No início de 1967, o prefeito de Mossoró, Raimundo Soares, inaugurou o serviço de luz elétrica da praia do Tibau, obra da COMEMSA - Cia. Melhoramentos de Mossoró S/A, realizada com recursos do Ministério de Minas e Energia. Varias casas foram interligadas ao sistema, as ruas foram iluminadas com lâmpadas de alta voltagem e a orla marítima com lâmpadas de vapor de mercúrio. A usina de força instalada contava com dois grupos geradores, com potência total de 100 HP e todo o sistema de distribuição (postes, fiação, transformadores e disjuntores) foi projetado para, no futuro, receber a energia da CHESF - Cia. Hidro Elétrica de São Francisco. Esse foi o começo da grande transformação por que passaria a bela praia potiguar.
O Município de Tibau está localizado na extremidade setentrional do Rio Grande do Norte e é o ponto extremo do noroeste do Estado, fazendo fronteira com o Ceará. Sua temperatura média gera em torno de 27 graus centígrados e tem uma população fixa de aproximadamente 4.000 habitantes. Segundo os historiadores Luís da Câmara Cascudo e Theodoro Sampaio, Tibau é nome de origem tupi (ti+paú ou ti+paum) e significa lugar entre duas águas; no caso os rios Jaguaribe e Mossoró.
A primeira referência histórica ao lugar data da época da invasão holandesa. Em 1641, quando Gedion Morris Jonge (Gedeão Morritz ou Gideon Morris de Jorge), o então comandante das tropas holandesas no Ceará, descobriu as salinas naturais localizadas nos estuários dos rios Jaguaribe e Mossoró, chamou a região de “Morro Vermelho”, talvez pela coloração das terras do local. Em julho de 1708 a coroa portuguesa deu uma sesmaria a Gonçalo da Costa Faleiro, que ia “do morro de Tibau até por três léguas terra adentro”.
A povoação de Tibau voltou a aparecer em relatos históricos em 1888, quando a Câmara de Aracati “mandou medir terrenos à margem esquerda do Mossoró” e tentou estender os limites de seu Município, absorvendo terras das localidades de Tibau e Grossos. Seis anos depois, o Estado do Ceará impetrou ação no Supremo Tribunal, alegando “conflito de jurisdição”, que depois se transformou em “ação de limites”. Mesmo com a situação sub judice, isto é, em trâmite judicial, em 1901, o governo cearense aprovou Lei elevando Grossos à condição de Vila. O governador norte-rio-grandense reagiu e os dois Estados mandaram tropas para o local. Entretanto, não houve conflito armado.
UM BELO CARTÃO POSTAL
Tibau sempre foi um belo cartão postal, desde quando o lugar pertencia ao município de Mossoró, quando passou a integrar os municípios de Areia Branca e depois Grossos e agora, com autonomia política e administrativa. O antigo povoado de pescadores e de aventureiros do veraneio situava-se entre um círculo de dunas que tinham cores variadas, repetidas em múltiplos tons e beleza, até perder-se no som selvagem das folhas de centenas de coqueiros que cresciam além do litoral. A luz tropical ainda hoje cai em tom forte como se filtrada por poderosas lentes. Porém à tardinha o calor se amortece pelo soprar do vento “nordeste”, brisa que o atlântico empresta de seus alísios longínquos e brandos. Por essa beleza toda, por essa aparição sempre continuada e renovada de luz, cor e som é que a praia se consagrou como uma paixão dos seus frequentadores.
Até os anos 1950 e início dos anos 1960, Tibau era um lugar bucólico, com vida pacata e ligada à natureza. Suas dunas, seus morros de areias multicoloridas, suas famosas fontes de água naturais (os afamados “pingas”), sua paisagem tipicamente tropical, tudo isso fazia com que fosse a praia escolhida pelos mossoroenses para os seus fins de semana e temporadas de meio e fim de ano. Sombra e água fresca eram o que não faltavam. As casas, mesmos as mais ricas, eram de taipa, sem estilo arquitetônico definido e tinham apenas de bom a comodidade, a falta de pretensão e o cultivo de um ambiente propício para o lazer absoluto. Isso tudo e mais um fundo musical que era regido e orquestrado pelo vento e o marulhar das ondas, onde navegaram as jangadas feitas com o autêntico pau-de-jangada (Apeiba tibourbou).
