PEDRO CASALDÁLIGA
SEU NOME É JESUS
À juventude envolvida nos desafios da JMJ Deus veio a casa, despojando-se de sua glória. Pediu licença ao ventre de uma menina, sacudido por um decreto do César, e se fez um de nós: um palestino de tantos na rua sem número, meio-artesão de trabalho grosseiro, vendo passar os romanos e as andorinhas, morrendo, depois, de má morte matada,
fora da Cidade.
Já sei que há muito tempo
que o sabeis,
que vos o dizem,
que o sabeis friamente
porque vos o dizem com palavras frias...
Quisera que o soubésseis
de golpe,
hoje quiçá,
pela primeira vez,
surpreendidos, desconcertados, livres de mitos,
livres de tantas liberdades mesquinhas.
Que os o dissesse o Espírito
como uma facada em tronco vivo!
Quisera que O sentísseis como uma onda de sangue no coração da inércia, em meio a esta corrida de tropeçadas rodas.
Quisera que désseis n’Ele como na porta de Casa,
retornados da guerra, sob o olhar do Pai e seu beijo impacientes.
Quisera que O gritásseis
como um grito de vitória pela guerra perdida,
ou como o parto sangrento da esperança,
na cama de vosso tédio, em plena noite, amortecida toda ciência.
Quisera que O encontrásseis, em um abraço total,
Companheiro, Amor, Resposta.
Podereis duvidar que tenha vindo a casa,
se esperais que os mostre a patente dos prodígios,
se quereis que os sancione a preguiça de viver.
Mas não podeis negar que se chama Jesus,
com a patente do pobre.
E não me podeis negar que O esperais,
com a louca carência de vossa vida repudiada,
como se espera o alento retornando da asfixia
quando se sentia na garganta a morte, serpente de perguntas.
Seu nome é Jesus.
Se chama como nos chamaríamos
se fossemos nós mesmos.
Pedro Casaldáliga
Maravilha!!
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