasso para os caminhos a palmilhar. 

 DE SOLIDÃO
 É uma escola para as almas magnânimas, os eternos peregrinos em marcha para a fonte da vida. (Ex) Para as almas fortes, a solidão se torna o prelúdio da ação fecunda. (irmã RM); Ai, a solidão vai acabar comigo! (Dolores Duran) 
 O HOMEM

 Os homens são mesmo assim: as provações servem para lhes consolidar lentamente as virtudes. Temem-se os fantasmas, não se temem os homens. 
 DE VERDADE A verdade é aquilo que simplifica o mundo e não aquilo que cria o caos. A verdade, para o homem, é aquilo que faz dele um homem. 

 DE NOSTALGIA 
A nostalgia é o desejo não se sabe de que. 

 SOBRE A VIDA
 Urge conquistar um sentido para a vida dos homens - a paz ou a guerra. Para salvar a paz basta tomar consciência desse silêncio; Na paz a vida é um círculo fechado. Viver é nascer lentamente. A vida sempre destrói as fórmulas feitas.

 DE AMOR 
Quando um acaso faz despertar em nós o amor, tudo no homem se ordenará de acordo com esse amor, e o amor traz-lhe o sentimento da extensão. 

 DAR E RECEBER
 É preciso dar antes de receber, e construir antes de habitar. 

DE DERROTA
 A derrota pode vir a revelar-se como o único caminho para a ressurreição, não obstante os seus diminutos atrativos.

 A NOITE
 À noite, a razão dorme e as coisas são o que são.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

CARTAS DE COTOVELO - 2013.11 - CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES - ESCRITOR E VERANISTA..



A SAGA DOS ARTISTAS NORDESTINOS

 No limiar do meu veraneio em Cotovelo, terminei a leitura do elucidativo livro "O Fole Roncou", de autoria dos jornalistas Carlos Marcelo e Rosualdo Rodrigues, Ed. ZAHAR do Rio de \janeiro, 2012. Até então tinha noção da trajetória individual de alguns artistas nordestinos, os mais famosos, a partir do Rei do Baião, LUIZ GONZAGA, cujo centenário de nascimento foi comemorado no ano que findou, mas ignorava a verdadeira saga de muitos deles, em especial, da verdadeira corrente de solidariedade que possibilitou, após sacrifícios e sofrimentos, a divulgação para o eixo Rio-São Paulo, o valor e a fibra do nordestino, que justifica o adágio: "o nordestino, antes de tudo, é um forte". A obra começa narrando a viagem de Câmara Cascudo às entranhas do Rio Grande do Norte, percorrendo 1.370 quilômetros de estrada de ferro, e outros tantos usando transportes os mais diversificados, desde o automóvel, canoa, rebocador até hidro-avião, para constatar que o sertão se esvaía. Tinha então 41 anos e lá se iam os idos de 1934. Anotou a construção de açudes, o sofrer do homem rural, a insegurança ainda remanescente do "cangaceirismo", enfim, os seus dramas, seus anseios e potencialidades, que foram divididas em dezessete crônicas publicas em A República e depois condensadas no livro "Viajando o sertão". Dentre os temas desenvolvidos não esquece o estudo de suas danças de antigamente e as estórias transmitidas pelos cantadores e as transformações de costumes ditadas pelo progresso. Partido dessas constatações começa a história de um novo tempo, entre os períodos de 1920 a 1930 com Seu Januário nos forrós das cidades pernambucanas, então acompanhado pelo jovem Luiz Gonzaga, que aprendeu essa habilidade, passando a ser sanfoneiro afamado, eis que confundido com os cabras de \lampião, pois usava vestimentas semelhantes. Na verdade, suas vestes tinham a intenção de evidenciar as tradições do sertanejo e homenagear sua bravura, o foi sendo assimilado até ganhar o título de "Rei do Baião". Em 1950 já era nome respeitado e a disseminação do xaxado e depois o baião, gênero musical que surgiu no Brasil, nas composições de Gonzaga e dos seus grandes parceiros Humberto Teixeira (advogado) e Zé Dantas (médico). O nordeste estava sendo "sanfonizado", criando escola para dezenas de outros grandes instrumentistas, sem desprezar o velho fole de oito baixos: "Luiz respeita Januário"! Os primeiros ensaios de sucesso foram surgindo: Penerô Xerém, Cortando Pano, Xamego, Dezessete e setecentos, culminando com as antologias No meu pé de serra, juazeiro, Baião, Qui nem jiló, Assum preto, Baião de dois e Mangaratiba, até o apogeu da monumental Asa Branca. Vencendo a resistência dos paulistas e cariocas, o consagrado Gonzaga passa a recepcionar outros artistas imigrantes, dando-lhes abrigo de teto, comida e colocação nas emissoras e gravadoras. Nessa levam contabilizam-se Marinês (Rainha do xaxado), Abdias e Cacau, a chamada Patrulha de Choque de Luiz Gonzaga, que veio a criar fama com "Marinês e sua Gente". Seguem-se Zito Borborema e Miudinho. Paralelamente chega ao Rio o jovem José Gomes Filho (Jackson do Pandeiro) que, vencedor em sua carreira adota o mesmo propósito de Gonzaga, dando guarida aos novos conterrâneos Almira Castilho, Zé Calixto, Antonio Barros, Genival Lacerda, João do Vale, o compositor Onildo Almeida e tantos outros. O livro é meticuloso e esclarecedor, mostrando os problemas emergentes de cada década, com a incrível transformação de costumes, de ritmos e de instrumentos, o forrock, forró universitário, gênero sertanejo, numa mistura que, no entanto, não destruiu o tradicional, haja vista o surgimento de novos sanfoneiros e cantores nordestinos, com destaque para Dominguinhos e Anastácia, Alceu Valença, Elba e Zé Ramalho. Desse tempo temos ainda Fagner, Quinteto Violado, Sivuca, Amelinha, Morais Moreira, Waldick Soriano. As mudanças e os amantes de outros gêneros não ofuscaram o xaxado e o baião, pois houve compreensão e apoio da jovem guarda - Roberto Carlos, Erasmo, Wanderléia, os tropicalistas Caetano, Gal, Gil e Betânia. Surgem os programas específicos de apresentadores de Televisão ou criadores de programas ao vivo, como "O forró de Zé Lagoa", de Rosil Cavalcanti, Aberlardo Barbosa (Chacrinha), Chico Anysio e outros mais, que deu emprego a muitos imigrantes. A solidariedade sempre esteve presente entre os nordestinos, mas ganhou espaço entre artistas de outros gêneros, como Antonio Carlos Jobim: Se eu fosse editor, ia buscar no Nordeste: as coisas mais geniais do mundo estão lá., Vinicius de Morais, Angela Maria, do apresentador. O Rio Grande do Norte esteve presente nessa corrente através dos meninos do Trio Irakitan (Edinho, João e Gilvan), Elino Julião, Trio Mossoró (Oséas, Hermelinda e João Batista), e até de um médico-compositor potiguar Janduhy Finizola, que consagrou a "Missa do Vaqueiro", em homenagem a Raimundo Jacó, primo de Gonzaga, pelo menos. Muitos empecilhos à normalidade dos nordestinos aconteceram com os festivais da Televisão, mas outros tantos também vieram em alento, como o Projeto Pixinguinha e outros semelhantes. Hoje vivemos a moda das casas de show, onde o forró se faz presente, fora dos discos, mas criando o interesse de divertimento e com isso garantindo a sobrevivência, dando ensejo às bandas Mastruz com Leite, Calcinha Preta, Aviões do Forró, Cavaleiros do Forró, Garota Safada, etc. Prolifera a "apelações", com letras de duplo sentido, Mesmo diante de sucessivas crises, certamente a música nordestina nunca será esquecida, mercê dos velhos artistas que ainda estão na estrada e novos nomes, como Oswaldinho, Waldonys. Chico Cesar, Jorge de Altinho, Dorgival Dantas, Genário e outros mais. Sei que esqueci muitos outros nomes. Perdoem, mas o importante é ler o livro! O fole nunca mais deixou de roncar! 
 "Porque o que se leva dessa vida, coração, é o amor que a gente tem pra dar."
 (Antonio Barros e Cecéu, consagração na voz de Marinês)

