VALÉRIO MESQUITA - PRESIDENTE DO IHG/RN
DÉSPOTAS ESCLARECIDOS
Valério Mesquita* Mesquita.valerio@mail.com
O mundo clama por mudanças. Ninguém pode ignorar isso. A vida, as pessoas e os fatos, já nos dizem muito. É imperativo um raio de luz na sombra projetada dentro da história divino/humana. A reconstrução e a renovação do tempo devem ser absorvidas e respeitadas quando chegam com dignidade cristã e base histórica. Digo cristã porque considero como uma das grandes fontes confiáveis. Essa colocação não a considero banal. O dinheiro é o verdadeiro inimigo e único rival de Deus. O dinheiro é o “deus visível” em oposição ao verdadeiro Deus que é invisível. Em 1 Timóteo 6:10, “o apego ao dinheiro é a raiz de todos os males”. Daí a mudança ser tão convidativa em nossos dias quando enxergamos, à olho nu, certos administradores do dinheiro público.
Judas Iscariotes começou furtando um pouco o dinheiro da bolsa comum. Isso não parece dizer nada para certos gestores, prefeitos, vereadores, dirigentes de autarquias e demais autoridades parlamentares.
A esse tipo de gente que não recebe, nem muito menos retorna telefonemas, nem concede audiência pública a ninguém e que vive obnubilado tal qual general no seu labirinto, - vivendo o outono patriarcal em tempos de cólera, - faz-me lembrar da história narrada pelo franciscano Raniero Cantalamessa sobre os males que o apego ao dinheiro e o desprezo ao próximo podem causar. “São Francisco de Assis”, - relata o frade – “descreve com uma severidade incomum, o fim de uma pessoa que viveu somente para aumentar o seu “capital”. Aproxima-se a morte; chamam o sacerdote. Ele pergunta ao moribundo. “Queres o perdão de todos os teus pecados”? E ele responde que sim. E o sacerdote: “Estão preparado para satisfazer os erros cometidos com as demais pessoas?” E ele: “Não posso”.
“Por que não podes?” “Porque já deixei tudo nas mãos dos meus parentes e amigos”. E assim ele morre impunemente. E, depois de morto, os parentes e amigos entre si, passaram a censurá-lo: “Maldita a sua alma” podia ganhar mais e deixar-nos, e não o fez!!”. A carapuça dessa história cabe na cabeça de muitos agentes públicos e privados que não gostam de justiça social. Em vez de apascentarem o rebanho, apascentam a si mesmos. Conclusivamente, a traição de Judas não se resumiu em apenas entregar Jesus, mas a de não reconhecer a sua divindade. Quanto a traição do corrupto de hoje, ela não se restringe a de ocultar o dinheiro, mas a de não reconhecer que ele pertence ao povo. Ninguém, senão Deus, sabe o que acontece na sua alma.
Vale relembrar a canção de Chico Buarque de que “apesar de você, amanhã há de ser novo dia, sem precisar de pedir-lhe a licença para este dia amanhecer...”. É preciso preconizar mudanças, alternância de poder, não a reeleição... O poder nas mãos de um só ou de uma família, sem interregno de oposição, de luta, de sofrimento, vira casta, vício redibitório, potestade maligna e imoralidade insepulta. Vale relembrar aqui o desfaçatez de Frederico II, rei da Prússia, que poderia ser brasileiro: “Tudo para o povo, mas sem o povo”.
(*) Escritor.
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