HORÁCIO PAIVA
B I Z Â N C I O
Horácio Paiva.
A noite
guardo-a comigo
Não perdi Bizâncio
Dos conflitos afasto
armas e olhares mortais
e tudo que destrói pelo ódio
Não perdi Bizâncio
como quer
a crônica medieval tardia
que sobrepõe império
a império
num jogo de ilusão
e fantasia
E longe do assédio das disputas
vejo-a perene
com as flâmulas
do heroísmo de quem ama
Mortos?
o oráculo diz que não há mortos
ou sequer a morte
Há uma cruz:
in hoc signo vinces
Há um escudo para o tempo
e não são surdas essas muralhas
abertas à memória
Nas cisternas repletas
a água entoa o som imóvel
o cântico do silêncio
E continuam a comover-me
a tarde púrpura
o declínio do sol no ocidente
o acender das luzes no terraço sobre o Bósforo
o abraço da noite.
Nenhum comentário:
Postar um comentário