Nas noites sem lua, os jovens se reunião no “morrinho” em frente da casa do “velho Lauro” (o jornalista Lauro da Escóssia) para cantar, tocar violão e namorar. Quando havia luar era a vez das serenatas, dos bailes nas casas das famílias ricas e das danças no “forró de Pedro Cem”. E havia a peixada de Belisa, com um sabor que somente ela sabia preparar. Tudo isso fazia que se sentisse a presença do dedo de Deus na feitura desse lugar que era único.
E AI VEIO O PROGRESSO
O cenário mudou em escala crescente com a chegada do progresso. Nos meses de veraneio apareceram os primeiros biquínis, inaugurando um tempo de espanto para os mais conservadores. Jovens cabeludos apagaram o hábito antigo das serenatas, substituindo-o pelo som de guitarra de rock. Atualmente é a vez do axé, da música sertaneja, do baião e do xaxado, estes últimos nas versões brega e music (seja lá o que isso for) e dos paredões de som.
Depois da luz elétrica veio o asfaltamento da estrada Mossoró-Aracati e do ramal que se bifurcava em direção da cidade de Grossos e depois da própria vila. As casas dos veranistas passaram a ser construídas de tijolos (e algumas até com pisos de mármores) e erguidas sobre os morros e as rochas; algumas até fora da orla marítima, que deixou de ser exclusiva. De tanto crescer, a cidade invadiu terras do Estado do Ceará, implantando um distrito do Município de Icapuí, a ela geminado. De repente tudo se valorizou; terrenos, mão de obra e até o peixe aumentaram de preço.
E, grande paradoxo, hoje, na alta temporada, nas ruas estritas já é comum haver engarrafamento de veículos. O sossego, a quietude, o repouso deram lugar ao agito, ao “stress do veraneio”.
A MORTE DOS MORROS DE AREIAS COLORIDAS
A paisagem dos morros de Tibau, pelos seus variados aspectos e beleza, lembrava cenas de um mundo perdido. Dunas de um vermelho vivo, montes de um marrom brilhoso, outras partes de uma areia preta espelhada e de outras cores. Milhares de fotografias enchiam álbuns de turistas com a beleza das pequenas montanhas, dos canyons e morros de areia coloridas. O souvenir principalmente dos turistas eram as garrafas de areia com desenhos de cores variadas e com motivações diversas; areias dos morros de Tibau.
Porém havia um outro lado da história: os morros da vila valiam muito dinheiro como especulação imobiliária e, também, havia quem dizia, como material estratégico de alto preço. As areias dos morros nada mais seriam do que uma mina de areia monazítica a céu aberto, contendo uma mistura de minerais pesados (alguns atômicos) como fosfato de cério, lantânio, praseodímio, neodímio, óxido de tório, granada, ilmenita, titânio, a própria monazita e significativa quantidade de urânio. São esses minerais que lhe dão esse colorido variado.
Foi por seu valor que as terras dos morros de Tibau foram separadas e demarcadas por cercas e marcos divisório, visando estabelecer direito de posse, para futuros loteamentos urbanísticos ou exploração mineral. Os posseiros não eram forasteiros, porém não eram nativos da vila. Posteriormente, os morros foram nivelados e hoje a cidade invadiu toda a área que anteriormente era das dunas e dos canyons coloridos.
O PREÇO DA EVOLUÇÃO
Nos períodos de férias, quando as pessoas são atraídas pelas belezas remanescentes da praia de Tibau, a população da cidade cresce quase 25 vezes; os quatro mil habitantes se transformam em quase cem mil pessoas.
