segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

KEYNES E A AÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA - POR TOMISLAV R. FEMINICK



Quando se discute o papel do Estado na economia, sempre são lembradas as teorias de John Maynard Keynes desenvolvidas nas décadas de 20 e 30 do século passado, no bojo da grande crise provocada pela quebra da Bolsa de New York em 1929, que gerou um grave desequilíbrio conjuntural nos Estados Unidos e na economia mundial. Foi nesse cenário que se destacou um dos postulados do keynesianismo: quando algo provoca desequilíbrio no mercado, ocasionando a retração do nível de consumo e/ou de investimento por parte dos agentes privados, o Estado deve intervir na economia em grau e em áreas tão diversas quanto necessário seja como forma de evitar o desemprego e garantir o estado de bem-estar social. Embora originalmente um liberal, Lorde Keynes se posicionou contra a liberdade desenfreada do mercado, propondo a intervenção do Estado na economia como forma de defesa da livre iniciativa. Embora essa fosse uma postura aparentemente de posições antagônicas – o liberalismo com intervenção estatal –, suas ideias se mostraram racionais, pois o que ele defendia era uma maior atuação estatal nos assuntos da economia por entender que, em certas ocasiões, esse seria o único meio disponível para evitar a quebra do sistema capitalista e garantir o funcionamento da livre iniciativa. Keynes aceita essa intervenção do governo tão somente como uma forma de suplementar insuficiência conjuntural da demanda do setor privado, porém rejeita a propriedade estatal dos meios de produção e o Estado como agente produtor, quando afirma que “não se vê nenhuma razão evidente que justifique um Socialismo de Estado abrangendo a maior parte da vida econômica da nação. Não é a propriedade dos meios de produção que convém ao Estado as sumir”. É bom que se repita: as teorias de Keynes têm por objetivo encontrar meios para evitar ou solucionar as crises que periodicamente afetam o funcionamento normal das sociedades capitalistas. Na realidade o que o economista inglês intuiu foi uma simbiose do Estado com a economia de mercado, sendo o primeiro (o Estado) um fator de regulação e de equilíbrio das atividades produtores, visando evitar a quebra ou restabelecer o nível de emprego e renda, e o segundo (o mercado) o objeto e o instrumento do equilíbrio desejado. Então, o Estado seria o fator (ou o interventor) que buscaria evitar, compensar ou corrigir os elementos que perturbam o sistema de correlação de forças entre os agentes econômicos. Tomando-se esse conceito desenvolvido por Keynes, a política fiscal, o grau de endividamento do governo, as taxas de juros e o nível dos investimentos (entre outros) devem ser os instrumentos de que o governo deve fazer uso, sempre que haja perturbações que ameacem o crescimento do capital ou a redução do padrão de vida dos assalariados. Além dos resultados meramente materiais que esses recursos usados pelo Estado têm na produção e na renda, outro fator deve ser adicionado como resultado da intervenção estatal na economia: o reflexo psicológico que pode resultar no aumento dos investimentos, na geração de novos empregos e, consequentemente, na elevação da renda dos trabalhadores. Embora muito discutido – uns aceitando outros não –, o keynesianismo é pouco compreendido. O que se vê são teóricos de várias tendências querendo trazer Keynes para suas respectivas praias ideológica ou afastando-o para bem longe. E muito deles nunca leram se quer um texto de Keynes; apenas sabem o que seus gurus falam sobre as ideias de um dos maiores economistas do século XX, o que empobrece sobremaneira o “estado da arte”.

 Tribuna do Norte.
 Natal, 23 fev 2014. 
 O Mossoroense. Mossoró, 14 fev. 2014.

(*) Mestre em Economia e Contador 

domingo, 16 de fevereiro de 2014

PROJETO MIL POEMAS PARA A CIDADE DE ITAPECURU-MIRIM MARANHÃO - BRASIL.

