sábado, 31 de maio de 2014

CRÔNICA DA SAUDADE – III POR EDUARDO GSSO


 
EDUARDO GOSSON 

Hoje, 01 de junho, faz 55 anos que faço parte deste mundo. Nasci na Maternidade Januário Cicco, às 7h 20m, com 2,7 quilos e setecentas gramas. Praticamente, um galeto. Nesta primeira infância sofri de um problema intestinal, que o meu médico Dr. Wilson Ramalho, diagnosticou como gastroenterite, uma pequena inflamação nos intestinos. Meus filhos FAUSTO E THIAGO (gêmeos univitelinos) nasceram com o mesmo problema, só que mais acentuado daí que, quase tudo que comiam ,não fazia digestão, não virava bolo fecal. Faço essas breves considerações porque “no tempo não havia horas”, só a eternidade como testemunha. E lá se vão 22 anos presenciando as coisas boas e más da vida. Nessa data juntávamos a família e íamos todos para o Farol Bar aproveitar os prazeres da carne: picanha e outras iguarias. Revendo os álbuns de família revejo os enteados Pedro Neto (04 anos), Maria Lorena (06 anos) e os filhos Thiago e Fausto (08 anos). E aperta uma saudade imensa, principalmente porque falta um – FAUSTO que resolveu antecipar a volta para o Pai Celestial. Diz o Poeta português FERNANDO PESSOA: “ah! Sozinho na beira do cais nesta manhã de verão: toda saudade é um cais de pedra”. Também participavam as tias Jamyles e Hulimase (eternas mães, avós e bisavós) e avó Regina, sempre bem arrumada e cheirando a perfume francês”. Pronta para fazer negócio: para ela tudo tinha valor de troca, de uso. E as atividades comerciais deixavam-na feliz. Hoje a Terra ficou mais pobre com a sua partida e o Céu ganhou novas cores. Eu não sabia que doía tanto!