Como polo de atração turístico, a praia recebe esse imenso contingente de população flutuante e, também, os problemas que advêm com esse gigantismo, esse crescimento excepcional. Por mais aparelhada que a cidade esteja, os problemas rompem as barreiras de proteção e marcam presença.
A praga nacional das drogas e sua companheira inseparável, a violência, movimentam a vida policial da outrora pacata vila de Tibau. Consumo de drogas, furtos, roubo, assassinatos não são acontecimentos ausentes. No início da atual temporada foram registrados casos de arrombamentos a casas de veranistas. No dia 26 de dezembro passado, um empresário da cidade, após consumir cocaína, atirou em uma menor e em seguida se suicidou. No dia 4 de janeiro, em uma tentativa de assalto, um suspeito foi morto e outro baleado. Quatro dias depois, um corpo não identificado foi encontrado na praia de Manibu, em Icapuí-Ce, Município que faz fronteira com Tibau. Note-se que duas dessas ocorrências aconteceram fora das cercanias da cidade praieira.
Todavia a praia de Tibau continua a ser um dos cartões postais por excelência do turismo potiguar. Ainda restou alguma coisa dos morros de areias coloridas, tem a pedra do chapéu, próxima à fronteira do Estado com o Ceará, e as falésias, com abrupta queda para o mar. Ainda dá para se deitar em uma rede e dormir ao som do marulhar das ondas e do embalo do vento que vem lá do alto mar-atlântico.
quinta-feira, 5 de março de 2015
domingo, 1 de março de 2015
DO QUOTIDIANO EU FAÇO CRÔNICAS – POR EDUARDO GOSSON (*)
JACINTO, UM HOMEM BOM
Para quem não sabe Jacinto é o meu barbeiro ou melhor dizendo o nosso barbeiro. Ele mora e corta cabelo lá na Rua Juvino Barreto, próximo ao restaurante do SESC, quase no lugar onde viveu o poeta Antonio Pinto de Medeiros. Jacinto tem uma particularidade que o distingue: ele corta os cabelos dos nossos homens de letras e a sua cadeira é mais disputada do que as da Academia Norte –Rio-Grandense de Letras. Na barbearia do seu Jacinto funciona uma pequena biblioteca de autores potiguares, sem burocracia. Vejamos os escritores que ajeitam o seu visual com Jacinto: Deífilo Gurgel (in memoriam). Tem vários livros autografados pelo nosso poeta e folclorista; Moacyr Cirne (in memoriam) foi uma indicação minha. Encontrei-me com o papa do Poema-Processo em plena Avenida Rio Branco e este me disse que gostaria de cortar o cabelo e aparar a barba com um barbeiro tradicional. Foi e gostou. Nunca mais deixou de ir; Eduardo Gosson, Ubiratan Queiroz, irmão da cineasta Jussara Queiroz, entre outros.
Mas o que mais chama atenção em seu Jacinto são três elementos: simplicidade, humildade e bondade. Quando vou até lá cortar os poucos cabelos que restam não dá mais vontade de ir embora. Seu Jacinto ao contrário do poema de Luís Carlos Guimarães não é necessariamente funcionário publico, mas tem mulher, filhos (o3) e (05) cinco netos. E também não mora no Edifício Flor das Laranjeiras; seu Jacinto mora em nosso coração!
Viva o povo brasileiro!
(*)Eduardo Gosson é poeta. Presidiu a União Brasileira de Escritores – UBE (2008-2013)
domingo, 22 de fevereiro de 2015
POEMA PARA THIAGO GOSSON - EDUARDO ANTONIO GOSSON
Após o retorno antecipado
do seu irmão para casa do Pai Celestial,
veio-me a sensação de estar
no deserto e, após atravessar todo o Saara,
vejo que esta travessia
está mais longa do que a do povo judeu
quando partiu em busca de Canaã
uero que me ajude nessa estrada,
Agora que tenho a certeza de que sou pai
De um filho único - você
Por acreditar na Promessa,
deposito em você um imenso amor de pai/de avô/de amigo.
Permita-me que eu seja feliz com você ao meu lado.