CENTRO DE ENSINO ITAPECURU MIRIM - 21490201
PROJETO MIL POEMAS PARA A CIDADE DE ITAPECURU-MIRIM
MARANHÃO - BRASIL
CARTA DE CONVITE E ADESÃO

Presado Sr.(a)

Estamos realizando um trabalho com todos os Poetas, artistas, professores e historiadores anônimos e consagrados, toda a classe estudantil de Itapecuru-Mirim, demais cidades do Maranhão, podendo se estender para outros Estados brasileiros, quiçá outros países.
Este projeto foi pensado por mim para fazermos algo singular, diferente e audacioso no que diz respeito ao aniversário da nossa Itapecuru-Mirim. A presente obra será publicada sob a forma de coletânea de textos poéticos, fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor. A obra será lançada na semana do aniversário da cidade com algumas comemorações associadas.
 Ao perceber a importância do que foram os trabalhos da Professora Dilercy Adler, da SCLM, em um trabalho conjunto com o Reitor da UFMA, Dr. Natalino Salgado, Sr. Leopoldo Vaz, IHGM, pensei, por bem, trazer uma versão desse tão valioso projeto dos Mil Poemas, para celebrar e homenagear a nossa cidade Itapecuru-Mirim, pela passagem de seus 144 anos em 21 de julho de 2014.
Gostaria de contar com a adesão e colaboração dos Senhores no sentido nos ajudar na edição e publicação do material, uma vez que nossa escola ainda é uma pequenina semente para frutos tão preciosos.
Gostaria de saber como sua Instituição, sua Empresa ou Confraria poderá ser parceira colaborativa e se posso contar com seu apoio e como posso encontra-lo (a) pessoalmente para tratarmos deste magnífico projeto.
É um projeto que foi pensado para ser executado no coletivo, e tenho certeza, com o apoio de todos, desenvolveremos um trabalho de tão valiosa estima para nós e para a história desse município, e creio se olhado com cuidado e aceito, também terão orgulho do resultado esperado.
Conto com todos para atingirmos além dos Mil Poemas, também a publicação dos mesmos.
Desde já lhes agradeço a atenção dispensada.
Saudações “Tapuias”
Assenção Pessoa.