segunda-feira, 12 de maio de 2014

A DIMENSÃO SÓCIO - CULTURAL DO PETRÓLEO; UMA HISTÓRIA DO PETRÓLEO POTIGUAR - TOMISLAV R. FEMINICK




 No Rio Grande do Norte, as atividades de extração e/ou refino do petróleo estão presentes em dezesseis Municípios: Afonso Bezerra, Alto do Rodrigues, Apodi, Areia Branca, Assú, Caraúbas, Carnaubais, Felipe Guerra, Governador Dix Sept Rosado, Guamaré, Macau, Mossoró, Pendências, Porto do Mangue, Serra do Mel e Upanema. Natal, a capital do Estado, sedia uma unidade administrativa da Petrobras. Segundo a ANP-Agência Nacional de Petróleo (Boletim da Produção de Petróleo e Gás Natural, set 2013), o campo do Canto do Amaro, no Município de Mossoró, é o campo petrolífero brasileiro que tem o de maior número de poços produtores: 1.109 poços. A unidade de refino, a Refinaria Potiguar Clara Camarão está localizada no Município de Guamaré e, como decorrência de sua existência, a Petrobras e sua controlada Transpetro, têm na região 556 quilômetros de oleodutos e 542 quilômetros de gasoduto. Além do Econômico Mas a indústria petrolífera não deve ser vista somente pelo prisma econométrico ou com uma visão meramente empresarial. Além de uma atividade multiplicadora de oportunidades, de negócios, de empregos e impulsionadora das receitas públicas, ela transforma a realidade das comunidades, das regiões e até dos países, interferindo diretamente na vida das pessoas. E não poderia ser diferente o que aconteceu nas regiões oeste e costeira norte do Rio Grande do Norte. Comunidades rurais praticamente saltaram do século XIX para o século XXI. Pessoas que antes trabalhavam “na enxada” se tornaram “torristas” nos poços de petróleo, analfabetos tiveram que se alfabetizar e – benfazejo paradoxo – nas suas casas as lamparinas, que antes queimavam querosene de petróleo, deram lugar à luz elétrica. Para não falar nos aparelhos de TV e celulares, nas geladeiras, maquinas de lavar... e nos computadores. Calcula-se que, antes da crise que se abateu na indústria petroleira do Estado, os empregos diretos na cadeia produtiva do petróleo tenham alcançado a casa de vinte mil pessoas e que os empregos indiretos tenham atingido algo por volta de quinze mil vagas, ou mais. Atualmente, no Rio Grande do Norte há aproximadamente 11.500 pessoas que trabalham nas empresas petrolíferas, sendo 2.500 na Petrobras e 9.000 nas outras empresas. Construindo a infraestrutura As empresas de petróleo que trabalham no Rio Grande do Norte (principalmente a Petrobras) vêm realizando um trabalho de integração com a população local, que tem trazido grandes benefícios para as pessoas e melhorado o seu padrão de vida. Ainda nos anos 1990, a Petrobras repassou às comunidades dos vales do Açu e Mossoró mais de 220 poços d’água, alguns equipados com caixas d’água e chafarizes. As instalações de telecomunicação da empresa, localizadas na serra do Mangue Seco (Guamaré), foram disponibilizadas para a retransmissão do sinal de TV para as comunidades vizinhas e para o sinal da telefonia celular na região, inclusive no Alto do Rodrigues. O sistema viário rodoviário do Rio Grande do Norte foi outro setor que recebeu grande contribuição da Petrobrás. Foi construída a estrada RN-408 (ligando Alto do Rodrigues/Carnaubais) e um trecho da RN-118, a "Estrada do Óleo", (que liga Guamaré a Alto do Rodrigues). Foi recuperado um trecho da rodovia RN-016 (Carnaubais/Assú) e reconstruídas a rodovia RN-117 (Mossoró/Carnaubais) e a RN-118 (Macau/Assú), totalizando 144 km. Alem do mais foram construídas pontes metálicas em estradas de Upanema, Alto do Rodrigues, Governador Dix Sept Rosado e na RN-408 (Alto do Rodrigues/Carnaubais). Construindo a Cultura Na área de ensino, a estatal criou os programas Criança Petrobras e Mova Brasil, que inicialmente funcionavam em Natal, Mossoró e Macau, e foram estendidos à outras cidades; milhares de jovens já foram atendidos pelos programas. No âmbito da cultura, a estatal participou, direta ou indiretamente, de empreendimentos tais como a preservação do Lagedo de Solidade, no Município de Apodi, do Teatro Dix-huit Rosado e do espaço Estação das Artes, em Mossoró, do projeto Porto de Ama, em Macau, criou a Casa de Talentos, a Orquestra de Talentos e a Lutheria Talento e contribuiu para a reforma da Casa da Ribeira, estes últimos em Natal. OS ROYALTIES DO PETRÓLEO Royalty é uma quantia de dinheiro que se paga para o uso de determinada tecnologia, desenvolvida por outra pessoas ou empresa que não o usuário. Também identifica os valores pagos aos criadores de obras de arte (livros, peças teatrais, composições musicais, roteiros de filmes, imagens, pinturas ou esculturas) e marcas e patentes. No