(Eduardo Gosson)
terça-feira, 17 de fevereiro de 2015
A INDONÉSIA EXECUTARÁ MAIS UM BRASILEIRO - POR EDUARDO ANTONIO GOSSON
COMBATE ÀS TREVAS – 40
Por Eduardo Gosson(*)
INDONÉSIA EXECUTARÁ MAIS UM BRASILEIRO
“Eu me emocionei quando eu vi essa mensagem. Minhas lágrimas caindo de tristeza. Descanse em paz meu pai que eu tanto amo."
Hulimase Maria Rodrigues Gosson, filha de Fausto Gosson, 09 anos de idade, em 10.02.2015, ao ler o poema FAUSTO - II
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A Indonésia tem mostrado ao mundo a seriedade de suas leis penais. Traficante lá vai para debaixo do chão. Aqui, ao abordar o problema na coluna que mantenho na INTERNET com o título COMBATE ÀS TREVAS, colecionei muitos desafetos. Veja o que pensam alguns intelectuais “progressistas”, defensores dos direitos humanos. Para o potiguar Marcos Silva, professor da USP, em comentário no Facebook:
“ Compreendo e respeito sua dor de pai. Sou totalmente contra o lema sobre lugar de traficante é debaixo do chão, que é fora da lei em qualquer governo de qualquer partido sob a constituição em vigor no Brasil. Tráfico é crime, lugar de traficante é na prisão. Traficante é fora da lei. Quem mata traficante é fora da lei. Sem lei, é barbárie, nazismo e guetos. O ensino de Direito foi inaugurado no Brasil, em Olinda e São Paulo, ainda que tardiamente, em 1827”
Ora, o sistema penitenciário brasileiro não garante que nós, cidadãos, estejamos seguros. O traficante que matou meu filho de overdose do pó da morte (cocaína) subornou um agente penitenciário para facilitar a entrada de um celular. De dentro da prisão, comandava os seus negócios até ser morto faz uns quinze dias por outro rival. Fernandinho beira-mar a cada seis meses é transferido de um estado para outro porque não temos prisões seguras. O custo é alto uma vez que é mobilizado agentes, combustível, entre outras medidas.
Não advogo o cidadão sair matando por aí. Essa missão cabe ao Estado, após o devido processo legal. O que foi executado no começo do ano - Marco Archer- teve 10 anos para se defender. Todas as garantias constitucionais foram-lhe asseguradas
Autoridades da Indonésia informaram que oito condenados à morte por tráfico de drogas, dentre eles o brasileiro Rodrigo Gularte, serão transferidos para uma prisão numa ilha, onde serão executados, apesar dos apelos internacionais.
Dentre os condenados estão também os australianos Andrew Chan e Myuran Sukumaran, além de homens da Indonésia, França, Gana e Nigéria e de uma mulher filipina. Segundo o governo indonésio, todos já esgotaram as opções legais e serão levados de suas celas na ilha de Bali para a prisão insular de Nusa Kambangan, ainda nesta semana.
A data das execuções não foi anunciada. Os condenados serão executados por pelotões de fuzilamento e serão alvejados em pares.
Especialistas em direitos humanos expressaram suas preocupações em relatórios que indicam que o julgamento de alguns dos réus não atendeu padrões internacionais de imparcialidade.
A
Autoridades da Indonésia informaram que oito condenados à morte por tráfico de drogas, dentre eles o brasileiros Rodrigo Gularte, serão transferidos para uma prisão numa ilha, onde serão executados, apesar dos apelos internacionais.
Dentre os condenados estão também os australianos Andrew Chan e Myuran Sukumaran, além de homens da Indonésia, França, Gana e Nigéria e de uma mulher filipina. Segundo o governo indonésio, todos já esgotaram as opções legais e serão levados de suas celas na ilha de Bali para a prisão insular de Nusa Kambangan, ainda nesta semana.Governo do Brasil pede que brasileiro condenado à morte na Indonésia seja hospitalizado
A data das execuções não foi anunciada. Os condenados serão executados por pelotões de fuzilamento e serão alvejados em pares.