PROJETO MIL POEMAS PARA A CIDADE DE ITAPECURU-MIRIM MARANHÃO - BRASIL 1. JUSTIFICATIVA A povoação da cidade de Itapecuru-Mirim, por homens brancos, segundo a história teve início na margem direita do rio Itapecuru, por volta de 1622 quando surge o primeiro engenho de açúcar, trazido por povos luso-açorianos. Em 1768, os moradores da Ribeira pediram ao Rei de Portugal alvará de confirmação da vila, que ali fora fundada por Ordem Régia. A Corte Portuguesa determinou, então, ao Governador da Província que, comprovasse a veracidade dessa ordem. A mesma não foi encontrada na época, razão pela qual a situação de Freguesia do Itapecuru perdurou até 1818, quando por Provisão Régia de 27 de novembro de 1817, determinou a criação da Vila, desmembrada do Município de São Luís, sendo elevada à categoria de Cidade em 1870. O topônimo Itapecuru-Mirim tem vários significados, dentre eles “Caminho de Pedras Miúdas”. O PROJETO MIL POEMAS PARA A CIDADE DE ITAPECURU-MIRIM, MARANHÃO - BRASIL nasceu do desejo de homenagear a cidade de Itapecuru-Mirim, pela passagem dos seus 144 anos em 2014 de forma mais eloquente, audaciosa e lúdica. Homenagear sua história, sua cultura, mas principalmente sua gente. Homens e mulheres que fizeram e fazem essa história. Pessoas simples que ajudaram a construir esta cidade com essa cara que a gente conhece. Uma cidade que amamos e que às vezes a maltratamos, mas, que lhes devemos todo respeito. Itapecuru de homens ilustres como Gomes de Sousa, Mariana Luz. Este projeto não é apenas um amontoado de atividades sem nexo. É antes de tudo, um movimento, a essência, a verdade, o grito do melhor da poesia, da literatura, das artes e da cultura de um povo, o povo de Itapecuru-Mirim. 2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Homenagear a cidade de Itapecuru-Mirim pela passagem de seus 144 anos em 2014, justificada por ser uma cidade histórica com relevante valor para o Maranhão, pelo sentimento nacionalista na incorporação da formação de seu povo e de suas paisagens naturais a qual compõe o contexto brasileiro com invocação ao seu Rio, outrora chamado “Jardim do Maranhão”, origem de tudo. 2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO * Promover o intercâmbio entre as manifestações artístico-culturais e a história, sociedade, vida e meio ambiente da cidade de Itapecuru-Mirim. * Provocar uma reflexão sobre nossa cidade, sua história, sua gente. * Resgatar valores de vida e o amor por nossa terra, no trato com o meio ambiente e as pessoas. * Alavancar o aspecto cultural, artístico, literário no cenário maranhense, brasileiro e quem sabe no exterior. 3. PÚBLICO-ALVO/NORMAS Poetas, artistas, professores e historiadores anônimos e consagrados, abrangendo toda a classe estudantil de Itapecuru-Mirim, demais cidades do Maranhão, podendo se estender para outros Estados brasileiros, quiçá outros países. * Cada Poeta poderá apresentar até 6 (seis) poemas, 01 por página, homenageando a cidade de Itapecuru-Mirim. Formato A4, Times New Roman, tamanho 12, espaço 1,0. As correções ortográficas e literárias ficam por conta do autor dos trabalhos. Enviar na forma de Arquivo documento do Word 97-2003. * Enviar adjunto currículo literário resumido (no máximo seis linhas), em que conste data de nascimento, cidade e país de origem, com foto atualizada. E autorização para publicação. * Os poemas poderão fazer alusão à história, cultura, contos e lendas, sua arquitetura, formação de seu povo, profissões de luta (quebradeiras de coco). Poesias alusivas às personalidades literárias, às pessoas simples, aspectos pitorescos, paisagens e meio ambiente (alusão ao Rio Itapecuru), etc. * A aceitação dar-se-á na ordem de recebimento da (s) obra(s), até se completarem os 1000 (mil) poemas. * Prazo de envio: Até 30 de Abril de 2014. * Será descartada a obra que não corresponder com os critérios e normas. * A presente obra será publicada sob a forma de coletânea de textos em forma de poesia, fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor. CONCLUSÃO Com o desenvolvimento desse projeto espera-se que seus objetivos sejam atingidos e que o melhor da poesia, do teatro, cinema, dança, possam se incorporar ao melhor da literatura maranhense, itapecuruense e incorporar os valores das Artes, da Cultura, Ciência e História de uma gente hospitaleira e alegre. Que possa transpor as barreiras da diversidade e passar a fazer parte da programação do aniversário da cidade em 2014 e assim sucessivamente. Ancorada na vocação literária de nossa gente, esse projeto foi pensado para ser construído coletivamente e engajado na democratização social e cultural dessa cidade, tomando pela força legítima do trabalho coletivo, a rica produção de conhecimento local, abrindo novos caminhos e fomento das cadeias criativas e produtivas da leitura e construção do saber, dentre outras atividades correlatas. Itapecuru-Mirim, 01/10/2013 Maria da Assenção Lopes Pessoa Autora. 


PROJETO MIL POEMAS PARA A CIDADE DE ITAPECURU-MIRIM MARANHÃO - BRASIL DADOA PESSOAIS E AUTORIZAÇÃO NOME DO CANDIDATO(O):

 _______________________________________ DATA DE 

NASCIMENTO: _________________________________ 

CIDADE/ESTADO/PAÍS: _____________________________ E-MAIL: ___________________________________

 TIPO DE TRABALHO: POESIA/POEMA A U T O R I Z A Ç Ã O EU __________________________ 

AUTORIZO MARIA DA ASSENÇÃO LOPES PESSOA, A INCLUIR E PUBLICAR MEUS TRABALHOS NO PROJETO ANTOLÓGICO MIL POEMAS PARA A CIDADE DE ITAPECURU-MIRIM, MARANHÃO - BRASIL. 