domingo, 27 de janeiro de 2013

A CONFRARIA DA LIVRARIA CÂMARA CASCUDO PERDE O SEU DECANO - POR CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES - ESCRITOR E VERANISTA.



No final do ano que passou escrevi uma série de artigos sobre a morte das livrarias, narrando a sua importância, não apenas para difundir as obras dos escritores, mas por dar guarida a intelectuais que a elas se agregam ao longo dos anos. No segundo artigo, denominado MORRE OUTRA LIVRARIA (Parte II), fiz a narrativa da nossa trajetória, nos termos seguintes: "Não durou muito tempo e fomos convidados por Marconi Macedo, gerente da Livraria Câmara Cascudo e que trabalhara na Universitária e na Potylivros, para continuarmos em nossos encontros num terceiro grupo, com os mesmos Inácio, Bob, Gilvan, Carlos Gomes, Manoel Onofre Junior, Palocha, Manoel Moura, Soares, José Maria, acrescido agora de Manoel Sergio(Juiz), Dr. José Pinto, Pedro Vicente, Edson Gutemberg, Racine Santos, Francisco de Paula Medeiros(Alma de Vaqueiro), o oriental Satoro e, esporadicamente, Volonté, Homero, Ney Leandro de Castro, Antônio Capistrano, Wandyr Villar, Tarcísio Gurgel e outros." Hoje, com pesar, registramos que o nosso confrade DR. JOSÉ PINTO partiu para outra dimensão da vida. Homem bom, ameno, apesar da sua idade vetusta, participava das brincadeiras da turma, que o apontava como possuidor de terras com petróleo e ele, com um sorriso largo, retrucava que dinheiro ganhava o Desembargador Manoel Onofre e tudo terminava em boas risadas. Esteja certo, querido amigo, que a sua presença será sempre registrada em nossas tertúlias. Você não levará falta, pois está justificada a sua partida. Fique agora com Deus e participe da confraria dos que se foram antes, como o Clube dos Inocentes, tendo à frente Cascudinho e Professor Saturnino. Nós nos veremos em breve. 



(na foto o Dr. José Pinto é o terceiro da esquerda para a direita).

sábado, 26 de janeiro de 2013

CARTAS DE COTOVELO – 2013.8 - POR CARLOS ROBERTO DE MITRANDA GOMES - ESCRITOR E VERANISTA.



 APOLOGIA DA PREGUIÇA 

 A preguiça, segundo os léxicos, é um estado de inação que inibe a apetência para o trabalho. Na conceituação dada pelo costume, é um torpor que reduz a atividade laborativa. Pode até ter todos esses significados e ser algo não condizente com o normal. Contudo, quando se está num veraneio, diria que a preguiça vira um estado de graça para o corpo cansado de guerra a merecer uma justa reparação, indiscutivelmente prazerosa e bemfaseja. Assim diz um poeta, que Odúlio Botelho colheu o nome através de Gilson Barbosa, sobrinho do grande Gil Barbosa, como sendo VERÍSSIMO DE MÉLO: Coisa boa é querer bem Ter alguém, namorar. Coisa boa é um xodó, um fobó, vadiar. Coisa boa é o mar e o luar, É caju com pitu, Cafuné, cochilar. ....... Esses versos são um prelúdio à preguiça, sobretudo em sua estrofe final: Coisa boa que se diz e que se faz Na hora que a gente quer. Coisa boa é uma casa, Numa praia, num alpendre, Uma rede e uma mulher. A lembrança me trouxe essas coisas e, preguiçosamente resolvi anotar em um caderno, pois após um bom churrasco e a brisa que sopra do mar não permitem que demore muito fora do ventre da minha rede. Aaahhaaarrr ..... coisa boa é ......

CARTAS DE COTOVELO-2013-10 - CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES - ESCRITOR E VERANISTA.

DOLORES DURAN

COINCIDÊNCIAS 

 Não sei explicar a atração que os mais velhos têm pelas coisas passadas, como guardadas no recôndito da alma, para aflorarem em momentos oportunos. Outra vez, na placidez do meu alpendre da casa de Cotovelo, fico em devaneios com as minhas leituras, ligando os fatos de um tempo bom que passou. Agora terminei de ler o livro sobre Dolores Duran, do jornalista Rodrigo Faour, que oferece passagens da vida daquela extraordinária cantora-compositora que coincidem com a minha passagem pelo rádio, no curto período de 1948-1954. Primeiro, o gosto pelo repertório de Edith Piaf, Noel Rosas e os bolerões de Gregório Barrios, Bienvenido Granda, Fernando Fernandez e as canções de Frank Sinatra e Charles Aznavour. Depois as emoções dos bastidores – a primeira temporada fora do seu lugar, ela e eu, no período 1950/1951, respectivamente para Vitória(ES) e Forteleza(CE), onde travamos conhecimento com pessoas notáveis e fundamentais para a carreira. Da minha parte registro o compositor Luiz Assunção, que me presenteou, com dedicatória, a partitura do samba-canção “Que linda manhã” e que guardo até hoje com muito carinho e que anos depois foi gravada por Rinaldo Calheiros; o maestro Mozart Brandão, com quem fiz algumas apresentações e foi também arranjador de Dolores, que então se transferira para a Tupi de São Paulo; o violonista Evaldo Gouveia, hoje estrela de primeira grandeza no cenário musical do Brasil. Foi nessa época que fiz a minha primeira e única gravação, cujo resgate do disco desgastado pelo tempo e dado como imprestável, foi salvo pela competência do técnico carioca Fernando Acar, juntamente com outra relíquia gravada em um gravador de fio, nos idos de 1949 e transportado para um acetato, tendo de um lado um trio que veio a se chamar Irakitan, cantando a canção “Você não sabe amar” e no outro lado eu cantando “Sin ti”, acompanhado pelo trio. Os componentes do trio – João, Edinho e Gilvan jamais tomaram conhecimento dessa gravação, pois só a resgatei após a morte dos três. Dolores dominava os idiomas inglês, francês e espanhol e eu arranhava o “castelhano” e o “italiano”, chegando a gravar um programa de aniversário da Rádio Poti nos idos de 1953 ou 1954, com as músicas “Novillero” e “Encantesimo”, nas línguas de origem e que delas nunca mais tive notícias. Lembro que o discotecário de então era o radialista Eugênio Neto. Outras coincidências – nossa estatura de menos de 1,60m, que ensejaram apelidos - ela conhecida como “um pinguinho de gente” e eu era “o cantor mignon”, tanto que às vezes, para alcançar o microfone (cabeção), usava o - banquinho do maestro. Tudo o que ela cantava fazia parte do meu repertório eventual, pois o meu forte era o repertório de Silvio Caldas, Augusto Calheiros e Paulo Molin, este último chegou a fazer um programa com Dolores e Déo (o ditador de sucessos), denominado “três num só” e eu cheguei a cantar em programas com Molin e Déo, aqui em Natal. Seus artistas preferidos também eram os meus – Sílvio Caldas, Angela Maria, Elizeth Cardoso, Dóris Monteiro, Ivon Curi, Lúcio Alves e Caubi Peixoto. Tivemos amigos comuns – os meninos do Trio Irakitan, fomos eleitores no mesmo ano, 1958. Éramos constantes leitores da Revista do Rádio e Radiolândia e do escritor escocês A.J.Cronin, que representou para mim o despertar pelo gosto pelos livros. Fomos pintores amadores e alimentávamos temas ligados à solidão. Registro, da mesma época , sua composição "Fim de caso": Eu desconfio, que nosso caso está na hora de acabar" ... enquanto eu compus "Tudo, terminou": "Afinal, terminou nosso amor, mas de um modo banal. Afinal acabou, esse nosso idílio irreal"... Nossos grandes momentos aconteceram em 1954, mas com efeitos completamente opostos, pois Dolores deu impulso à sua carreira que duraria somente até 1959, com seu falecimento aos 29 anos e eu abandonei o rádio, quando já tinha contrato com a Rádio Tamandaré de Recife e possibilidade de gravação na Rosenblit, tendo sido o contrato cumprido por Agnaldo Rayol, optando eu pela dedicação aos estudos, o que me proporcionou incontáveis vitórias e me sustentam além dos 70 anos – coisas do destino! Fica o lamento de nunca ter conhecido Dolores pessoalmente, pelo menos neste plano existencial, mas a sua voz ainda encanta os meus ouvidos e enleva a minha alma. Esta vendo Didi Avelino, o presente que você me deu de Papai Noel?

