domingo, 17 de fevereiro de 2013

CRÔNICA DE MANOEL ONOFRE JÚNIOR, NA GAZETA DO OESTE, DEDICADA A PEDRO SIMÕES NETO.


PEDRO SIMÕES NETO

MANOEL ONOFRE JÚNIOR, amigo sincero e presente na vida de Pedro Simões, fez publicar - na Gazeta do Oeste - a matéria, que faço transcrever na íntegra (Joventina Simões): 

"Na manhã da sexta-feira, 1º de fevereiro, o Rio Grande do Norte perdeu um dos seus intelectuais mais importantes. Pedro Simões se foi, após longa agonia, cerca de sete meses numa UTI, quase sempre lúcido, suportando, com resignação, sua pesada cruz. Escritor, advogado e professor, deixou obra significativa na Literatura e no Direito: numerosos livros, dentre estes: “A Intriga do Bem”, “A Quinta dos Pirilampos”, “De Quando Tudo Era Azul”, culminâncias da nossa memorialística, e “O Fabulário da Freguesia”, misto de ficção e memórias, “obra de alta expressão literária, de poderosa força vocabular”, no dizer com justeza do escritor Veríssimo de Melo. Mas, além do campo intelectual, Pedro Simões era homem de ação; grande animador cultural, fundou e dirigiu nos anos 80 a Nossa Editora, havendo lançado dezenas de livros de autores potiguares; ultimamente foi um dos fundadores da Academia Ceará-mirinense de Letras, com vistas à dinamização da vida literária em sua terra adotiva. Teve destacada participação na vida pública do Estado, como secretário de Segurança Pública e presidente do Ipern, ambos os cargos no Governo Geraldo Melo. Acompanhei, comovido, o seu calvário, embora não pudesse vê-lo, já que ele ficou, quase o tempo todo, internado na UTI, proibidas a visitas por ordem médica. Mas, um dia, quando retornou ao apartamento do hospital, pediu aos seus familiares que fosse eu o primeiro a visitá-lo. Encontrei-o, então, acamado, muito magro, lívido, a voz débil, mas, sem perder o senso de humor, saudou-me: - Manoel Onofre, o condestável da serra do Martins! Ri, sem jeito, e profundamente impressionado, disfarçando o meu assombro diante do seu estado, disse-lhe palavras de encorajamento. Infelizmente, não pudemos conversar. Tive, porém a satisfação de constatar que ele estava bem assistido, cercado pelo carinho dos familiares, à frente Jailza, a companheira de todos os dias. Ao deixá-lo, lembrei-me do que ele me dissera, tempos atrás: - O meu prazo de validade está vencido. Não demorou a voltar à UTI, e ali ficou entre a vida e a morte por mais alguns meses, tendo se submetido a nada menos de vinte cirurgias. E - pasmem - ainda encontrou alento para ditar as suas impressões do hospital, “escrevendo”, assim, o seu último livro."

Nenhum comentário:

Postar um comentário