 LOCAL E DATA:____________________

 _____________________________________________ 
ASSINATURA 

 * A presente obra será publicada sob a forma de coletânea de textos em forma de poesia, fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.

 PROJETO ANTOLÓGICO: “MIL POEMAS PARA A CIDADE DE ITAPECURU-MIRIM MARANHÃO – BRASIL” A professora Assenção Pessoa – CE ITAPECURU MIRIM está empenhada nesse trabalho único para homenagear a cidade de Itapecuru-Mirim, Maranhão - Brasil, por ocasião da passagem dos seus 144 anos, em 21 de julho de 2014, quando foi elevada à categoria de cidade pela Provisão Régia de 21 de julho de 1870, 

Lei Provincial nº 919. Convida todos os Poetas, artistas, professores e historiadores anônimos e consagrados, abrangendo toda a classe estudantil de Itapecuru-Mirim, demais cidades do Maranhão, podendo se estender para outros Estados brasileiros, quiçá outros países.

 NORMAS DOS TRABALHOS: * Cada Poeta poderá apresentar até 6 (seis) poemas, 01 por página, homenageando a cidade de Itapecuru-Mirim.

 Formato A4, Times New Roman, tamanho 12, espaço 1,0. As correções ortográficas e literárias ficam por conta do autor dos trabalhos. Enviar na forma de Arquivo documento do Word 97-2003.

 * Enviar adjunto currículo literário resumido (no máximo seis linhas), em que conste data de nascimento, cidade e país de origem, com foto atualizada. E autorização para publicação. * Os poemas poderão fazer alusão à história, cultura, contos e lendas, sua arquitetura, formação de seu povo, profissões de luta (quebradeiras de coco). Poesias alusivas às personalidades literárias, às pessoas simples, aspectos pitorescos, paisagens e meio ambiente (alusão ao Rio Itapecuru), etc. 

 * A aceitação dar-se-á na ordem de recebimento da (s) obra(s), até se completarem os 1000 (mil) poemas.

 * Prazo de envio: Até 30 de Abril de 2014. 
 * Será descartada a obra que não corresponder com os critérios e normas. * A presente obra será publicada sob a forma de coletânea de textos em forma de poesia, fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor. 

Envio de Poesias para: assencaopessoa2009@gmail.com 

Abraços e Saudações “Tapuias” Assenção Pessoa

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

MENSAGEM DO ARQUITETO MOACYR GOMES DA COSTA, AOS DIPLOMANDOS DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO DA UNP.