Brasil o maior volume de royalties se origina no pagamento de direitos sobre extração de produtos minerais, notadamente o petróleo. Art. 3º da Lei Lei 9.478/1997 diz que “Pertencem à União os depósitos de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos existentes no território nacional, nele compreendidos a parte terrestre, o mar territorial, a plataforma continental e a zona econômica exclusiva”. Assim, as companhias que extraem petróleo ou gás natural em todas essas regiões pagam ao governo federal pelos seus direitos exploratórios e, por outros dispositivos legais, estão também obrigadas a pagar aos Estados, Municípios, aos proprietários das terras, bem como aos Ministérios da Marinha e da Ciência e Tecnologia. Em 2012, o Rio Grande do Norte recebe algo em torno de R$ 500 milhões de reais, considerando a participação do Estado, dos Municípios produtores e dos proprietários de terras onde há extração de petróleo e gás (ver quadro 01). Sem dúvida esses recursos têm sido de relevante importância para a sustentação dos serviços públicos e para o sustento das famílias dos proprietários de terra. Porém nem sempre se faz bom uso dos royalties. Os futuros recebimento do Estado, por conta da exploração petrolífera em seu território, estão empenhados na composição do fundo garantidor que foi formado para a construção da Arena das Dunas. Em 2012 o governo do Estado recebeu royalties no montante de R$ 248 milhões e R$ 70 milhões é quanto o fundo garantidor deve sempre manter em caixa para pagar a construtora do estádio. Quadro 01 - ROYALTIES DISTRIBUÍDOS (Mil R$) Beneficiários 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Rio Grande do Norte 140.946 163.848 181.023 180.150 159.577 213.647 140.129 158.934 205.981 248.237 Municípios 97.011 112.259 132.556 145.622 123.913 165.629 126.730 148.721 185.078 231.576 Proprietários de terra 19.417 23.638 26.601 28.247 24.108 31.562 20.493 24.916 33.907 41.569 Total 257.374 299.745 340.180 354.019 307.598 410.838 287.352 332.571 424.966 521.382 Formatado pelo autor, com base em dados da ANP. Um caso realmente atípico é Guamaré, onde se localiza a Refinaria Potiguar Clara Camarão que, de 2002 a 2011, recebeu R$ 202 milhões de reais em royalties. No mesmo período, o Município trocou de prefeito oito vezes. As contas de três deles foram reprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado e um foi preso, acusado de desvio de verbas. Embora seja o Município brasileiro com a 20ª colocação do “PIB per capta” (total da renda do Município dividida pelo número de habitantes), com R$ 90.230 reais por pessoa, quase o triplo da renda dos moradores da cidade de São Paulo, isso nada significa para a grande maioria da população. O exemplo típico – apontado pela revista Exame em agosto de 2012 – seria a comunidade de Morro do Judas, um bairro com ruas de terra, sem água, luz e esgoto. Para os moradores dos bairros iguais a esse, a boa colocação do PIB per capta é apenas um registro estatístico, enquanto “os analfabetos representam mais de um quinto da população (o dobro da média brasileira) e quase 10% vivem na extrema pobreza”. O modus operandi da administração local tem sido o assistencialismo: “um quarto da cidade trabalha na prefeitura [...], 2.300 famílias recebe da prefeitura um cartão com 120 reais para gastar no comércio. Outras 267 estão no programa de auxílio-aluguel. Há ainda 1.604 beneficiadas pelo Bolsa Família” – ainda segundo a revista. AS EMPRESAS DO POLO PETROLÍFERO Afora a própria Petrobras, a Transpetro e outras empresas subsidiadas da companhia estatal, estima-se que mais de trezentas organizações empresárias atuam, atuaram ou poderão vir a atuar no Rio Grande do Norte em função da existência do petróleo e do gás na Bacia Potiguar. Aqui elas desenvolveram suas atividades nas áreas de prospecção, extração, refino ou transporte de insumos e produtos, ou dão suporte em atividades suplementares as mais diversas, realizando serviços de engenharia, segurança, transporte de pessoal, alimentação, hospedagem etc. Graças a sua participação na cadeia produtiva do petróleo, essas empresas criam aqui empregos, dinamizam a economia e pagam impostos. Uma publicação da Petrobras cita a empresa Vipetro como exemplo de uma organização de Mossoró que se desenvolveu prestando serviços a Petrobras e outras empresas do setor, e que expandiu sua atuação para empreendimentos em outros Estados e para outras atividades econômicas. Desde os anos 1980, quando foi fundada, a Vipetro instalou mais de 80% da malha de distribuição de gás natural do Estado, realizou a expansão da rede de gás natural da Paraíba, obras de instalação de tanques de armazenamento de