quarta-feira, 23 de novembro de 2011

EDUARDO GOSSON, LÚCIA HELENA PEREIRA, BENÉ CHAVES, FRANCISCO ALVES - POEMAS.


EDUARDO GOSSON
JAMYLES


Tu foste
o nosso Sol
neste mundo
sem amor,
sem poesia,
sem esperança.
De velas cegas
e de vazio esquecimento.
Os pássaros, agora,
executam uma Sinfonia:
“Jamyles
mimosa”
“Jamyles
mimosa”
Anunciando-te
Ao Reino de Deus.

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DO AMOR QUE FICA
Lúcia Helena Pereira


Fale-me desse amor que fica
No perfume da rosa que te dei
E desfolhaste na madrugada insone.

Preciso saber desse amor imenso, lento, chegando
Para ficar um dia, preso entre nós dois,
Concha do mar, luar de abril,
Brisa que o vento agride.

Fale-me dessa rosa que fica
Num jarro de vidro azul esmaecido,
Onde ela se destaca e adormece,
Amanhecendo em suor de luz.

Fale-me desse amor que fica
Na doçura do cansaço de minhas esperas,
Na luminosidade de um dia festejado de sol,
Na hora íntima, de juntarmos emoções
E mãos!

Preciso desse sorriso seu - amoroso,
Da translúcida hora da afeição infinita
De uma flor, presa ao galho,
Desprendendo-se, parindo sozinha...

Fale-me do amor que fica - eterno,
Lindo e lírico, cheio de noites e madrugadas,
O amor que nada pede, recebe
E se dá!
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BENÉ CHAVES
Reminiscências

Ah, saudades daquele tempinho…
De meus carnavais, nossos ancestrais,
uma vida fácil e inocente, que o mundo
não traz jamais.
Nem pra frente e nem pra trás.
Saudades da infância, (in)dócil idade de ânsia,
das imensas partidas e purezas perdidas.
E lindas mulheres desinibidas e inibidas.
Saudades da primeira namorada, daquela
virgem que se foi. E também da última,
com o seu portentoso pó-de-arroz .
Saudades daquela moça com os peitos na
janela, quando eu passava passeando em
frente a casa dela.
Ah, que saudades… De amizades sinceras,
nossas escorregadelas, as loucas querelas.
Tolas, mas triviais e singelas.
Das pessoas caladas, surdas e mudas.
E também das tagarelas.
Infinitas saudades… Das putas donzelas,
deitadas ou em pé, nuas ou vestidas.
Da morena, da ruiva, da negra e da loira.
Paradoxais e belas.

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FRANCISCO ALVES
Duas horas da tarde…

Mastigo as folhas do tempo,
que nos trespassa,
de olhar fixo na paisagem.
Pastoreio ausências e abelhas
cismando em ser tangerino,
caminhante nos desvãos do vento
alimento a chama ardente
que adivinha a hora da colheita,
onde tudo renasce.

Duas horas da madrugada
Um pássaro se alimenta de coisas acontecidas,
nos ilimitados limites os mitos mudam de nome,
um monge se liberta entoando ladainhas
e as folhas se esvaem
enquanto meus desejos,
equilibrando-se nos trapézios da vertigem,
incendeiam as madrugadas.

Nota: Poetas da UBE-RN

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