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

DIVAGAÇÃO - AUTORIA DE SILVIO CALDAS - EM 22-01-2013,-


DESEMBARGADOR SILVIO CALDAS

 O prefeito eleito, Carlos Eduardo, mal empossado já se deu um aumento de 40 por cento nos seus vencimentos. Passa portanto a perceber 20.000 reais a partir de junho. De mim, não toparia enfrentar o desafio de administrar os restos mortais do que sobrou de Natal-Micarla. Mesmo porque não me sentiria competente e seguro para enfrentar tão delicada tarefa. Assim, olhando por esse ângulo, não vejo nada demais que o atual prefeito passe a ganhar R$ 20.000,00 para desempenhar tão árdua tarefa. A não ser que ele vá dormir em berço esplêndido e nos deixe mais uma vez ao “deus-dará”. De qualquer sorte, os menos favorecidos, ou seja, nós pobres mortais ficamos sem entender porque as demais profissionais recebem aumentos balisados por cálculos inflacionários, não passando no máximo a 13 por cento (a maioria fica em torno de 5 por cento), o que torna sem sentido os quarenta por cento que o prefeito se auto-promoveu. E por falar em prefeito, chamou atenção dos brasileiros em geral o fato do ex-presidente Lula ter se deslocado até o gabinete do afilhado Haddad para ministrar lições de administração ao próprio prefeito e sua equipe. Ou Lula realmente é muito bom ou Haddad é muito ruim. E por falar em ruim, vamos falar de coisa boa: a presidenta Dilma tem investido mais em educação do que em obras novas, tipo transposição do São Francisco, que já está caindo aos pedaços.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

CARTAS DE COTOVELO - 2013.7 - CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES - ESCRITOR E VERANISTA.




Mal terminei “O Vendedor de Poesias e outros contos”, de Iveraldo Guimarães, entrei nas “Estórias Gerais”, de Jaime Hipólito Dantas. Estilos de prosa com temáticas diferentes, condizentes com o meio em que viveram os seus autores. Iveraldo explora muito bem os temas ligados ao eco-sistema, com exuberância de detalhes técnicos dos fenômenos da natureza, afinal ele é um biólogo marinho e tem vivência no assunto. Jaime, por sua vez, foi um seridoense, com longa passagem por Mossoró e destino final na capital potiguar, com um desenho de vida no humanismo das pessoas mais simples, embora tivesse formação jurídica sólida, com passagem pelo estrangeiro. Aliou toda a sua experiência profissional, que desaguou no jornalismo provinciano, habilidade de sua preferência, o que fez com maestria e efetiva vocação. Os seus contos retratam estórias do cotidiano, com o gozo ou o sofrer dos personagens, sempre presentes no nordeste sofredor e dentro dos costumes submersos no cenário de sua existência. Foram dois livros que muito acrescentaram aos meus conhecimentos da vida e preencheram bons momentos de preguiça praiana programada para este veraneio de Cotovelo, edição 2013, que já ultrapassa de sua metade, infelizmente. Recebam os meus leitores, com estas considerações, uma indicação ou roteiro de leitura das coisas nossas, as quais serão facilmente adquiridas nos editores Sebo Vermelho, de Abimael Silva e Queima Bucha, para, igualmente como eu, abrandarem as mazelas do dia a dia e sobreviverem sem tédio.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

A ACADEMIA PERNAMBUCANA DE LETRAS INFORMA QUE "ANÊMONAS", LIVRO DA AUTORIA DE CIRO JOSÉ TAVARES, É O GANHADOR DO PRÊMIO "EDMIR DOMINGUES DE POESIA" - VERSÃO 2012 - COM ENTREGA DIA 25-01-2013.


 
CIRO JOSÉ TAVARES


A Academia Pernambucana de Letras comunicou, oficialmente, na data de hoje, que o livro Anêmonas, de autoria de CIRO JOSÉ TAVARES, foi o vencedor do prêmio EDMIR DOMINGUES DE POESIA, VERSÃO 2012. A entrega do prêmio será feita em sessão pública, dia 25 de janeiro de 2013, às 19 horas, durante as comemorações do 112º aniversário da Academia. Na mensagem recebida de Ciro, o mesmo acrescentou: 

"Não poderia deixar de repassar a informação pela amizade que mantemos ao longo do tempo. Aproveito a viagem para ir à Natal, rever os companheiros de lutas literárias e, especialmente, visitar dois amigos que atravessam dias difíceis: Pedro Simões, no Hospital do Coração, e Márcio Pacheco, na Policlínica do Alecrim." PARABÉNS meu amigo e colega de infância. Nossa UBE-RN - se orgulha-se de você". C.Tavares

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Encaminhado para divulgação pela UBE/RN, através de Carlos Gomes.

CARTAS DE COTOVELO - 2013.6 - AUTORIA DE CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES - ESCRITOR E VERANISTA.


E MUDOU ALGUMA COISA? 