petróleo e água, bem como participou da instalação, modernização ou ampliação de grandes obras estruturantes do Estado, como a Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, o Porto Ilha de Areia Branca, a implantação de vilas rurais em Serra do Mel e de vias ferroviárias. No início do século a Vipetro já contava com mais de mil empregados e, em 2011, admitiu como sócia a empresa portuguesa SIMI-Sociedade Internacional de Montagens Industrial, que atua em Portugal, Inglaterra, Alemanha, Itália, Espanha, Bélgica, Polônia, Rússia, Romênia, Ucrânia, México, Índia e em vários países africanos. Dentre as empresas engajadas no cicio produtivo do petróleo no nosso Estado podem ser citadas: ABDM Empreendimentos e Serviços, ADLIN Terceirização em Serviço, Alban Engenharia, Allpetro Exploração, AP Mariscal, Aurizõnia Petróleo, Autograf Projetos e Construções, Baker/BJ Services, BP Energy do Brasil, Central Resources do Brasil (antiga Koch), COOTRAMERJ - Cooperativa dos Trabalhadores Metalúrgicos do Estado do Rio de Janeiro, Dall Empreendimentos, EBS Empresa Brasileira de Serviços, El Paso Óleo e Gás do Brasil, EMPERCOM Empresa de Montagem e Serviços Gerais, ETX Serviços de Perfuração e Sondagem de Petróleo (de Eike Batista), ExxonMobil, Starfish, EnCana, Forteks Engenharia, Gênesis 2000 Exploração e Produção de Hidrocarbonetos, Geokinetics Geophysical do Brasil,Grupo Synergy, Halliburton Servicos, Hidrodex Engenharia e Perfuração, Máxima 07 Exploração e Produção de Petróleo, M-I Swaco do Brasil Comercio, Serviços e Mineração, Partex Brasil, PERBRAS Empresa Brasileira de Perfurações, Phoenix Petróleo, Plena Engenharia, Potióleo (do grupo Aurizõnia), PROEN Engenharia e Manutenção, Quatra Petróleo, RAL Engenharia, Rio Proerg Engenharia, San Antonio Internacional do Brasil Serviços de Petróleo, SAYBOLT CONCREMAT Engenharia e Serviços, Schahim Petróleo, Schlumberger Serviços de Petróleo, Tenasa Tecnology, Tucker Energy, Tuscany International Drilling Inc, Varco International do Brasil Equipamentos e Serviços, Varco International do Brasil, Vestland Marine AS, Marine AS Derivados de Petróle e Worktime Assessoria Empresarial. FORMAÇÃO DE MÃO DE OBRA O desenvolvimento da indústria petrolífera no Rio Grande do Norte encontrou, desde o início, um grande problema: a carência de mão de obra especializada para todas as funções, notadamente aquelas especificamente voltadas para o setor. A solução foi trazer técnicos de outras regiões do país e até do exterior. Com a sua consolidação no Estado, diversas organizações se aparelharam para fornecer essa mão de obra, instalando aqui cursos de nível técnico, bacharelado, MBE, mestrado e até de doutorado, todos voltados para o desenvolvimento da indústria petroleira. O foco desses cursos é formar profissionais para atender as necessidades da cadeia produtiva do petróleo e gás natural, nas atividades de planejamento, supervisão, exploração, perfuração, produção, distribuição, comercialização e transporte de petróleo e gás natural e seus derivados, com foco em projeto, gerenciamento, operação, manutenção, controle e automação de processos na indústria petrolífera, bem como executar programas de manutenção de máquinas e equipamentos e aplicar normas e legislação pertinentes à gestão e controle da produção, saúde, segurança e meio ambiente, minimizando o impacto ambiental. Dentre esses cursos estão: Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN: Bacharelados em Química do Petróleo e Engenharia de Petróleo; mestrado e doutorado em Ciência e Engenharia de Petróleo, todos em Natal – RN. Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA: Bacharelado em Engenharia de Petróleo, em Mossoró. Universidade Potiguar - UnP: O Curso de Bacharelado em Engenharia de Petróleo e Gás, em Natal. Universidade Estácio de Sá: Graduação tecnológica de Petróleo e Gás e MBE (Master in Business Administration; em português: Mestre em Administração de Negócios) também em Petróleo e Gás, em Natal. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – IFRN: Curso Técnico em Operação e Manutenção da Produção do Petróleo e Gás Natural, Vespertino (Natal) e noturno (Mossoró). CTGÁS-ER – Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis. Criado em 1999, a partir de uma parceria entre a Petrobras e o SENAI, é uma organização voltada à pesquisa, desenvolvimento e estudos sobre petróleo e gás e outras áreas. Cerca de 40 mil alunos já foram matriculados em seus cursos. Além do curso Técnico de Petróleo e Gás, também oferece programas que, embora não específicos para a cadeia produtiva do petróleo, formam profissionais capacitados a exercer seus conhecimentos e habilidades na área.