Especialistas em direitos humanos expressaram suas preocupações em relatórios que indicam que o julgamento de alguns dos réus não atendeu padrões internacionais de imparcialidade.
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(*) Escritor, presidiu a UBE-RN de 2008-2013
domingo, 15 de fevereiro de 2015
COMBATE ÀS TREVAS - 37 - POR EDUARDO GOSSON.
COMBATE ÀS TREVAS - 37
Por Eduardo Gosson
Veja a que ponto chegou a degradação e inversão de valores na sociedade brasileira. Pinçando o noticiário, o amigo e confrade RUBENS AZEVEDO encontrou esta notícia e nos enviou.
Essa semana, soube da morte do traficante que matou o meu filho FAUSTO. Foi assassinado na cadeia por traficante rival. Já vai tarde, bandido! Um verme a menos a propagar o Mal. Durante muitos anos acreditei que eram vítimas do sistema. Hoje, não! Como tudo está em perpétua mudança nos ensina a dialética marxista, precisamos rever alguns conceitos.
Ser traficante é uma questão de livre arbítrio.
HOMENAGEM A TRAFICANTE “O traficante MARCO ARCHER conhecia a lei da Indonésia onde viveu por 15 anos, em Bali, traficando para turistas estrangeiros. É incompreensível a homenagem que pretendem prestar-lhe. O traficante, que segundo o prefeito carioca contribuiu muito para o progresso da humanidade (*) e que, segundo a presidente, foi um exemplo de civilidade e respeito (*), nunca foi pai de família e era viciado (como o irmão que morreu de overdose). Além de viciado, traficante. Grande exemplo para os brasileiros! Dentro de tais critérios, que tal estátuas, de corpo inteiro, do Fernandinho Beira-mar e do Marcola, um na Cinelândia e outro no Viaduto do Chá? E a gente pensava que já tinha visto tudo....
O forte calor dos últimos dias está fazendo mal aos miolos do Prefeito carioca e da Presidente. Marco Archer, executado na Indonésia no dia 17 de janeiro por tráfico de drogas, será homenageado com a inauguração de um busto seu na estação Pavuna da Linha 2 do Metrô carioca. Em 2003 Marco foi pego com 13,4 quilos de cocaína escondidos dentro dos tubos de sua asa delta. Ele morou na ilha indonésia de Bali por 15 anos e falava bem a língua bahasa. Marco ainda tentou fugir do flagrante. Mas acabou recapturado 15 dias depois, quando tentava escapar para o Timor Leste. Foi processado, condenado, se disse arrependido. Pediu clemência através de Lula, Dilma, Anistia Internacional e até do papa Francisco, sem sucesso. Agora o traficante será “merecidamente” homenageado pela prefeitura do Rio de Janeiro e ganhará um busto como forma de reconhecimento pois representaria os cidadãos cariocas. O prefeito Eduardo Paes diz que tem apoio da presidente Dilma Rousseff e que esta estará presente na solenidade. Ele disse: “A morte de Marco representa a luta não só do povo carioca por um mundo mais justo, mas sim de todo o povo brasileiro, daí a importância de se preservar a imagem dessa pessoa que contribuiu muito para o progresso da humanidade (*). E a presidente também falou: “A homenagem faz parte de uns dos projetos da Pátria Educadora. É preciso mostrar para o povo brasileiro o quão é atrasada a pena de morte em qualquer lugar que seja. Marco era pai de família e devemos estar sensibilizados por ela. Espero que quando as pessoas virem o busto de Marco olhem e lembrem o exemplo de civilidade e respeito que ele quis nos transmitir” (*). (*) Quantos jovens ele ajudou a viciar e, óbvio, a morrer, é irrelevante??? Fim dos tempos, meeeesmo! A Nação está apodrecendo (ou já apodreceu?)! Por que será que um traficante será homenageado por 2 das maiores autoridades do País? Será que, para quem foi eleito para governar este País e o Rio de Janeiro, traficante é companheiro importante?”.