 De uma só tirada li o livro “VERDADEIRO - a história do PSD potiguar”, do estimado médico e amigo Lauro Bezerra, que já transitou pelas lides políticas do nosso Estado e testemunhou fatos marcantes e pessoas notáveis. Ao traçar o caminho do Partido Social Democrático, desde o seu nascedouro em 17 de julho de 1945, a nível nacional, no embalo da redemocratização do Brasil, até a sua extinção com o Ato Institucional nº 2, de 26 de outubro de 1965, resgata a biografia de personagens já esquecidas, mas que deixaram um legado para a nossa história. Manteve-se no apogeu, elegendo dois Presidentes da República - o General Eurico Gaspar Dutra e o médico Juscelino Kubitschek, em 1945 e 1955, respectivamente, participando do segundo governo Vargas (1951-1954) e elegendo Tancredo Neves como Primeiro Ministro do efêmero Governo parlamentarista. Suas origens ideológicas pendiam para características conservadoras, pragmáticas e realistas, congregando o clientelismo dos antigos interventores getulistas do Estado Novo, conciliando com os interesses das elites rurais e da burguesia industrial. Registra os eventuais ressurgimentos da legenda, como aconteceu em 1987, no período de transição do regime militar para o civil, onde foi registrado com o nº 41, mas sem expressão e a terceira investida em 2011, com o nº 55, ainda em fase de formatação. Em nosso Estado foi criado em 23 de maio de 1945, tendo em João Severiano da Câmara o seu expoente maior, embora por prazo diminuto, haja vista o seu prematuro falecimento, quando era apontado como o futuro governador. As narrativas do autor me trouxeram lembranças vividas no seio da família, pois “Vanvão” era casado com Dona Maria, irmã mais velha de papai e, tempos depois, com Jessé Freire, casado com minha tia Elza Miranda. Lembro-me da acirrada campanha que levou Aluízio Alves ao Palácio Potengi, em 1960, o qual foi logo trocado para Palácio da Esperança e, em que pese ter realizado uma gestão de grandes progressos, mas, igualmente, plantou uma semente de discórdia e radicalismo, que fez vítimas, uma das quais um cunhado meu, que era declaradamente “Dinartista”. O governador AA empolgava o eleitorado menos esclarecido, cognominado pejorativamente de “gentinha”, utilizando-se de uma dialética populista. Na campanha eleitoral de 1962 dela se utilizou para promover um estado de tensão política, anunciando uma possível “brejeira” no resultado do pleito, caso não houvesse a garantia de força federal, providência algumas vezes reivindicadas pelo TRE-RN e não respondida pelo TSE ao ponto de o Tribunal Regional, com o parecer do Procurador Manoel Varela de Albuquerque, ter determinado a suspensão das eleições no RN, oportunidade em que foi interpelado pelo Presidente do TSE sobre o assunto, sendo mantido o seguinte diálogo: “Senhor Presidente, é verdade que o TRE suspendeu as eleições no RN? Sim, Excelência! Por que? Pela falta de resposta ao nosso pedido de força federal. Mas o General Muricy informou que o Governador do Estado tem condições de garantir o pleito! Senhor Ministro, neste exato momento, em frente ao Palácio da Esperança está sendo realizado um Comício e o Governador aponta para este Tribunal, que fica ao lado, afirmando que ele não quer tropa federal para admitir uma fraude eleitoral.” Termina o diálogo, tendo como conseqüência o chamamento da autoridade militar a Recife, assumindo em seu lugar o Ten-Cel. Rolindino Manso Maciel que determinou o deslocamento da tropa para o interior. Registre-se que por medida de segurança, houve a determinação para que todas as cédulas fossem autenticadas pelos juízes eleitorais e o pleito transcorreu dentro da normalidade e o fogo foi apagado, mas não a história!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

CARTAS DE COTOVELO 2013.5 - AUTORIA DE CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES - ESCRITOR E VERANISTA





A PROPÓSITO DE LUZ DE LAMPARINA 

 Foi um domingo movimentado - manhã de maré baixa, propícia para uma boa caminhada com Thereza. Um chuvisco inesperado, de uma nuvem passageira, não atrapalhou nosso passeio. Um mergulho rápido e retorno à casa para despojar do corpo o sal do mar. Uma cerveja gelada e o aguardo para o churrasco que Ernesto prepara como ninguém. No compasso da espera, subo ao alpendre do meu quarto e, no “ventre da minha rede” continuo as leituras cotidianas. Desta feita “O Vendedor de Poesias”, de Iveraldo Guimarães, edição Sebo Vermelho, do finalzinho de 2012. Cumpridas as tarefas culinárias a “madorna” de fim de almoço e o retorno às leituras. Dopo, antes do sol buscar o seu aconchego, meditei um pouco sobre o que li do livro de Iveraldo e, tomando por empréstimo o prefácio de Vicente Serejo, me transportei para um passado bem distante, na velha Redinha dos anos 50, a qual me pertenceu por umas dez temporadas, onde a luz elétrica cessava pelas 20 horas dando lugar às lamparinas e candeeiros, geradores de sombras distorcidas da realidade, permitindo o descortinar mágico das luzes de Natal. Dominava os seus contornos e as suas pedras mesmo nas noites sem luar, no percurso Maruim - Redinha Clube, que era iluminado por lâmpadas “Colleman”até às 22:30 horas, num tempo de pardais no verde dos quintais, para lá ouvir as estórias do “fogo fátuo” e aparições, fazendo com que o retorno à casa se fizesse com arrepios adrenalínicos. Na Redinha, com outros meninos da minha idade - lembro de Gotardo Emerenciano, pegávamos siris nas gamboas dos manguezais que ficavam a poucos metros dos fundos das nossas casas. Compartilhavam daquele recanto, que eu me lembro, Seu Aldemário e seu Nelson (vizinhos dos dois lados), Seu Pitota, Dr. Dante de Melo Lima, Professor Ildefonso Emerenciano, Seu Maranhão, pai de Neilson (foi Juiz e morreu em um desastre de automóvel num dia 20 de janeiro do ano que não lembro), com quem fazíamos a travessia no barco de Ferrinho para assistir o futebol em Natal. Recentemente estive no Maruim e só encontrei duas casas de pé, a que foi nossa e a de Seu Nelson. Em nossos passeios de bicicleta até o rio doce (hoje a decadente Redinha nova), onde só existia a natureza, era possível “brechar” encontros amorosos. O empinamento de corujas frágeis era o esporte predileto da meninada, concorrendo com pipas possantes dos meninos maiores. Os adultos preferiam o voleibol em frente ao Redinha Clube. Mas não foi só reminiscências da praia, cuja casa foi vendida por papai por dois motivos relevantes – uma aventura num barco que me pôs em perigo de vida e a morte do meu cunhado José Gondim, que também era veranista. Lembrei-me, também, da “rua descalça” (Meira e Sá) onde morava, das batalhas de carrapateiras nos esconderijos formados pela erosão das chuvas, deixando à mostra os canos do Saneamento; das sessões das sextas-feiras no cinema São Luiz, transportado pelos bondes do Alecrim, cuja linha findava na Rua Amaro Barreto, proximidades de onde hoje existe o relógio da Praça Gentil Ferreira. Papai fixava o retorno para as 21,30 horas e, quando o filme era mais longo e o seriado vinha em seguida, a contragosto era forçado a abortar o capítulo para cumprir o horário e, se ao chegar à Amaro Barreto não vislumbrava sinal do bonde, colocava sebo nas canelas e vinha mesmo na “pedagogia”. Papai no portão aguardava-me para fechar o cadeado e o resto da casa para o sono noturno. Foi nesse tempo que encontrei a minha Anajá e conheci algumas Zúlias. Contudo, o tempo foi muito breve, pois logo me voltei para coisa séria e então compreendi “como dói o amor quando ele fica maior que o coração”. As sombras estão chegando com pouca mansuetude, “misturando-se com a claridade moribunda”, permitindo ver a silhueta dos pássaros que retornam para os seus ninhos no restinho de Mata Atlântica que remanesce nas cercanias de Cotovelo. Não dá mais para enxergar com luz natural e acender a lâmpada não vale, perde a graça!

sábado, 12 de janeiro de 2013

CARTAS DE COTOVELO 2013.4 - A TEIMOSIA DA CHANANA - AUTORIA DE CARLOS ROBERTO DE MIIRANDA GOMES, ESCRITOR E VERANISTA.