MENSAGEM DO ARQUITETO MOACYR GOMES DA  DA COSTA, AOS DIPLOMANDOS DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO DA UNP.
   EXMA. SNRA. PROFESSORA SÂMELA SORAYA GOMES DE OLIVEIRA, MAGNIFICA REITORA DA UNP, RESPEITÁVEIS MESTRES QUE DOARAM SEU SABER A ESTES JOVENS DIPLOMANDOS, AOS PAIS, INCANSÁVEIS COMBATENTES NESTA VITÓRIA, AOS FUNCIONÁRIOS, INDISPENSAVEL SUPORTE NA VIDA UNIVERSITÁRIA, CAROS NOVOS COLEGAS ARQUITETOS E URBANISTAS, MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES: “A ARQUITETURA É UMA MÚSICA DE PEDRAS E A MÚSICA É UMA ARQUITETURA DE SONS” dizia Beethoven há dois séculos passados. O Governador potiguar Cortez Pereira considerava um “POEMA DE CONCRETO” a Arquitetura de um estádio, que inaugurava há 42 anos atrás. O famoso cronista esportivo João Saldanha dizia que o mesmo seria uma “obra prima” quando concluído. Esses pensamentos revelam a importância do ARQUITETO na própria história das artes e da evolução humana. Sendo uma das primeiras atividades do homem em sua trajetória histórica, nos deixa o acervo material que permite o estudo de todo o processo evolutivo da humanidade através do tempo. Assim, a Arquitetura como ARTE, conduz o Arquiteto, aliando a beleza à função, entregando-se com paixão, criatividade e emoção à difícil tarefa de buscar a qualidade de vida do ser humano, cabendo ao Urbanista propor politicas e ações em prol do bem estar de todos os cidadãos, tentando diminuir as desigualdades sociais, procurando a FELICIDADE de todos, na cidade de todos. Isto pode parecer utopia, mas é uma tarefa nobre e prazerosa, que conduz a uma missão das mais elevadas, por isso mesmo, árdua, difícil, quase sacerdotal. Neste instante em que estes novos profissionais entram no mundo da arquitetura e do urbanismo, quero exaltar sua escolha para o tradicional nome de turma, adotando o título de ”POEMA DE CONCRETO”, em indiscutível referência àquele estádio que encantou Cortez, uma obra arquitetônica consagrada que tinha ultimamente o nome popular de “MACHADÃO”, que levou mais de meio século para ser realizada, superando os percalços de uma verdadeira Odisseia, incorporou-se à vida da cidade por 40 anos, tornou-se um marco arquitetônico do seu patrimônio público, por definição, intocável, e que, lamentavelmente teve fim infausto, criminosamente destruído, por motivos escusos, cujo mérito não cabe comentar, neste recinto de alegria e comemoração. Esta turma, quando inspirou-se na emoção de Cortez para escolha de seu próprio cognome, não só atestou a qualidade arquitetônica do patrimônio em comento, como quis prestar uma justa homenagem ao grande espírito daquele notável homem, que orgulha o Rio Grande do Norte. E, porque não dizer, sem falsa modéstia, que, ao me honrarem com o título de Patrono, nesta solenidade, me brindam e recompensam pela mutilação que todos sofremos. Discorrer sobre a perda de algo que custou 50 anos de vida, é profundamente penoso, mas encontra consolo na atitude madura e justa destes colegas ao resgatarem a memória de um patrimônio arquitetônico que nos orgulhava. “POEMA DE CONCRETO” foi a imagem primorosa construída pelo arrebatamento de entusiasmo do grande Governador José Cortez Pereira de Araújo, conhecido por sua cultura, sensibilidade e notável senso de otimismo, no momento em que inaugurava o novo equipamento, logo consagrado por toda cidade, mas infelizmente destruído, no momento em que o Brasil abdicou de sua soberania em troca de um ilusório “legado” de benesses, ditas salvadoras da pátria, podendo resultar em canto das sereias. Nada deste patrimônio restou, senão lembranças e fotos. Nada do que se disser agora, recuperará o patrimônio perversamente perdido para sempre, mas será justo rememorar sua história, até como reconhecimento a todos os abnegados que o realizaram acima de qualquer interesse, e também para exaltar a maturidade e senso de cidadania do gesto desse grupo que, nos festejos de sua primeira vitória, se preocupa em resgatar a memória do poema destruído, até como repúdio aos que cometeram essa iniquidade. Inegavelmente aquela obra de arquitetura era uma das referências da cidade, um dos seus pontos de atração e lazer, incorporou-se aos usos e costumes, trouxe a família e a elegância feminina para o estádio, virou cartão postal, e