CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES (*)
Têm sido constantes os atos comissivos ou omissivos das autoridades constituídas, no caminho da destruição da nossa memória histórica.
Partimos da demolição do "Poema de Concreto Armado" para dar lugar a uma "Arena das Dunas", que se ergue preguiçosamente e sem o legado (mobilidade urbana) que foi o carro chefe do convencimento para o mega investimento. Estamos no risco de perder tudo.
Agora estamos ameaçados em perder outros equipamentos históricos, como o Colégio da Imaculada Conceição (CIC), estabelecimento de grande tradição no ensino do Estado, que informa o fechamento das suas portas já agora em dezembro.
O tradicional ATHENEU está em estado precário, com seus arquivos destruídos e longe das providências para a sua recuperação, tal qual ocorre com a Biblioteca Câmara Cascudo.
A Rampa, atualmente em estado precário de conservação, será desfigurada com construções novas, segundo o noticiário da mídia potiguar.
A Ribeira histórica (ver Rua Dr. Barata), onde transitaram figuras de invulgar importância para a política, arte e cultura tem mais de 80% dos seus prédios já destruídos, pouco restando daquela agitação que marcou aquele bairro, berço do início do comércio de Natal.
O Teatro Alberto Maranhão mais parece um mendigo, com suas cortinas rasgadas, suas portas sem trinco - uma caricatura da glória do passado. Que não tenha o mesmo destino do seu vizinho, o velho prédio da Faculdade de Direito, que a cada dia perde um pedaço do seu corpo e abala a sua alma.
O complexo de obras construídas por Alberto Maranhão, quando governador, está totalmente desfigurado.
Sei não! o que podemos esperar dos próximos anos se alguma coisa eficaz e sustentável não se efetivar?
Natal é uma cidade turística, que quase nada tem a mostrar aos visitantes, no campo da história.
Apesar de tudo, a nova Diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, tem um enorme desafio para os seus três anos de gestão - um deles, dotar a Casa da Memória de instrumentos que permitam aos turistas que virão para a Copa de 2014, arquivos digitalizados para as suas investigações e pesquisas, costume muito comum entre os cidadãos dos povos com maior cultura.
Temos muito pouco tempo, mas é possível salvar alguma coisa! Vamos à luta.
(*) Advogado e escritor
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