 (*)Tomislav R. Femenick – Historiador, membro da diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. 

A FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO LANÇA LIVRO DO DR, IVONCISIO MEIRA MEDEIROS.




A Fundação José Augusto realizará o lançamento do livro de Ivoncísio Meira Medeiros "CONTANDO HISTÓRIAS... (Ensaios históricos e biográficos)", no próximo dia 15 de maio, pelas 9 horas, na Pinacoteca do Estado. O exemplar será vendido ao preço de 20,00 (vinte) reais, e todo o rendimento será revertido para a LIGA NORTE RIOGRANDENDENSE CONTRA O CÂNCER.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

DÉSPOTAS ESCLARECIDOS - ARTIGO DE VALÉRIO MESQUITA.

VALÉRIO MESQUITA - PRESIDENTE DO IHG/RN

DÉSPOTAS ESCLARECIDOS 
 Valério Mesquita* Mesquita.valerio@mail.com 

 O mundo clama por mudanças. Ninguém pode ignorar isso. A vida, as pessoas e os fatos, já nos dizem muito. É imperativo um raio de luz na sombra projetada dentro da história divino/humana. A reconstrução e a renovação do tempo devem ser absorvidas e respeitadas quando chegam com dignidade cristã e base histórica. Digo cristã porque considero como uma das grandes fontes confiáveis. Essa colocação não a considero banal. O dinheiro é o verdadeiro inimigo e único rival de Deus. O dinheiro é o “deus visível” em oposição ao verdadeiro Deus que é invisível. Em 1 Timóteo 6:10, “o apego ao dinheiro é a raiz de todos os males”. Daí a mudança ser tão convidativa em nossos dias quando enxergamos, à olho nu, certos administradores do dinheiro público. Judas Iscariotes começou furtando um pouco o dinheiro da bolsa comum. Isso não parece dizer nada para certos gestores, prefeitos, vereadores, dirigentes de autarquias e demais autoridades parlamentares. A esse tipo de gente que não recebe, nem muito menos retorna telefonemas, nem concede audiência pública a ninguém e que vive obnubilado tal qual general no seu labirinto, - vivendo o outono patriarcal em tempos de cólera, - faz-me lembrar da história narrada pelo franciscano Raniero Cantalamessa sobre os males que o apego ao dinheiro e o desprezo ao próximo podem causar. “São Francisco de Assis”, - relata o frade – “descreve com uma severidade incomum, o fim de uma pessoa que viveu somente para aumentar o seu “capital”. Aproxima-se a morte; chamam o sacerdote. Ele pergunta ao moribundo. “Queres o perdão de todos os teus pecados”? E ele responde que sim. E o sacerdote: “Estão preparado para satisfazer os erros cometidos com as demais pessoas?” E ele: “Não posso”. “Por que não podes?” “Porque já deixei tudo nas mãos dos meus parentes e amigos”. E assim ele morre impunemente. E, depois de morto, os parentes e amigos entre si, passaram a censurá-lo: “Maldita a sua alma” podia ganhar mais e deixar-nos, e não o fez!!”. A carapuça dessa história cabe na cabeça de muitos agentes públicos e privados que não gostam de justiça social. Em vez de apascentarem o rebanho, apascentam a si mesmos. Conclusivamente, a traição de Judas não se resumiu em apenas entregar Jesus, mas a de não reconhecer a sua divindade. Quanto a traição do corrupto de hoje, ela não se restringe a de ocultar o dinheiro, mas a de não reconhecer que ele pertence ao povo. Ninguém, senão Deus, sabe o que acontece na sua alma. Vale relembrar a canção de Chico Buarque de que “apesar de você, amanhã há de ser novo dia, sem precisar de pedir-lhe a licença para este dia amanhecer...”. É preciso preconizar mudanças, alternância de poder, não a reeleição... O poder nas mãos de um só ou de uma família, sem interregno de oposição, de luta, de sofrimento, vira casta, vício redibitório, potestade maligna e imoralidade insepulta. Vale relembrar aqui o desfaçatez de Frederico II, rei da Prússia, que poderia ser brasileiro: “Tudo para o povo, mas sem o povo”. 

 (*) Escritor.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

QUADRO DEMONSTRATIVO DE AÇÕES - POR CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES.




INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE – IHGRN
QUADRO DEMONSTRATIVO DE AÇÕES

1. INSTITUCIONAL
1.1. PESSOAL= a)capacitação; b)convocação para engajamento;

1.2. POLÍTICA=funcionalidade do IHGRN: a) gerenciamento; b) avaliação quinzenal;
1.3. ESTRUTURA=(recuperação de espaços para comodidade dos servidores); buscar apoio da Brasil Fundation.