 Em minhas caminhadas na praia de Cotovelo, sempre me chamou à atenção, a persistência ou teimosia de uma flor silvestre, que permanentemente se multiplica nos terrenos baldios da comunidade praiana - é a "Chanana", que tem o nome científico de tunera guynensis ou turnera ulmifolia. Pois bem, e o que tem isso de tão importante a merecer um comentário nestas minhas Cartas de Cotovelo? Respondo que, primeiramente, ela traz uma beleza rústica ao lugar e em complemento, vem merecendo pesquisas nos centros universitários, com maior destaque para a Professora, Doutora Terezinha Rego, da UFMA, que há cerca de duas décadas vem trabalhando para descobrir a sua utilidade para fins medicinais, com resultados já proclamados no tratamento coadjuvante da aids e do câncer. A chanana é presença constante nas ruas, avenidas, canteiros e terrenos baldios de várias cidades nordestinas, cujo clima propicia a sua reprodução, com uma capacidade incrível de suportar as intempéries, hibernando no inverno e ressurgindo vigorosa quando das estações governadas pelo sol. Foi constatado que o extrato da Chanana tem sido utilizado por pessoas enfermas dos males referidos, principalmente após as sessões de radioterapia e quimioterapia, onde a tintura começou a ser ingerida, como método de tratamento alternativo, havendo a constatação da diminuição de sensação de mal estar e ânsias de vômito que a radioterapia e a quimioterapia causam. Relata-se, ainda, que o uso do extrato vem auxiliando na recuperação do sistema imunológico dos pacientes do vírus da aids, reduzindo diarréias, pneumonias, dores musculares, alergias. “A utilização dos fitoterápicos no tratamento não resultam na cura do câncer, mas refletem no aumento da disposição dos pacientes em relação ao lazer e também na diminuição dos efeitos colaterais de remédios usados no tratamento”, adverte a pesquisadora. Estamos, assim, com oferta da natureza para o socorro das pessoas doentes a custo "zero", sendo suficiente que existam pessoas abnegadas, como a mestra Maranhense e vontade política dos gestores públicos. Por enquanto filio-me ao trabalho de divulgação, fazendo coro com os professores potiguares Geraldo Batista e Diógenes da Cunha Lima, que vêm dando atenção à "chanana". Não custa nada aos nossos novos Prefeitos reservarem em suas cidades um canteiro para manter exuberante a flor silvestre, que somente se apresenta florida nas manhãs, fechando-se no ápice do sol, para somente reabrir no próximo raiar do sol.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

CARTAS DE COTOVELO 2013.2, POR CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES - ESCRITOR E VERANISTA.

LEITURAS PRAIANAS

 Já havia iniciado a temporada de leituras praianas, em pleno deleite de Rodrigo Faour, ed. Record, sobre a minha sempre adorada Dolores Duran - presente natalino do querido amigo Didi Avelino (RN-RJ), quando me vi forçado a uma breve interrupção, para voltar ao tema do momento - passagem ou não de Exupéry por Natal. Reli alguns trabalhos e livros pertinentes, em especial, numa só tirada, Correio Sul, sua estreia na literatura, Voo Noturno, estes da Ed. Europeia do Livro, 1927 e 1931, depois Terra dos Homens, Ed. José Olímpio, 1939, na busca de referências de sua passagem pela Capital Potiguar, como indicam alguns escritores, que assim constataram nos textos do autor de O Pequeno Príncipe. Sim, há uma simplória referência no cap. II do Correio Sul: ... Apressemo-nos, senhores, apressemo-nos ...Mala por mala, o correio se afunda no ventre do aparelho. Verificação rápida: Buenos Aires ... Natal ... Dacar ... Casablanca ... Dacar. Trinta e nove malas. Exato? Como se pode ver, meras divagações do romance, escrito quando o escritor-piloto sequer tinha sido nomeado para dirigir a Aeroposta Argentina (1929-1931). Assim, não tem qualquer cabimento a confusão entre os personagens, Jacques Bernis com Exupéry. No livro Voo Noturno, o chefe Rivière, o inspetor Robineaux ou o piloto Pellerin, ofertam dezenas de diálogos, porém nada sobre Natal. Em Terra dos Homens, que conquistou o Grande Prêmio de Literatura da Academia Francesa, às portas da segunda guerra mundial, 1939, descreve personagens e pessoas reais, abordando a alma humana nas suas delícias e desencantos da vida nômade de um piloto do correio aéreo. Nada sobre Natal. Não é por aí, vou continuar garimpando livros e sites para a busca de algum indício mais confiável. Volto ao porto anterior, pois aguardam-me “O Vendedor de Poesias”, de Iveraldo Guimarães, Ed. Sebo Vermelho; “O fole roncou”, de Carlos Marcelo e Rosualdo Rodrigues, ed. Zahar, mas, prioritariamente, “a noite e as canções de uma mulher fascinante” - Adiléia Silva da Rocha, nossa Dolores Duran, de vida breve (1930-1959), mas de obra sólida e eterna. Era a época de ouro do rádio, veículo de comunicação preferido, com programas de auditório ao vivo, sem a ocupação do cenário pela TV ou novos meios oferecidos pela era da cibernética - apenas os velhos vinis de 78, 45 e 33 rotações, as chanchadas do cinema nacional e o apogeu das grandes orquestras... Severino Araújo, Ruy Rey e os famosos conjuntos musicais. 
Um pouco de saudade não faz mal a ninguém!

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

CARTAS DE COTOVELO 2013.3 - POR CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES.


