A vida moderna tem oferecido novas opções para a guarda da memória visual dos momentos mais relevantes da convivência humana.
Como diz o ditado: ‘Cada doido com sua mania’, desde criança, creio que no Natal de 1954, ganhei de presente a minha primeira câmera fotográfica (t. 620 – Agfa), com uma capa de couro, adquirida no tradicional Real Foto, de Waldemir Germano, infelizmente fechado em 2013, deixando uma saudosa memória. Essa máquina hoje faz parte da coleção do meu amigo, médico Paulo Ezequiel.
Progredi, com o passar do tempo, para outras câmeras mais modernas e a cerca de uns 40 anos, mais ou menos, ingressei, também, no campo das filmagens, em uma “super 8”, sucessivamente substituída por outras, passando por uma que gravava direto em DVD e agora para uma digital, ao mesmo tempo projetora de imagem.
Colhi, ao longo de todos esses anos registros memoráveis, os quais venho utilizando em meus trabalhos e, igualmente, perdi algumas películas mal acondicionadas e filmagens importantes, estas por defeitos na filmadora ao não conseguir concluir a gravação, das quais anotei as comemorações natalinas de 2012, aniversários de alguns netos, reuniões familiares, a festa dos 100 anos do meu tio Francisco Gomes da Costa, último ainda vivo e recepção a amigos.
Custei muito a admitir tanta perda, mas segui adiante com uma nova máquina, de última geração, na qual fiz novos e importantes registros familiares, sem a cautela de coloca-las em um computador ou hd externo.
Ao fazer a mudança para o veraneio de Cotovelo dei por falta dessa máquina – desespero novamente. Cheguei a admitir que eu chegara à idade provecta e já estava a precisar de vigilância da esposa e dos filhos, aos quais formalizei o pedido.
Passei o Natal de 2013 e a entrada de Ano Novo sem a filmagem tradicional, repetindo o ano passado, embora tendo feito as fotografias necessárias. Acomodei-me a contragosto!
Esta semana, após incontáveis buscas em Natal e em Cotovelo, sem sucesso, ouvi uma gargalhada de Thereza: achei, achei. O coração quase parou e lá estava a minha câmera filmadora entre as roupas penduradas que ela colocou em um claviculário.
Após agradecer a Deus pelo achado, dei-me à meditação e cheguei à conclusão que a decrepitude não foi minha, ainda! Mas aprendi a lição. As máquinas se vão, mas a memória fica ‘ad eternum’ desde que você não esqueça de acondicioná-las adequadamente.
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