--------------------------------------------------------------------------------DIGA NÃO ÀS DROGAS! LUGAR DE TRAFICANTE É DEBAIXO DO CHÃO
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015
CASA VAZIA (PARA CARLOS COSTA FILHO) - POR EDUARDO GOSSON
Com o início de sua aula em tempo integral, uma sensação de vazio invadiu o apartamento, ocupou sua cama e estou sentindo a falta de sua presença adolescente, rebelde...Na hora do almoço, mudava o canal da TV para assistir ao seu programa de esportes favorito. Você conhece muitas coisas sobre esportes porque procura na internet e, algumas vezes, me surpreende com perguntas que não sei responder-lhe. Eu, porém, acumulei sabedorias da vida e conhecimentos adquiridos em livros que estudei!
Na minha época de adolescente de 17 anos não existia internet, televisão de LED, celular ou qualquer outra tecnologia. Lia-se tudo em livros nas Bibliotecas Pública do Estado ou na do SESC da Rua Henrique Martins, as quais frequentava com frequência. Na do SESC, onde almoçava e jantava, a usava para ler e descansar após o almoço em bandejões, aproveitando para atualizar minhas áreas de interesse: a literatura. Procurava sempre livros de poesias ou crônicas e me surpreendi uma lendo um poema do falecido ator Cláudio Cavalcante, que protagonizou a novela Global IRMÃOS CORAGENS, do início da década de 70, e outras novelas que fez depois. Eu era fã do ator e até deixei o cabelo crescer porque o dele era pouco grande, mas liso; o meu, cacheado, mas passei treze anos sem cortá-los junto com a barba. Recortava fotos de Cláudio Cavalcante em revistas e as colava com cola Polar em livros escolares, na porta do guarda-roupa, que dividia com meu irmão Nilberto Costa. Cláudio Cavalcante era meu ídolo de adolescente, mas não me pergunte a razão que não saberei lhe explicar, só sei que eu era fã dele e pronto, como dizem os adolescentes, sem dar muitas explicações.
Agora, ando pelo corredor de nosso apartamento, passo pela pota de seu quarto, olho para dentro e sinto falta de você. Sua cama está sempre arrumada para quando você voltar cansado e extenuado de sua aula. Depois, entro na suíte e olho pela janela, uma grande piscina azul cheia de cloro, com pessoas se divertindo. Muitas vezes, em suas férias, frequentava-a também. Colocava uma toalha no ombro dizia: “pai, vou para a piscina” e ainda tenho a ilusão de que você ainda possa estar nela, conversando com alguma garota de sua idade, mas não o vejo e noto que estou sozinho com minha solidão e sentindo falta de você. É...meu filho, nunca pensei que sentiria falta de suas agressividades momentâneas de um adolescente rebelde sem causas. Mas sinto, sim!