O turismo de praia é uma das opções indicadas para as cidades litorâneas, como meio de permitir rentabilidade na atividade em cada Município. Para tanto, torna-se necessário, no mínimo, que sejam oferecidos equipamentos urbanos básicos, como segurança, saúde, limpeza pública e comunicabilidade com as autoridades, quando da necessidade de alguma providência. Estamos vivendo os primeiros dias dos novos dirigentes municipais, seja no âmbito do Executivo, quanto do Legislativo e deles a população anseia por soluções inadiáveis para problemas crônicos das cidades. Em Natal, particularmente, estamos vendo o Prefeito agindo providencialmente para restituir à capital potiguar a atração turística tão decantada na mídia nacional e internacional, embora no campo dos edis, ainda prevaleça a disputa de salas para instalação dos seus gabinetes e a criação de novos cargos comissionados, enquanto a cidade espera que saiam do casulo e vereiem pela urbe pontuando seus problemas e providenciando as soluções. Há exceções, obviamente! Na praia de Cotovelo, pertencente ao Município de Parnamirim, parece que ainda está na ressaca das festas de final de ano velho e entrada de ano novo, pois a sua orla apresenta o indesejável lixo que afasta os turistas e mesmo os usuários que a procuram. Muito resto de coco, plásticos em profusão e outras coisas mais, com resultado negativo já constatado com a morte de duas tartarugas engasgadas com a sujeira levado pelo refluxo da maré. A propósito, lembro-me de uma velha composição do querido Dosinho, conhecida como “Ponta Negra”, no trecho desses versos: Os seus coqueiros que crescem bastante Querendo o céu alcançar, Mas os seus frutos que descem constantes, Querendo ficar com o mar... Os frutos de agora não são dos coqueiros românticos que embelezavam a orla marítima da cidade, mas os comercializados sem escrúpulos, para consumo dos praianos, sem que haja uma advertência para o despejo dos dejetos, com penalidades para uns e outros, sob a providência de cassação da licença para esse tipo de comércio. Aliás, o próprio cidadão deveria estar consciente desse dever ecológico, embora tal aconteça em exemplos de poucos ou de raras entidades privadas, como recentemente foi exemplo o pessoal do Aéro Clube de Natal. Alô, alô, Senhores e Senhoras Vereadores, as cidades litorâneas aguardam suas visitas para a constatação dos problemas e ações de reparação, mantendo íntegra a atração aos daqui e alhures.

ESCRITOR MANOEL ONOFRE JÚNIOR LANÇA LIVRIO NO FINAL DO MÊS: LITERATURA ETC.


MANOEL ONOFRE JÚNIOR
LITERATURA ETC.

A obra "LITERATURA ETC. CONVERSAS COM MANOEL ONOFRE JR"., é composta por algumas entrevistas concedidas a jornais e sites (Incluindo uma feita por Eduardo Gosson e Paulo Jorge Dumaresq, para a UBE-RN) pelo escritor Manoel Onofre Júnior, ao longo dos seus quase 50 anos dedicados às letras potiguares. Autor de cerca de 30 livros, entre contos, crônicas e ensaios, Manoel Onofre Júnior entrou ainda muito jovem para a História da Literatura Potiguar, ao participar da primeira antologia de contos do estado, organizada por Nei Leandro de Castro (1966), dois anos após sua estreia com o livro “Serra Nova”. Algum tempo após o feito, nos presenteou com o livro “Estudos Norte-rio-grandenses”, recebendo o prêmio Câmara Cascudo do ano de 1975. Nas décadas seguintes Manoel Onofre Júnior continua produzindo intensamente e dá uma das suas maiores contribuições à ficção potiguar com o livro “Chão dos Simples”, uma importante obra regionalista, que viria, pioneiramente, tornar-se peça de teatro, através do diretor e ator Lenicio Queiroga (1997). Em 2004 é homenageado pelo escritor Francisco Fernandes Marinho, com a obra “Manoel Onofre Júnior 40 Anos de Vida Literária”, reunindo todo o seu material literário até aquele ano. Depois, Manoel Onofre Júnior continuaria contribuindo significativamente para a nossa cultura literária, com obras tais como: “Simplesmente Humanos”, “Portão de Embarque – Brasil - Brasis”, “Portão de Embarque 2 – Portugal”, “Conversa na Calçada”, e “Alguma Prata da Casa”. Ex-juiz de Direito, Desembargador aposentado, Manoel Onofre Júnior é membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras, ocupando a cadeira nº 05, cujo patrono é Moreira Brandão e teve, como primeiro ocupante, Edgar Barbosa. As entrevistas reunidas neste trabalho, expressam o itinerário intelectual do escritor potiguar, no ensejo do seu setuagésimo aniversário natalício, mas, também, revelam, em boa parte, um painel da literatura e da vida literária no Rio Grande do Norte.

 O lançamento será dia 31/01/2013
Hora: 18 às 23.
Local: Livraria Nobel da Av. Salgado Filho 

 THIAGO GONZAGA

domingo, 6 de janeiro de 2013

CARTAS DE COTOVELO 2013.2 - AUTORIA DE CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES (*)

CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES

LEITURAS PRAIANAS 

 Já havia iniciado a temporada de leituras praianas, em pleno deleite de Rodrigo Faour, ed. Record, sobre a minha sempre adorada Dolores Duran - presente natalino do querido amigo Didi Avelino (RN-RJ), quando me vi forçado a uma breve interrupção, para voltar ao tema do momento – passagem ou não de Exupéry por Natal. Reli alguns trabalhos e livros pertinentes, em especial, numa só tirada, Correio Sul, sua estreia na literatura, Voo Noturno, estes da Ed. Europeia do Livro, 1927 e 1931, depois Terra dos Homens, Ed. José Olímpio, 1939, na busca de referências de sua passagem pela Capital Potiguar, como indicam alguns escritores, que assim constataram nos textos do autor de O Pequeno Príncipe. Sim, há uma simplória referência no cap. II do Correio Sul: ... Apressemo-nos, senhores, apressemo-nos ...Mala por mala, o correio se afunda no ventre do aparelho. Verificação rápida: Buenos Aires ... Natal ... Dacar ... Casablanca ... Dacar. Trinta e nove malas. Exato? Como se pode ver, meras divagações do romance, escrito quando o escritor-piloto sequer tinha sido nomeado para dirigir a Aeroposta Argentina (1929-1931). Assim, não tem qualquer cabimento a confusão entre os personagens, Jacques Bernis com Exupéry. No livro Voo Noturno, o chefe Rivière, o inspetor Robineaux ou o piloto Pellerin, ofertam dezenas de diálogos, porém nada sobre Natal. Em Terra dos Homens, que conquistou o Grande Prêmio de Literatura da Academia Francesa, às portas da segunda guerra mundial, 1939, descreve personagens e pessoas reais, abordando a alma humana nas suas delícias e desencantos da vida nômade de um piloto do correio aéreo. Nada sobre Natal. Não é por aí, vou continuar garimpando livros e sites para a busca de algum indício mais confiável. Volto ao porto anterior, pois aguardam-me “O Vendedor de Poesias”, de Iveraldo Guimarães, Ed. Sebo Vermelho; “O fole roncou”, de Carlos Marcelo e Rosualdo Rodrigues, ed. Zahar, mas, prioritariamente, “a noite e as canções de uma mulher fascinante” - Adiléia Silva da Rocha, nossa Dolores Duran, de vida breve (1930-1959), mas de obra sólida e eterna. Era a época de ouro do rádio, veículo de comunicação preferido, com programas de auditório ao vivo, sem a ocupação do cenário pela TV ou novos meios oferecidos pela era da cibernética - apenas os velhos vinis de 78, 45 e 33 rotações, as chanchadas do cinema nacional e o apogeu das grandes orquestras... Severino Araújo, Ruy Rey e os famosos conjuntos musicais. Um pouco de saudade não faz mal a ninguém!

 (*) Escritor e veranista

DOIS POEMAS DE HORÁCIO PAIVA PARA O PRIMEIRO DOMINGO DE JANEIRO


 HORÁCIO PAIVA

OS MORTOS ESTÃO AO MEU LADO



-de pires na mão esperais
a revolta que não chega


-os mortos estão ao meu lado
mas se recusam a combater


-talvez não mais acreditem
em petardos e heróis
ou porque estando mortos
não tenham mais vida a perder


-o tempo passou para eles
e se passou para eles
passou para mim também  

*********************************                    
À TARDE VAMOS À PRAIA 

 nunca sabemos quando o mar nos quer

 -à tarde vamos à praia e desafiamos as ondas
 que bebem nossos planos de conquista

 -também procuramos encontrar o rosto do sol
 mas este segue o poente
 e se esconde aos não iniciados

 -assim jamais obtemos resposta e à nossa revelia o destino
 vagos enigmas planta na areia.