2.PROJETOS
2.1. Recuperação física do prédio (FJA);


[2.2. Reparos (FJA);
2.3. Inventário:UFRN, PMN, FJA (Em.Vivaldo), SEEC;
2.4. Digitalização e disponibilização (verba federal)
2.5. Posse do terreno p/estacionamento.

3. CONDIÇÕES
3.1. Contrapartida- a) promoção de campanha social para obter recursos);
b) publicidade.

O INST. HOSTÓRICO E GEOGRÁF ICO DO RN- CONVIDA PARA O LANÇAMENTO DE MAIS UM LIVRO DO CONFRADE JANSEN LEIROS, EN PLANETA AZUL, DIA 14-05, NA ANL.






PROJETO E REALIDADE DE UMA REFINARIA; UMA HISTÓRIA DO PETRÓLEO POTIGUAR - TOMISLAV R FEMINICK-

TOMISLAV R. FEMINICK

  Em geologia, bacia é uma depressão ou conjunto de terras ligeiramente inclinadas e, geralmente, é um bom indicativo de existência de petróleo. A Bacia Potiguar situa-se no extremo leste da Margem Equatorial Brasileira, limita-se ao oeste com a Bacia do Ceará e ao oeste com a Bacia de Pernambuco-Paraíba. Possui uma área de 119.030 mil quilômetros quadrados – 33.200 de superfície e 86.100 submersos –, sendo que sua isóbata (linha imaginária que une todos os pontos de igual profundidade no relevo submarino) é de 3.000 quilômetros. Sua superfície é dividida em três subáreas, a saber: o grupo Areia Branca, constituído pelas formações Pendência e Alagamar; o grupo Apodi, integrado pelas formações Assú, Quebradas e Jandaíra, e o grupo Agulha, com as formações Ubarana, Guamaré e Tibau. Geograficamente, a Bacia Potiguar corresponde à plataforma continental da Nigéria, no litoral africano, de onde se separou há aproximadamente 200 milhões de anos. Na plataforma nigeriana já foram descobertas grandes reservas de petróleo leve e com baixo teor de enxofre. Essas jazidas petrolíferas se situam a grande profundidade – cerca de quatro quilômetros abaixo do nível do mar – e foram formadas ao longo da “rachadura”, resultante do processo que de ruptura que separou a atual América do Sul da África. Essa descoberta evidencia uma analogia entre as ocorrências de óleo na costa do nordeste brasileiro e no litoral oeste africano. O petróleo começou a ser explorado na Bacia Potiguar em Ubarana, em 1973; em Mossoró, em 1979, e no Canto do Amaro, em 1985. Segundo dados da Agencia Nacional de Petróleo, nela já foram descobertos “70 campos de óleo e gás, sendo 6 no mar e 64 em terra. Recente perfuração na porção terrestre constatou uma acumulação de óleo, indicando que a bacia ainda oferece boas oportunidades. A Bacia Potiguar, com uma produção diária de 110 mil boe, é atualmente a segunda região produtora do país” (www.anp.gov.br - Acesso em 28.04.2014). O Lado Nobre Na forma como é encontrado na natureza, o petróleo é um composto de hidrocarbonetos, com pequenas quantidades de nitrogênio, enxofre, oxigênio e outros elementos. O seu uso comercial dá-se com a transformação dessa mistura em combustíveis, lubrificantes, solventes e muitos outros produtos. Esse é o lado nobre da indústria petroleira. O refino do petróleo bruto e o craqueamento de alguns de seus componentes, produtos e/ou subprodutos exigem parques industriais complexos de maior ou menor porte, as Refinarias de Petróleo. Nas refinarias é que se efetua a transformação do petróleo bruto em nafta, gasolina, querosene, óleo combustível, óleos lubrificante, gás liquefeito, base asfáltica, parafina, enxofre, coque, benzina e outros derivados. As refinarias de petróleo geralmente são grandes e complexas plantas industriais que usam tecnologia de ponta, cujas instalações de processamento podem ser consideradas como parques químico-industriais. Para alimentar o seu funcionamento contínuo, essas unidades exigem um parque (tancagem) com depósito de matéria-prima (petróleo), que por sua vez deve ser abastecido por oleodutos ou por navios tanques. Internamente, extensas redes de tubulação levam insumos entre as unidades de processamento, formadas por grades torres metálicas. Por sua vez, os produtos acabados exigem grandes tanques para guarda temporária. Em síntese, elas são a representação física da era das grandes indústrias. Para economizar custos de transporte e de construção