Sinto falta de você almoçando na mesa, de você gritando que sou um doido, de você pedindo cinco minutinhos para continuar dormindo, depois de uns 6 meses de aula, ou nos primeiros dias de aula, acordando cedo, sozinho e chamando sua mãe às 6 hs da manhã, para levá-lo à escola, apontando no relógio e dizendo “estou atrasado”. Depois de uns seis meses de aula, as coisas se invertem e passa a ser sua mãe lhe dizendo que está atrasada e você continua dormindo pedindo, cinco minutos para continuar dormindo, passando dos cinco para trinta minutos de dormida, só para irritar sua mãe que fica nervosa e lhe chamando. Agora, com novo local de sua escola em tempo integral, no centro de Manaus, esse prazo para continuar dormindo, ficará impossível! Esse é o último ano de sua formação e não poderá descuidar porque, aos seus 17 anos, terá que decidir por uma profissão para o resto da vida ou mudar depois de ingressar em qualquer na Faculdade. Meu filho, você viverá ou já está vivendo um drama que também passei: que profissão escolher? Na minha época de adolescência, como comecei muito cedo a trabalhar e ter responsabilidade vendendo jornais, ganhei gosto pelo jornalismo. Identifiquei-me e segui a opção tranquilamente. Mas para aliviar seu drama de ter que optar por alguma profissão lhe contarei um segredo: meu pai adotivo, Theomário Pinto da Costa médico por vocação, pediu-me que seguisse a carreira de medicina. Mas o enganei e segui comunicação porque desde meus 14 anos quando escrevia inocentes versos para me tornar popular com as garotas do Grupo Escolar Adalberto Vale e os publicava no jornal interno “O Pirilampo” para vencer minha grande timidez. Depois de ouvir minha explicação maluca que criei na hora, o Dr. Theomário, ele olhou para mim e perguntou: “Mas você não disse que havia feito para Medicina! Como é que passou para Comunicação Social? Eu o apoiarei no que precisar, mesmo assim!” Não precisei porque voltei para a casa de meus pais biológicos e eles ficaram orgulhosos porque fui o primeiro dos 9 irmãos que compunham a família biológica, a cursar uma Faculdade, aos 18 anos. Depois, outros seguiram o caminho, inclusive o Nilberto, que é formado em duas faculdades e o Roberto Costa, que cursou Contabilidade e hoje faz meu Imposto de Renda! Passei a ter horror de sangue desde que meu pai adotivo passou a levar-me para a Faculdade de Medicina onde era professor e me deixava com seus alunos. Por isso, decidi não fazer medicina!
Mas meu filho, estou escrevendo isso para dizer que você pode seguir o caminho que quiser, fazer o curso que quiser, porque o importante e que seja feliz e faça tudo com respeito, ética e responsabilidade, em qualquer que seja a profissão que venha a escolher. Mas, não esqueça do exemplo de seu pai - jornalista e assistente social - e de seu avô materno, advogado Francisco Guedes de Queiroz, mas que dedicou a vida à política, sua grande paixão. Faleceu pobre depois de 26 anos de mandato parlamentar e a casa que residira até sua morte em uma cirurgia cardíaca em São Paulo, foi quitada com o seguro habitacional.
Siga os exemplos, meu filho e seja feliz. Eu e sua mãe Yara Queiroz, sentimos sua falta, percebemos que o apartamento ficou vazio sem sua presença, mas vai será bom para você., no futuro: suportaremos porque um ano passa rápido demais para nós, que já dobramos o “cabo da boa esperança”; talvez para você, estudando o dia todo, demore uma eternidade! Ah, como você nos faz falta, mas sabemos que amanhã você será feliz com a carreira que escolher livremente. Se for direito ou outra qualquer, o importante é que se dedique e cumpra eticamente suas atividades, porque o mercado exclui os profissionais incompetentes, selecionando apenas os bons. É isso que desejamos para você, filho nosso!. Mas se for para seu bem, seu futuro e sua felicidade, aguentaremos o silêncio em que se tornou nosso apartamento, com seu quarto vazio das 6 horas até as 18:30 horas, quando você volta da aula. Faremos tudo para que você seja feliz, mesmo eu participando pouco de sua vida há pelo menos 9 anos, dos quais pelo menos sete sendo submetidos a cirurgias e ficando até 90 dias dentro de hospitais, internado. Seja feliz, meu filho, mesmo com a casa vazia. Um dia ela ficará cheia de seus colegas da faculdade de novo e isso é o que desejamos para você.
terça-feira, 10 de fevereiro de 2015
FAUSTO II - POEMA DE EDUARDO ANTONIO GOSSON.
FAUSTO GOSSON
FAUSTO – II
Acordar
A cada manhã
E não te ver, meu filho,
Dói mais do que o
Retrato na parede
Do poeta Carlos Drummond
Acordar
A cada manhã
E não te ver, filho meu,
Faz com que os dias
Tornem-se lentos
Acordar
A cada manhã
E não te ver, filho meu,
Faz do tempo
Uma ilusão
Agora repito as últimas palavras
Que de te ouvi:
“-Eu queria dormi eternamente”
(Eduardo Gosson)
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