 -o vento os confunde e os refaz e de novo indecifráveis aos sonhos do coração agonizante

sábado, 5 de janeiro de 2013

IMORTALIDADE ACADÊMICA E A TEORIA DA ADIMPLÊNCIA, POR RICARDO BEZERRA. TEXTO DEDICADO, IN MEMORIAM, AO ESCRITOR JOACIL DE BRITO PEREIRA.


DR. RICARDO BEZERRA
Este é um pequeno texto para reflexão quanto às atuais argumentações dos dirigentes de instituições culturais quanto aos acadêmicos eleitos e que, além de desaparecerem das ações culturais e administrativas da Instituição, são fiéis inadimplentes quanto às pequenas contribuições financeiras fixadas pela Diretoria para uma receita mínima que visa unicamente custear pequenas despesas originárias da Instituição. Academia é uma “Sociedade ou agremiação, com caráter científico, literário ou artístico”. Desta forma ela é um conjunto dos seus membros, denominados “acadêmicos”. As academias possuem seus quadros acadêmicos através dos seus patronos que, conforme sua localidade ou abrangência geográfica, normalmente são escolhidos pelos Acadêmicos no momento da criação da Instituição, entre pessoas ilustres já falecidas e que sejam representativas e que estejam inseridas no contexto da Instituição. O Patrono, diante do número de cadeiras que passam a formar a Academia, passa a deter um numeral que irá designar a partir daquele momento a Cadeira a ser pleiteada por quem se considere apto a ocupá-la e que para isto sofrerá o sufrágio dos Acadêmicos já empossados. Este princípio não se aplica ao momento de criação de uma Instituição porque os fundadores não passam pelo citado sufrágio, mas são por todos os integrantes fundadores automaticamente já eleitos. Isto não os afasta da reflexão ora apresentada da inadimplência, como, também, do isolamento das ações culturais e administrativas da Instituição. Denominamos genericamente de “escritor” aquele que passa a pleitear uma vaga ou uma Cadeira em uma Academia de Letras, mediante o falecimento de um Acadêmico. Ora, a pretensão do Escritor passa a ser a de alcançar a IMORTALIDADE. A Imortalidade é de duração perpétua. Neste conceito de perpetuidade defino que o Acadêmico enquanto vivo detém apenas a qualidade de imortal e não a imortalidade. Assim, ao ser eleito e após devidamente empossado passa a usufruir da imortalidade, que nunca terá fim; que jamais será esquecido por estar eternizado na memória dos homens. Esta eternização absorvida pelo Escritor o faz caminhar entre duas correntes administrativas das Instituições Culturais. A primeira é que a luta ou o trabalho político-administrativo para inscrição e eleição para a Cadeira momentaneamente vaga tem sua revitalização quando o Acadêmico se torna um Escritor participativo das ações culturais e administrativas da Instituição e quando contribui com o pagamento dos valores, mensais ou anuais, atribuídos como receita da Instituição e devidos pelos Acadêmicos. A segunda corrente é quando o Escritor possui no seu íntimo a intenção da “busca pela imortalidade” apenas para composição curricular e status social, abandonando logo em seguida as ações culturais e administrativas das Instituições e, principalmente, não pagando mais qualquer valor contributivo para os cofres da Instituição, passando a compor um QUADRO DE EFETIVOS INADIMPLENTES DA PERPETUAÇÃO ACADÊMCIA. Quando tratamos de ACADEMIA fazemos uma associação imediata à Academia Francesa de Letras e à Academia Brasileira de Letras. Estas Instituições tradicionais e conservadoras dos princípios acadêmicos jamais colocarão em discussão a inadimplência acadêmica. Porém, as demais Instituições já passam a discutir o tema e algumas já colocam em seus Estatutos a perda do Título de Acadêmico em virtude da inadimplência acadêmica e assiduidade nas ações culturais e administrativas da Instituição. Considerando que o Escritor eleito para uma Cadeira em uma Academia de Letras, onde esta tem caráter de uma “sociedade” e que nesta sociedade o Escritor, na condição de pessoa enquanto viva detém apenas a qualidade de imortal e não a imortalidade, por ser esta de duração perpétua e que nunca terá fim, onde jamais será esquecido por estar eternizado na memória dos homens, dar-se-á como perpetuado após a sua morte. O conceito de imortalidade passa, então, a não mais ser definitivamente agregado ao Escritor eleito para uma determinada Cadeira de uma Academia de Letras, mas quando efetivamente fizer cumprir através de suas ações culturais e administrativas, como da adimplência, os objetivos da Instituição, até que a morte o venha consagrar com a IMORTALIDADE. Dedico este conceito de imortalidade ao Escritor Joacil de Brito Pereira que em sua trajetória Acadêmica (Academia Paraibana de Letras; Instituto Histórico e Geográfico Paraibano; Academia de Letras e Artes do Nordeste - Núcleo Paraíba; entre outras) foi digno ao cumprir com veemência os princípios que norteiam a verdadeira IMORTALIDADE.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

AINDA SOBRE EXUPÉRY - CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES.