de oleodutos, as refinarias são preferencialmente instaladas perto das fontes de fornecimento de petróleo, sua matéria-prima básica, bem como em regiões que disponham de vias navegáveis (costas marítimas e margens de grandes rios) para escoamento de sua produção e que possuam fonte de energia para operar a usina. E A REFINARIA FOI PARA... PERNAMBUCO A alta taxa de produtividade da Bacia Potiguar deu respaldo para um bom combate: a construção de uma refinaria da Petrobras no Rio Grande do Norte, luta que envolveu o mundo político, acadêmico e empresarial do Estado. A lógica era uma só. Aqui estava a fonte da matéria prima principal, o próprio petróleo, e aqui existiam condição para se obter um dos insumos primordiais para fazer funcionar a refinaria, o gás natural liquefeito. Do ponto de vista de logística, partia-se do princípio de que transportar o petróleo para outro local – onde o óleo passaria pelos processos de refinado e craqueamento para obtenção de gasolina, metano, querosene, óleo diesel etc. – sairia muito mais caro do que simplesmente transportar os produtos acabados para o mercado consumidor, quase todo ele localizado na região Nordeste do país. O mesmo aconteceria com outros produtos e subprodutos, tais como asfalto, parafina, enxofre etc., conforme fosse a configuração da refinaria. Em um dos seus estudos, datado das décadas de 1970/1980, o prof. Vingt-un Rosado elaborou planilhas de custos que comprovavam essas afirmativas. Esse trabalho contou com a participação de professores do Centro de Estudos Avançados da ESAM, hoje UFERSA-Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Além do mais já havia os estudos para a criação do complexo industrial de Guamaré, mesmo que projetado para funcionar em escala reduzida. Partindo dessa lógica técnica, nada mais acertado do que a indicação de que aqui no Rio Grande do Norte é que fosse construída a grande planta de refino do Nordeste. Entretanto os Estados do Ceará e de Pernambuco também entraram na disputa pela refinaria. O impasse estava criado até que, em 2005, dois personagens entraram na contenda. Luiz Inácio Lula da Silva, o então presidente do Brasil, queria levar a refinaria para o seu Estado natal; Hugo Chaves, então presidente da Venezuela, prometia se associar à Petrobras na construção de uma usina de refino petrolífero, desde que localizada na terra natal do general José Inácio de Abreu e Lima, um pernambucano que participou da luta de Simon Bolívar pela independência das colônias espanholas na América. Um fato passou quase despercebido: nas confabulações dos dois presidentes, o projeto da refinaria de Abreu e Lima teria que ser direcionado ao refino do óleo pesado, característico do produto venezuelano. E lá se foi para Pernambuco a refinaria que, pela lógica técnica e econômica, deveria ser erguida no Rio Grande do Norte. Por sua vez, o Ceará já tinha ganhado a Refinaria Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste-LUBNOR, com capacidade de processar 6.000 barris de petróleo por dia e que produz asfalto, lubrificantes naftênicos (usados em transformadores, refrigerantes, solventes, fluidos de corte etc.), gás natural, óleo combustível para navios, gás de cozinha e óleo amaciante de fibras. A LUBNOR é uma planta de pequeno porte que, há oito anos, teve sua ampliação anunciada pela Petrobras, mas que nem chegou a ser iniciada. Cogita-se que essa ampliação não saiu por escassez de áreas livres, adjacentes às instalações já existentes. Por isso há um projeto para realocar a refinaria cearense, transferindo-a da região de Mucuripe, onde está localizada atualmente, para o Complexo Industrial e Portuário do Pecém. Se essa obra sair, Refinaria Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste-LUBNOR pode absorver grande parte das ampliações que no futuro poderiam ser realizadas na Refinaria Potiguar Clara Camarão. REFINARIA CLARA CAMARÃO TORNA O RN AUTOSSUFICIENTE O potencial de produção da Bacia Potiguar, especialmente o campo de Ubarana, sempre evidenciou a necessidade de uma unidade de processamento