passou a exibir os maiores jogadores do Brasil e do mundo tais como Pelé, Eusébio, Zico, Sócrates, Falcão, Marinho Chagas, e a nível local Scala, Ivan, Alberi, Danilo Menezes, e muitos outros; teve eventos com mais de 50 mil espectadores; entrou no coração do povo como um dos seus patrimônios mais queridos; teve seus dias de glória, e depois, de abandono e ocaso, até sua extinção programada. A história começou em 1949, nas vésperas da Copa de 1950, quando conheci o Professor Pedro Paulo Bernardes Bastos, um dos arquitetos do Maracanã a quem informei meu desejo de especializar-me em arquitetura esportiva. Voltamos a nos encontrar em 1954, quando eu concluía meu curso, e ele, como orientador dos nossos trabalhos de encerramento, sabedor de meu desejo vocacional me indicou o tema de um complexo olímpico, como primeiro desafio às minhas pretensões. Apresentei então o estudo preliminar do que chamei de Complexo Olímpico de Lagoa Nova, constituído por Estádio Olímpico, Estádios de Natação, de Tênis, Ginásio poliesportivo, Alojamentos, etc., projeto que veio posteriormente a ser mutilado, por interesses políticos, (velha saga que persegue o Arquiteto) sendo construído apenas o estádio e precariamente o ginásio, improvisado em local que mal lhe cabia, vez que o terreno para ele previsto, já havia sido invadido. Assim, aquela simples rotina universitária, de conclusão de curso, transformou-se para mim, num sonho ambicioso, pois o Professor Pedro Paulo aprovou com louvor meu trabalho, incentivando-me a assumir o compromisso de torná-lo o primeiro objetivo de minha carreira profissional que ali se iniciava. De meados de 1955 até 1959 residi em Natal, a convite do Governador Dinarte Mariz, prestando serviços profissionais ao Estado, e nesse período firmamos sólida amizade pessoal que perduraria para sempre, e muito ajudou na consecução de nosso desiderato. Juntei-me aos velhos desportistas de minha adolescência, fazendo parte de uma renitente comissão de luta pelo esporte, já naquele momento sonhando com um novo estádio, pois o velho Juvenal Lamartine já dava mostras de sua decadência. Em 1959 o governador prometeu a doação de um terreno vizinho ao atual Centro Administrativo do Estado, local conhecido na época como “corrente”, condicionando à um documento que lhe desse respaldo político. Fui ao Rio de Janeiro e trouxe o documento assinado pela autoridade de Saturnino de Brito. Nessa empreitada contei com o acompanhamento do Jornalista Aluizio Menezes, que dava cobertura ao empreendimento. O donatário era a Federação Norte-rio-grandense de Desportos, que, mediante convenio, repassou para a Prefeitura de Natal sob a batuta do grande desportista Djalma Maranhão que imitiu-se na posse do terreno, fez a cerca e a terraplanagem, e, quando ia iniciar a construção, teve que se exilar no Uruguai, onde morreu de saudade de sua querida Natal, como se sabe, em consequência das injunções políticas do regime então vigente, tornando-se a primeira vitima das inúmeras dificuldades que iriam perseguir aquele empreendimento, como uma bruxa do mal. A obra parou, até que entre 1966/67, o Prefeito Agnelo Alves, fundou a FENAT- Fundação de Esportes de Natal, que, sob o comando de Ernani Silveira recomeçou a obra em ritmo acelerado. Já em 1967, o “Agnelão”, andava bem, até que em 1969, o regime político fazia de Agnelo a segunda vitima da batalha, tendo seu mandato interrompido, mas deixando a obra com o mínimo de 40% executada, tornando-a praticamente irreversível, porém, sem destino certo. Em 1971 assumia o governo, Cortez Pereira, fazendo seu Prefeito o Engenheiro e Arquiteto Ubiratan Galvão, reconhecidamente bom administrador, que logo percebeu a necessidade de dar continuação ao empreendimento, já sob o cognome de Castelão, em homenagem ao Presidente Castelo Branco. Eis que, mais uma vez a bruxa se soltou, e uma crise política tirou o terceiro prefeito do projeto, até que Jorge Ivan Cascudo Rodrigues, substituto do Prefeito Ubiratan, com apoio de Cortez Pereira, decidiu continuar a obra. Foi aí que a bruxa nos deu uma trégua. Viajei ao Rio de Janeiro em agosto de 1971 com uma carta de apresentação de João Machado para seu amigo João Havelange, Presidente da CBD, hoje CBF, o qual, apesar de nos desiludir de qualquer ajuda