 Ansiei por muito tempo, a publicação desse livro "ASAS SOBRE NATAL", do escritor João Alves de Mello, narrando a passagem de pilotos por esta cidade e Parnamirim, em particular sobre Antoine de Saint Exupéry. Infelizmente, nele não enxerguei a afirmativa sobre a estada em Natal do extraordinário escritor.. As fotografias apresentadas à página 168 do livro possuem nominata dos personagens, uma delas reproduzida na última página (450) apontando Exupéry como o de nº 2, parecendo-me, não necessariamente ter sido feita pelo autor da obra. Aliás, nessas anotações consta a mesma pessoa com nomes diferentes: "Emont" (rádio) e "Ezan" (rádio), que na última página corresponde ao de numeração 3. Tal fato, no entanto, não diminui a qualidade da obra, rica em detalhes e trazendo, em relação a Exupéry um texto do jornalista francês e historiador da história da Latecoere Jean-Gerard Fleury, contemporâneo do piloto-escritor do Pequeno Príncipe, onde é enfático: ..."Todos os seus companheiros fizeram muitos voos sobre o Brasil. Mas ele só transitou por aqui rapidamente. Conhecia bem o Rio e Natal, porém, mas (sic) como passageiro de navios. Como os monoplanos Laté dificilmente poderiam vencer uma longa travessia, como a do Atlântico, navios tipo destróieres, faziam a viagem, em tempo record entre Dakar/Natal, onde os sacos de correspondências eram colocados nos aviões que partiam rumo ao sul."... Aliás, ele faz um comentário que coincide com os mesmos argumentos que usei durante um debate em evento realizado no Museu Câmara Cascudo, com o Cel. Hippólyto da Costa, numa mesa em que estavam também presentes o jornalista Vicente Serejo e o escritor Pery Lamartine, onde contraditei o pensamento daquele ilustre militar da reserva, quando afirmou da impossibilidade de Exupéry ter vindo a Natal porque o seu avião não possuía estabilidade para o tráfego entre Buenos Aires e Natal e eu ponderei – “a vinda daquele famoso piloto a Natal, em viagem certamente de fiscalização da linha, não necessariamente teria de acontecer pelo ar, pois ele costumava viajar de navio, como foi desde a primeira vez em que veio para a América do Sul”! Mas o assunto permaneceu sem uma conclusão dos participantes daquele evento. Pesquisei na internet no site do Instituto Saint Exupéry (www.saintexupery.com.ar) onde há uma coluna chamada “Les lieux”, com o desenho de um globo terrestre assinalando no mapa do mundo, em vermelho, os pontos da linha francesa e, no Brasil, está assinalada Natal, com o seguinte texto: "Natal – Brésil Natal est Le point d´Ámérique Du Sul Le plus rapproché de La côteafricane d´où l´Aéropostale envisageait de farire partir lês avions devant assurer une laison transatlantique exclusivement aéronautique. C´est donc à Natal qu´amerrit en 1939 l´hydravion de Jean Mermoz, premier pilote à accomplir cet exploit. En as qualité de chef de l´Aeroposta Argentina, Antoine de Saint Exupéry se rend à plusieurs reprises a Natal sans que l´on puísse établir avec précision lês dates. On raconte qu´on peut encore y voir La Maison ou il aurait logé lors de sesdifférentes visites. On raconte que l´idée dês baobabs qui menacent la planète du Petit Prince lui aurait été suggérée par um arbre géant vu à Natal." Tradução feita gentilmente pela Professora Madalena Rosado: "Natal é o ponto da América do Sul mais próximo da costa africana, onde a Aeropostale visava fazer partir os aviões devendo assegurar uma ligação transatlântica exclusivamente aeronáutica. É pois em Natal que amerrisa em 1939 o hidroavião de Jean Mermoz, o primeiro piloto a completar essa exploração. Na sua qualidade de chefe da Aeroposta Argentina, Antoine de St. Exupery esteve várias vezes em Natal sem que se possa estabelecer com precisão as datas. Conta-se que ainda se pode ver lá a casa onde ele teria se alojado nas diferentes visitas. Conta-se que a ideia dos baobás que ameaçam o planetas do Pequeno Príncipe. lhe teria sido sugerida por uma árvore gigante vista em Natal." Nesse site não existe uma só fotografia com Saint-Ex usando óculos, nem com o seu corpo com aparência de sobrepeso, como aparece nas fotografias do livro de João Alves, com uma estatura não condizente com o que se comentava - ser um homem alto. Quando escrevi e publiquei o livro em homenagem ao meu sogro Rocco Rosso, que foi funcionário da Latecoere (Air France), morando em Parnamirim, apresentei o seu registro, como fotógrafo amador, de vários acontecimentos que envolviam os pilotos, inclusive apresentando fotografias de Exupéry, que havia tirado no campo de aviação e de outros pilotos, que fizeram parte de um álbum enviado para o Concurso Internacional promovido pela Air France, onde logrou um honroso 2º lugar, com premiação e o agradecimento da Companhia por ter oferecido subsídios para o acervo da empresa, consequentemente, não tendo sido desclassificada nenhuma das fotografias que compunham o seu álbum de concorrência, o que lhes dá autenticidade. Além de depoimentos importantes que transcrevi e opiniões de pessoas respeitáveis, apresentei até um extraordinário achado de Vicente Serejo - um texto do próprio Exupéry sobre o desaparecimento de Mermoz, com o título "Depois de 48 horas de silêncio", que mereceu tradução do jornalista Mário Ivo Cavalcanti, e o comentário de Serejo ... "Mas, sua descrição do espelho de água e do terreno cheio de formigueiros também não parece ser apenas por ouvir dizer." E agora José! Vamos considerar o assunto encerrado? Exupéry esteve efetivamente em Natal, como defende Luiz Gonzaga Cortez e Diógenes da Cunha Lima, ou com as frustrantes provas fotográficas, como afirmam Pery Lamartine e Fred Nicolau, indiciam que ele não passou por aqui? E o texto traduzido do Instituto Saint Exupéry não tem valor? No meu entender, as provas pela sua passagem por Natal são mais consistentes e até lógicas, pois um Diretor da Air France para a América do Sul não visitar o ponto mais importante do continente, seria uma irresponsabilidade! Para mim Saint-Ex esteve em Natal, mas o assunto não “c´est fini”.


(*) Advogado e escritor

CARTAS DE COTOVELO (2013.1) - AUTORIA DE CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES.


Mais um veraneio começa na região nordestina, tendo o condão de atropelar o calendário dos negócios e das coisas mais sérias do ano que se inicia, perdurando até o carnaval. Veranear não deve ter a compreensão simplória dos dicionários, como simples lugar distinto da residência, geralmente nas praias, serras, lagos ou montanhas, conforme a localidade onde cada um vive. Sua real característica permite revigorar a força física, fazer um hiato na labuta cotidiana e um reencontro com a paz interior. Dou-me a esse deleite desde os idos de 1947, que começou na Barra do Cunhaú, depois na Redinha, por muitos anos e há mais de quatro décadas na praia de Cotovelo, onde encontrei o meu “Nirvana” espiritual. A visão do veraneio varia com a idade. Quando criança, nada mais do que o lazer dos banhos à toda hora, pescarias e caminhadas. Na adolescência, prepondera a convivência fraternal com os amigos e amigas, alguns folguedos, no bom sentido e os primeiros eflúvios do amor. Faz-me, lembrar um filme que se passou num veraneio em uma praia italiana, onde um garoto, mais ou menos da minha idade (16 anos), interpretado pelo ator Gino Leurini realizou a sua primeira aventura amorosa, com uma “Donna” mais velha que ele, que o transformaria psicologicamente para a vida, tal a intensidade de sentimento naquela descoberta. Isso também me impregnou até os dias presentes, embora neste instante da vida, somente pelo desejo de conseguir de algum colecionador uma cópia daquela película “Amor de Outono”. Ainda tenho a esperança de conseguir! Ao chegar a maturidade aflora a fraternidade, numa convivência harmoniosa entre a família e amigos. Esta é a fase mais duradoura, permitindo impulsos de criatividade intelectual e habilidades manuais nos campos da pintura, marcenaria, hidráulica e eletricidade, nem sempre bem sucedidas! Mas quando se atinge a terceira idade, se eleva acentuadamente o pendor romântico e literário, pelas lembranças dos momentos vividos e felizes, dando a tudo uma visão especial, seja de um beija flor, um búzio, um luar ou qualquer outra visão do belo e do bom. No veraneio leio vorazmente e escrevo com o mesmo apetite, entrecortados com uma geladinha ou scotch com água de coco. Foi num veraneio na Redinha, que aprendi uma canção da autoria do meu pranteado irmão Fernando, composta quando ainda adolescente, que tem a seguinte letra: REDINHA, praia linda e sem igual. Poema lírico e imortal, onde nasceu nosso amor. REDINHA, em teus recantos lindos, Lembra-me o tempo de menino Colhendo búzios em multi-cor. REDINHA, de casas de palha e bangalô, Onde não há escravo nem senhor, Todos ali são iguais. REDINHA volto de novo ao teu seio, Para viver sem receio Aqueles tempos ideais.


Escritor e veranista