do óleo e do gás extraídos na região, porém somente em 1983 é que foi criado o polo industrial petrolífero, localizado no município de Guamaré. Seria o embrião de uma grande refinaria potiguar. Dois anos depois foi construída a primeira unidade de processamento de gás natural e, em anos posteriores, o terminal de armazenamento e transferência, a estação de tratamento de óleo e uma estação de tratamento de efluentes. Em 1999 entrou em operação a planta de produção de óleo diesel. No começo deste século, teve início a operação da segunda unidade de diesel e da instalação da segunda unidade de processamento de gás natural. Em 2005 entrou em operação a unidade produtora de querosene de aviação e, em caráter experimental, o setor de biodiesel. No ano seguinte começou a funcionar uma terceira unidade de processamento de gás natural. Em novembro de 2009, foi assinado o Termo de Compromisso entre o Governo do Estado do Rio Grande do Norte e a Petrobras, para dar início às obras de infraestrutura da Refinaria Potiguar Clara Camarão, com vistas a ampliar capacidade já instalada e implantar uma unidade de produção de gasolina. Foram aplicados 215 milhões de dólares na ampliação das instalações do polo, que resultou na “criação” da Refinaria Potiguar Clara Camarão que, a partir de 2010, passou a produzir gasolina, além de nafta petroquímica. Segundo a Petrobras, a Refinaria Clara Camarão hoje “produz diesel, nafta petroquímica, querosene de aviação e, desde setembro de 2010, gasolina automotiva, o que tornou o Rio Grande do Norte o único estado do país autossuficiente na produção de todos os tipos de derivados do petróleo”. No total a Unidade de Guamaré tem capacidade de processar 37.800 barris/dia (6.000 m3) e compreende duas unidades de destilação atmosféricas (diesel e querosene para aviação), uma unidade de tratamento cáustico regenerativo e uma unidade de produção de gasolina. CAPACIDADE POTIGUAR SERÁ AMPLIADA Em julho do ano passado, a Petrobrás recebeu a autorização da Agencia Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis-ANP para ampliar a capacidade de tratamento cáustico regenerativo do querosene de aviação, de 430 m³/dia para 600 m³/dia, na Refinaria Potiguar Clara Camarão, permissão essa que tem validade enquanto o projeto seguir o cronograma apresentado pela estatal à agência. A previsão é que as obras estejam concluídas no fim de 2014. Como decorrência existência da Refinaria Clara Camarão, a Petrobras e sua controlada Transpetro, têm na região 556 quilômetros de oleodutos e 542 quilômetros de gasoduto. Embora todos esses números e fatos sejam relevantes eles não são satisfatórios se levado em conta o fato de que o Rio Grande do Norte é o maior produtor de petróleo em terra do país e, ainda, um dos maiores produtores de gás natural. No contexto geral da indústria petrolífera, a Refinaria Potiguar Clara Camarão é apenas uma unidade de pequena escala, uma minirrefinaria. Uma simples comparação com o projeto da Abreu e Lima mostra o quanto a realidade nos é desvantajosa: enquanto a Clara Camarão processa 37.800 barris/dia (6.000 m3), a refinaria pernambucana irá refinar 230.000 barris/dia (36.600 m3), produzindo 3.600 m3/dia de nafta petroquímica, 1.600 m3/dia de gás liquefeito de petróleo, 26.000 m3/dia de diesel, 6.200 toneladas/dia de coque, 1.800 toneladas/dia de gasóleo e o H-Bio, óleo diesel que utiliza na sua composição óleos vegetais de mamona, girassol, soja, dendê etc. Segundo informações da Petrobras, para atingir essa meta a Refinaria Abreu e Lima contará com duas unidades de destilação atmosférica, duas unidades de coqueamento retardado (processo para obtenção de coque, combustível para metalurgia e indústria de cerâmica), duas unidades hidrotratamento de diesel, duas unidades hidrotratamento de nafta, duas unidades de geração de hidrogênio e duas unidades de abatimento de emissões. Atualmente a unidade de Guamaré ocupa a 11ª posição no ranque nacional de produção, numa relação de doze refinarias de petróleo existentes no Brasil.

Tribuna do Norte, 04-05-2014