financeira, me autorizou a dizer aos nossos governantes que se garantissem entregar o equipamento pronto em 11 de junho de 1972, Natal seria chave do torneio do Sesquicentenário da Independência, uma espécie de mini-copa do mundo, garantindo ainda mais, que mandaria a seleção portuguesa, bem classificada no ranking, com a presença do grande craque moçambicano Eusébio, “Bota de Ouro” da Copa de 1966, considerado o Pelé português. Tudo deu certo, e Natal teve alguns dias de festa e visibilidade no mundo do esporte, desfilando aqui as seleções do Chile, Equador, Irlanda do Norte e Portugal, tendo terminado o torneio no Maracanã com o Brasil Campeão, e Portugal Vice. Pode-se dizer que o Machadão ofereceu 40 anos de alegria honesta e barata ao povo de Natal, cujos abnegados realizadores são agora reconhecidos e nominados, embora me pese o risco de cometer omissões involuntárias de memória. São eles, Silvio Pedrosa, Ernani Silveira, Luis G. M. Bezerra, João Machado, Humberto Nesi, Dinarte Mariz (doador do terreno), Djalma Maranhão, que começou a obra, Agnelo Alves, que a deixou irreversível, Ubiratan Galvão, e, Jorge Ivan Cascudo Rodrigues, que concluiu a obra em parceria com Cortez Pereira, que a inaugurou. Destaque-se os Calculistas Helio Varela de Albuquerque, e José Pereira da Silva, que criaram um partido estrutural “poético”, legítimo exemplo de engenharia estrutural de alta qualidade a nível de 1º Mundo, tudo executado na, ”munheca” pois não tínhamos qualquer equipamento mecânico requerido para esse tipo de obra, o Topógrafo era João Alves Santana, os Engenheiros Mário Sergio de Viveiros e Luis Fernando Melo e a inesquecível dedicação dos Engenheiros Antônio de Menezes Lira e Luciano Barros, que colocaram a obra acima dos seus interesses empresariais. Registre-se os Auxiliares Administrativos José Alexandre de Amorim Garcia, Rossine Azevedo e Moisés Dieb, os Desenhistas Rubens Ferreira Campos e Wilder Barbosa, que fizeram o milagre de desenhar um projeto de alta complexidade geométrica, a mão livre, com bico de pena, em escala 1:200 (não existia ainda o autocad), desenhando sobre portas de compensado improvisadas de pranchetas de desenho, com a areia das dunas e nuvens de pulgas entrando pelos cobogós. Os engenheiros e arquitetos de Natal perderam a oportunidade de eternizar este momento histórico, ficando indiferentes à estúpida e desnecessária demolição do patrimônio, cumprindo a lamentável vocação de desprezo ao que é nosso. Isto é memória, e, povo sem memória não tem história, e, Infelizmente o Rio Grande do Norte tem se revelado campeão da “desconstrução“ e do “desperdício” em detrimento de seus valores, daí a relevância do gesto nobre desta turma chamada “POEMA DE CONCRETO”. Por último, caros colegas, a título de exortação, diria que sua missão mais difícil é a de Urbanista. O Brasil tem hoje cerca de 106.000 urbanistas, praticamente sem maior utilidade, por ignorância dos governantes que não entendem a importância do planejamento urbano como a ferramenta maior para a qualidade de vida de uma comunidade. A grande maioria das cidades brasileiras está beirando o caos, com algumas notáveis exceções, como Curitiba, que além de soluções eficientes na mobilidade urbana, apresenta um índice de 64,50 m2 de área verde por habitante e 94% de índice de coleta de esgoto. Pelas estatísticas, em 10 anos Natal poderá ter o dobro da frota de veículos particulares, e uma população metropolitana perto de 1,5 milhões. Quantas copas a FIFA faria aqui, para suportar o “legado” necessário para atender a tão fantástica demanda? Por fim, espero que vocês venham a produzir outros poemas arquitetônicos, sejam de concreto, alvenaria, madeira, fibras ou até de aço, belos projetos de ambientação e paisagismo, mas o que realmente desejo é que procurem dedicar parte de seu esforço ao planejamento urbano, considerando que é tão agradável contemplar-se um poema de concreto, ou deleitar-se com a música de Beethoven, quanto ouvir-se a sinfonia de sons de crianças felizes brincando no Recreio de uma escola ou num parque público. Isso só é possível, numa cidade bem planejada. Esta é, no meu entender a missão maior do urbanista. Estarei torcendo por Natal e por vocês. Muito obrigado pela honra e pela alegria que me propiciaram